Ciúme narcisista em um relacionamento
O ciúme no contexto de um relacionamento amoroso é um sentimento complexo associado a paixões e afetos, mas que também pode envolver ego e poder. O ciúme narcisista é uma das suas muitas variedades. Esta variante é caracterizada pela sua ênfase no “eu”.
O vínculo de casal não costuma ter nenhuma garantia, a menos que haja um acordo ou um interesse estabelecido de forma específica. Na maioria dos casos, o relacionamento não é assim e, por isso, depende de muitas variáveis, às vezes aleatórias. Por isso, sempre existe a possibilidade de terminar e não é incomum que um terceiro dê o golpe final.
É óbvio que quem está apaixonado não quer perder seu parceiro e, eventualmente, pode sentir que um terceiro ameaça a relação. Em condições normais, é aí que surge o ciúme. O ciúme é uma manifestação de resistência e insegurança. No entanto, nem sempre as coisas acontecem assim. Às vezes, há algo mais por trás desse sentimento.
“O ciúme, como as fronteiras, aparece para justificar um domínio sobre o que nunca se possuiu.”
-Adrián Triglia-
O ciúme narcisista
Até agora descrevemos uma situação de ciúme “normal” e motivado. O ciúme narcisista é outra coisa… nesse caso, o que prevalece não é o medo de perder alguém que se ama, e sim a frustração de ser substituído por um terceiro.
Quem vive o ciúme narcisista sofre muito, mas não pela perda do ser amado, e sim pela ferida em seu ego. Frequentemente, é difícil distinguir entre si mesmo e o outro. Mais do que se doer porque o outro tomou seus afetos, essas pessoas são atormentadas pelo medo de se sentirem perdedoras. Nesse sentido, percebe-se claramente a abordagem da relação a partir de uma perspectiva de poder.
É claro que a infidelidade inflige uma ferida narcisista, especialmente pela mentira que costuma envolver. No entanto, em condições normais, gera um sofrimento que inclui raiva e ressentimento, mas com o qual, no fim, é possível lidar. Seja porque a relação se dá por terminada ou porque o casal encontra uma forma de diálogo e resolução.
No ciúme narcisista, isso não acontece. Quem experimenta essa sensação não vai descansar até fazer o outro “pagar” pela ofensa causada. Essas pessoas se sentirão no direito de ferir emocionalmente aquele que lhes causou humilhação, e às vezes até farão isso fisicamente. Não permitirão que o outro “saia bem” sem pagar um preço alto pela situação.
Amar ou ser amado por um narcisista
O narcisista não é uma má pessoa per se, e sim alguém que precisa de ajuda. O ruim é que eles raramente admitem isso e, então, a resolução de conflitos é muito complicada. Além disso, confundem as pessoas. Eventualmente, mostram-se solidárias e protetoras, além de encantadoras. Em troca, “só” pedem adoração total.
O ciúme narcisista é próprio de pessoas com uma fratura fundamental e importantíssima em seu ego. Elas se sentem carentes, mas compensam isso supervalorizando a si mesmas. O problema é que não percebem isso, pois tudo acontece de forma inconsciente.
Essa fratura torna o ciúme uma marca registrada da sua personalidade. Elas não precisam de um terceiro à espreita para exibir suas suspeitas e sua desconfiança. Além disso, também são ciumentas com as conquistas e êxitos de seus parceiros. Querem que você sempre esteja abaixo ou que, pelo menos, nada em sua vida seja mais importante do que eles.
Provocar ciúme
O ciúme narcisista também tem outra face. É muito frequente que as pessoas com essa estrutura de caráter também desejem tornar seu parceiro ciumento. Por isso, não é raro que flertem na frente de seus parceiros ou que sejam infiéis e deixem pistas evidentes para serem “descobertos”.
Ao gerar ciúme em seus parceiros, conseguem algo necessário: torná-los inseguros. Dessa forma, a desconfiança, com motivo, provavelmente fará com que os parceiros foquem mais sua atenção neles, e eles adoram isso.
É muito comum que quem sente ciúme narcisista provoque ciúme nos outros. É um típico “fazer o que não querem que façam comigo”, adiantando-se a uma possível ferida em seu ego. Também estão tentando provar, de uma vez por todas, que possuem o controle sobre seu parceiro.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
Pozueco, J. M., & Moreno, J. M. (2013). Psicopatía, maquiavelismo, narcisismo y maltrato psicológico. Boletín de Psicología, 107, 91-111.