Como escolher os programas infantis certos para seus filhos

Alguns programas infantis podem afetar o desenvolvimento cognitivo, o comportamento e as emoções das crianças. Descubra como selecionar opções apropriadas para elas.
Como escolher os programas infantis certos para seus filhos
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 08 agosto, 2023

Nossos filhos são nativos digitais. Chegam diretamente a um mundo em que a tecnologia é protagonista, em que as telas e a Internet se tornaram parte da arte de viver. Portanto, mantê-los longe de dispositivos eletrônicos nem sempre é possível ou benéfico. Por outro lado, é fundamental saber escolher os programas infantis adequados.

Tenhamos em mente que o conteúdo audiovisual ao qual expomos as crianças tem um grande impacto na mente da criança. Por sua estrutura, eles moldam e afetam as conexões cerebrais e o processamento sensorial. Pelo seu conteúdo, moldam valores, atitudes e comportamentos naqueles pequenos que ainda são uma folha em branco.

Então, como podemos saber quais títulos são os mais recomendados? Exploramos a resposta abaixo.

crianças assistindo tv

A importância de escolher programas infantis adequados

Normalmente, temos a noção de que telas e dispositivos tecnológicos não são especialmente recomendados para crianças. No entanto, a maioria dos pequenos tem contato precoce com a tecnologia. Para alguns pais apressados, com pouco tempo e várias obrigações a cumprir, um jogo para celular ou uma série no tablet podem ser verdadeiros salva-vidas para entreter seus filhos.

Além disso, como nativos digitais, as crianças se sentem muito à vontade com as telas e gostam muito delas. Assim, elas aprendem e aprimoram suas habilidades enquanto assistem a uma de suas séries favoritas. No entanto, existem certos parâmetros que devemos considerar a esse respeito, ou seja, nem toda exposição a conteúdo multimídia é benéfica aos pequenos.

Sem telas antes de dois anos

Um primeiro ponto a considerar é que crianças menores de dois anos não devem ser expostas a telas. Essa é uma recomendação apoiada por vários especialistas e associações depois de investigar os efeitos que tal exposição tem no desenvolvimento infantil.

Tenhamos em mente que nessas primeiras fases da vida o cérebro da criança é muito subdesenvolvido e é aqui que ela experimentará mudanças importantes de volume, estrutura e conectividade neuronal. Para que isso aconteça e esse período crítico passe com sucesso, o bebê precisa interagir com o ambiente real, movimentar-se, manipular objetos e, principalmente, interagir com seus cuidadores e ser estimulado por eles.

As telas não só atrapalham a realização dessas atividades essenciais, consumindo tempo, como também geram uma série de problemas e consequências a longo prazo. Por exemplo:

  • Problemas de atenção e aumento do risco de sintomas de TDAH.
  • Atrasos cognitivos e de linguagem.
  • Aumento da impulsividade e dificuldade em controlar os impulsos.
  • Distúrbios do sono.
  • Estados de excitação permanente.
  • Dificuldades no desenvolvimento da empatia e na capacidade de captar sinais não verbais.

Por tudo isso, durante esses primeiros anos, é melhor limitar ao máximo a exposição das crianças às telas.

Escolhendo programas infantis adequados

A partir dos dois anos, é possível incorporar certos entretenimentos audiovisuais, mas também de forma limitada. Estes não devem ocupar mais de uma hora por dia no caso de crianças menores de cinco anos e, além disso, devem ser conteúdos educativos e de qualidade.

Mas o que isso significa? Bem, existem vários parâmetros a serem observados ao escolher programas infantis adequados. Por exemplo, a apresentação das imagens, a seleção dos planos, o ritmo narrativo ou a música de fundo.

Existem certos programas infantis (como o famoso Cocomelon) que são especialmente viciantes para as crianças. São aqueles que parecem hipnotizá-las, que conseguem prender totalmente sua atenção e mantê-las olhando para a tela por horas. Isso é conseguido justamente porque elas estão sendo hiperestimuladas.

Essas séries infantis usam durações de cena muito curtas, mudanças rápidas de tomada e luzes e sons muito marcantes e simultâneos. Assim, a atenção das crianças é captada através do córtex sensorial e não do córtex pré-frontal, de modo que suas habilidades executivas são afetadas negativamente. De fato, está comprovado que 10 minutos de exposição são suficientes para perceber os diferentes efeitos causados por um programa instrucional adequado e por outro de ritmo acelerado.

Quais valores queremos incutir?

Por outro lado, também é importante rever o conteúdo dos programas infantis, a linguagem que utilizam e os valores que transmitem. É essencial que as séries infantis transmitam valores universalmente aceitos, como a importância da família, da solidariedade, da honestidade, do esforço ou do respeito às diferenças.

No entanto, também seria importante que a narração não se limitasse às ações específicas dos personagens, mas também enfatizasse a reflexão antes e depois. Ou seja, que ensinasse as crianças a antecipar e enfrentar as consequências. Essas recomendações decorrem de um estudo realizado pelo Colégio de Pedagogos da Catalunha, que analisa algumas das principais séries infantis e os valores associados. Assim, embora alguns programas como A Abelha Maya ou Patrulha Canina incentivem o altruísmo e o companheirismo, outros não são tão positivos.

Por exemplo, em Pocoyo detecta-se uma certa solidão do protagonista porque não aparece a figura da família. Peppa Pig, por sua vez, modela um personagem instável, uma atitude teimosa e pouco controle emocional. Para as crianças, seus desenhos animados favoritos costumam ser um exemplo a seguir, o que pode afetar sua capacidade de se relacionar com colegas e professores, pois nem sempre esses são os melhores modelos.

família assistindo tv

Escolha programas infantis apropriados e assista em família

Assim, uma última recomendação a considerar é a importância de acompanhar as crianças enquanto elas assistem a esses programas infantis. Se os adultos estiverem presentes, eles podem iniciar um diálogo sobre o que está sendo visto, orientar, tirar dúvidas, convidar a criança a refletir e pensar criticamente.

Isso não apenas fortalece o vínculo entre pais e filhos, mas também torna a experiência de assistir ao programa muito mais educativa e enriquecedora. É também uma forma de evitar que comportamentos ou atitudes inadequadas mostradas nas telas sejam diretamente assumidas pelas crianças como próprias. Em suma, a escolha de programas infantis adequados é decisiva para o desenvolvimento cerebral, emocional e social das crianças. Portanto, é uma tarefa que não devemos ignorar.


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