Clever Hans, o cavalo que fazia operações matemáticas

Clever Hans foi um cavalo considerado talentoso no início do século XX. Aparentemente, ele tinha uma memória e inteligência prodigiosas. O estudo do seu caso levou ao descobrimento de um viés na pesquisa científica. Continue lendo para saber mais!
Clever Hans, o cavalo que fazia operações matemáticas
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 27 maio, 2021

Clever Hans, conhecido em português como “ Hans Esperto”, foi um famoso cavalo que impressionou a sociedade alemã no início do século XX. Esse animal fazia um grande número de apresentações públicas onde as pessoas lhe pediam para fazer operações matemáticas, além de outros tipos de cálculos. O fato mais interessante de tudo isso é que o cavalo sempre acertava.

A fama de Clever Hans se espalhou além das fronteiras da Alemanha, fazendo muitas pessoas em diferentes partes do planeta falarem sobre ele sem parar. Todos ficavam fascinados com aquele cavalo, que respondia às perguntas levantando a perna e a batendo no chão.

O cavalo se tornou tão popular que várias músicas foram compostas em sua homenagem. Também foram feitos brinquedos à imagem e semelhança de Clever Hans, que se tornou um herói para as crianças. Além disso, foi criado um licor com o seu nome. Essa complexa história foi decifrada, e é por isso que hoje existe um viés  conhecido como “efeito Clever Hans”.

“Um sutil pensamento errôneo pode dar lugar a uma indagação frutífera que revela verdades de grande valor.”
-Isaac Asimov-

A origem da história de Clever Hans

A origem da história de Clever Hans

Tudo começou no verão de 1904, em uma pequena casa de campo localizada ao norte de Berlim, na Alemanha. Naquele lugar, começou a se espelhar um boato. Basicamente, um professor aposentado chamado Wilhelm von Osten tinha um cavalo que era mais inteligente do que muitos humanos. Para provar isso, ele fazia periodicamente um espetáculo em que o cavalo, além de trotar com grande graça, também fazia contas. Ele contava pessoas, falava as horas e até havia memorizado o calendário anual.

Centenas de pessoas atestaram as habilidades de Clever Hans, o cavalo inteligente. Como ele não podia falar, respondia às perguntas  batendo com a pata no chão ou inclinando ou balançando a cabeça de um lado para o outro.

Quando seu dono era questionado sobre a origem das habilidades do cavalo, ele respondia dizendo que o havia criado como um de seus antigos alunos. Ele também dizia ter lhe dado aulas com um quadro-negro e ensinado a contar com um ábaco. Ele ainda havia ensinado o animal a ler e estava ensinando música com uma gaita.

A suspeita crescia

Embora algumas pessoas dessem crédito ao velho mestre, alguns cientistas não acreditavam na notável inteligência de Clever Hans. O animal despertou tanto interesse que professores da Universidade de Berlim formaram a “Comissão Hans” para estudar o fenômeno.

Especialistas viajaram para a casa de campo e testemunharam em primeira mão como as habilidades do animal realmente eram. Eles então assinaram uma carta, que incluía 13 rubricas, atestando as habilidades do cavalo e certificando que o professor não havia lhe dado nenhuma indicação especial que pudesse significar uma trapaça.

Wilhelm von Osten disse a eles que havia usado um método de ensino de um pequeno grupo étnico nômade conhecido como cói, que viveu na África. Todos ficaram maravilhados. Inclusive, um pedagogo experiente chegou a dizer que Clever Hans tinha a inteligência de um menino de 13 ou 14 anos.

Clever Hans foi um cavalo considerado superdotado

Uma investigação aprofundada

O psicólogo Carl Stumpf decidiu que valia a pena estudar cientificamente o fenômeno.Então, ele pediu a seu aluno Oskar Pfungst que examinasse em profundidade as habilidades do cavalo. O aluno fez pessoalmente os testes e, quase por acidente, percebeu que se ele olhasse para os números, Clever acertava, mas se ele não olhasse, o cavalo errava.

Da mesma forma, quando a soma era sussurrada em seu ouvido, o cavalo não conseguia fazer a operação. Pfungst suspeitou que Clever Hans estava captando algum sinal do ambiente e era assim que ele chegava às respostas corretas das operações matemáticas. Posteriormente, através de outros experimentos, o aluno descobriu que Hans era capaz de “ler” a atitude dos humanos, que era como ele sempre conseguia acertar.

Os interrogadores emitiam pequenos sinais corporais. Eles olhavam para suas patas enquanto esperavam que ele começasse a contar e então se curvavam quando ele dava a resposta correta. Basicamente, a postura e a expressão do questionador mudavam, e o cavalo sabia que esses eram os sinais para parar de chutar o chão.

Em conclusão, se tratava de um caso de condicionamento. Além disso, essa pesquisa revelou como a presença do pesquisador pode condicionar as respostas do pesquisado. Hoje, esse viés na experimentação é conhecido como efeito Clever Hans, em memória desse belo animal.


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  • LA COMUNICACION, N. V. (1980). al campo de la comunicación no verbal. La inteligencia de Hans no residia en su capacidad para verbalizar o comprender.


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