Comportamentos destrutivos em um relacionamento

Quais são os comportamentos mais destrutivos nos relacionamentos? Neste artigo, vamos analisar alguns dos mais relevantes.
Comportamentos destrutivos em um relacionamento
Alicia Escaño Hidalgo

Escrito e verificado por a psicóloga Alicia Escaño Hidalgo.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O relacionamento é um vínculo entre duas pessoas que precisa ser cultivado e trabalhado todos os dias. Representa uma convivência diária e, como tal, é passível de ser envolvido em diferentes conflitos e discrepâncias. Se os membros do casal não agirem com amor e respeito um para com o outro a fim de resolver esses conflitos, é muito possível que a relação acabe murchando. Veja quais são os principais comportamentos destrutivos em um relacionamento a seguir.

O Dr. John Gottman é um dos pioneiros no estudo das relações amorosas. Depois de estudar casais durante vários anos, hoje em dia ele pode afirmar que existem certos comportamentos destrutivos ou atitudes que são bons indicadores de fracasso.

Por outro lado, também há casais que funcionam muito bem assim. Novamente, isso tem a ver com uma série de ingredientes comuns que preveem a continuidade do casal no tempo, assim como seu bem-estar.

Em todo caso, os ingredientes que nunca deveriam faltar em uma relação, seja do tipo que for, são o respeito, o afeto, a confiança e a comunicação.

Se fizermos parte de um casal no qual esses ingredientes estão presentes, provavelmente apreciaremos a relação, independentemente das discussões ou dos conflitos que possam surgir.

Se, pelo contrário, notarmos que há algum ou alguns elementos ausentes, seria necessário que o casal tentasse trabalhar nesse ponto.

“O amor é uma atividade, não um efeito passivo. É um estar continuado, não um arranque súbito.”
-Erich Fromm-

Casal feliz abraçado

Comportamentos destrutivos no relacionamento

Como já comentamos, existem certos comportamentos nos relacionamentos que preveem o seu fracasso.

Neste artigo, vamos destacar aqueles que parecem ser mais relevantes e que atacam diretamente os pilares básicos de sustentação de qualquer relação saudável: respeito, afeto, confiança e comunicação.

  • O desprezo. Desprezar o outro significa colocá-lo em uma posição inferior em relação a nós. Pode envolver outros comportamentos, como humilhar, fazer críticas destrutivas ou que não trazem contribuições para a outra pessoa, ou ainda insultar diretamente e faltar com o respeito. Evidentemente, quando alguém nos despreza e isso é algo que se repete de forma recorrente na relação, significa que essa pessoa não gosta de nós. Nesse caso, é importante repensar se, de fato, compensa continuar com essa relação.
  • Ignorar. É um dos comportamentos mais destrutivos que existem. Ignorar a outra pessoa quando há algum conflito ou alguma discussão é esquecer que essa pessoa tem necessidades de comunicação, expressão, apoio etc. A pessoa ignorada pode se sentir extremamente humilhada. E o que costuma acontecer a longo prazo é que isso acaba deixando a autoestima em farrapos. Assim, a pessoa acaba acreditando que não merece a atenção do outro ou que fez algo errado.
  • Anular o outro. Se estivermos em uma relação na qual a outra pessoa nos diz como teríamos que ser, pelo que deveríamos nos interessar, quais amigos deveríamos ter, etc., estamos sendo anulados. Quando uma pessoa ama a outra, ela a aceita do jeito que é, de forma incondicional. Supõe-se que goste dela exatamente da forma como ela é. No momento em que alguém espera que a outra pessoa mude, não a ama.
  • Codependência. Esse comportamento é importante. Existem pessoas que não são capazes de sair de um relacionamento porque sentem que precisam do(a) seu(sua) parceiro(a). Elas preferem aguentar as críticas, a anulação e a indiferença com o objetivo de não ficarem sozinhas. Da mesma forma, a pessoa sente que seu comportamento é reforçado porque o outro depende dela. Entramos, portanto, no terreno da codependência emocional, algo extremamente destrutivo que pode levar a consequências muito negativas para o casal.
  • Não se esforçar nunca. É verdade que precisamos ser sinceros no relacionamento e nos mostrar do jeito que somos, mas às vezes também é necessário ceder. Por exemplo, se nosso(a) parceiro(a) pede nossa companhia para ir a algum evento, mesmo que não quisermos muito, podemos fazer esse esforço. Do mesmo modo, é necessário que a pessoa nos corresponda em situações semelhantes. Nesse sentido, demonstramos com ações que amamos a outra pessoa e que, às vezes, não nos importamos em fazer sacrifícios.
Casal brigado

Por que aguentamos tanto tempo?

Às vezes, os casais suportam esses tipos de comportamentos destrutivos por muito tempo. É lógico que cometemos erros no relacionamento, e é saudável ser flexível e tolerante com o outro.

Precisamos entender que errar é humano. O problema surge quando é algo recorrente, que define o relacionamento. Pense em como você se desenharia com seu parceiro ou sua parceira. De mãos dadas? Beijando? Discutindo? A forma como você imaginar projeta, em grande medida, o que está presente em sua mente sobre o seu relacionamento.

Se estivermos conscientes, mesmo que minimamente, de que nosso relacionamento se tornou tóxico, é preciso pesar os prós e os contras e estar disposto a deixar ir.

Na maioria das vezes, temos tanta dificuldade de acabar com o relacionamento porque existe um medo generalizado da solidão. Pensamos na solidão de forma catastrófica, e não de maneira objetiva. Achamos que vamos ficar sozinhos quando, na verdade, estamos rodeados de pessoas. 

“Por que, em geral, fugimos da solidão? Porque pouquíssimas pessoas encontram companhia em si mesmas.”
-Carlo Dossi-

Por outro lado, existem certos pensamentos que tentam nos enganar para não abandonar a relação. Um pensamento comum é “Ele(a) vai mudar”. Outro pensamento muito característico é “Se terminarmos, com certeza ele(a) vai encontrar alguém melhor”.

É preciso tentar ignorar esses pensamentos. Na verdade, eles são fruto do nosso medo profundo do abandono ou da solidão e tentam “nos proteger”, mas produzem o efeito contrário. 

O mais sensato é parar de se autoenganar, observar todos os fatos de maneira objetiva, como se fôssemos um espectador do nosso próprio relacionamento, e tomar uma decisão firme.

Uma vez superado esse ponto – que é o mais complicado – teremos que estar dispostos a passar pelo túnel do luto e chegar renovados à aceitação. 


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  • Riso, W. ¿Amar o depender? Cómo superar el apego afectivo y hacer del amor una experiencia plena y saludable. Editorial Planeta/Zenith

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