Como superar o medo do abandono?

Como superar o medo do abandono?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Superar o medo do abandono e alcançar a autossuficiência emocional não é uma tarefa fácil. No entanto, ela pode ser feita no momento em que nos convencemos de algo: quão valiosos somos. Quão importantes, iluminados e fortes podemos ser sem a necessidade de depender de alguém. No momento em que somos capazes de nos dar o amor que merecemos, tudo muda.

Há pessoas que desde muito cedo tiveram que enfrentar uma das experiências mais difíceis: o abandono. No entanto, não nos referimos apenas ao fato de crescermos com a ausência de pais de referência. Às vezes, não há dor mais evidente do que a do abandono emocional.

Contar com pais presentes, mas eternamente ausentes, que em nenhum momento nutriram emocionalmente, nem formaram as bases sólidas e alicerces de um apego seguro e favorecedor.

A experiência precoce do abandono deixa marcas, assim como a impressão contínua de fracassos afetivos com os quais, pouco a pouco, a pessoa desenvolve uma sensação de vergonha, desamparo e angústia. A angústia de experimentar um sentimento de perda crônica e contínua.

Tudo isso ocorre a partir desse abandono que, de alguma forma, deixa em nossa mente mensagens ou ideias como a de que nunca seremos amados, a de que a solidão é nosso único refúgio e a de que ninguém é digno de confiança.

O abandono contínuo distorce a realidade e os nossos pensamentos. No entanto, há um fato que é necessário entender. Sentir medo de ser abandonado em algum momento por parte das pessoas que amamos cai dentro do compreensível (principalmente se já sofremos antes).

O patológico é ansiedade, é nos permitirmos ser invadidos por pensamentos obsessivos ligados à ideia permanente de que vamos ser abandonados repetidas vezes.

Sair desses estados é possível. Vejamos como.

“O medo é meu companheiro mais fiel, nunca me enganou para ficar com outra pessoa”.
-Woody Allen-

Medo do abandono

Medo do abandono, um medo primário

O medo do abandono é como uma prisão. É um espaço fechado e sufocante que boicota todas as nossas relações. No entanto, longe de nos torturarmos experimentando essa realidade, entender seus fundamentos pode nos ajudar a lidar muito melhor com essas situações.

Para começar, o medo do abandono é um medo primário. O que isso significa? Basicamente que, como espécie, nada é tão importante para o ser humano e seu desenvolvimento do que sentir, desde muito cedo, que contamos com algumas pessoas de referência para nos apoiar.

Pais ou figuras que nos dão uma afeição segura, uma sensação de segurança e confiança. Se isso não existe desde o nascimento e a fase inicial da infância, nosso cérebro sente um vazio abismal. É quando estamos mais vulneráveis a desenvolver certos transtornos de humor.

Por exemplo, o Journal of Youth and Adolescence publicou um estudo interessante realizado pelo departamento de Psicologia da Universidade do Estado do Arizona, que demonstrou algo semelhante. Pode-se ver que o medo do abandono aparece, sobretudo, em pessoas que sofreram a morte de um dos pais

No entanto, uma vez que aprendemos a enfrentar essa angústia original, assim que curamos essa ferida, tudo muda. No final, conseguimos sair dessa prisão habitada apenas por necessidades, vazios e feridas abertas para viver com maior integridade.

Como superar o medo do abandono

Como superar o medo do abandono

Vivenciar de maneira traumática um ou mais abandonos nos faz pensar que não somos valiosos. À baixa autoestima não é somado apenas o medo de que isso volte a ocorrer, a ansiedade também aparece e o fato de não sabermos como lidar com um nova relação.

No final, acabamos criando dinâmicas tóxicas nas quais precisamos em excesso da outra pessoa, perdemos a autenticidade em nossa ânsia de sermos amados, nutridos e validados em nossas carências.

O amor baseado de forma obsessiva na necessidade vive do sofrimento. Ninguém merece viver uma situação como essa e, portanto, é preciso aprender a superar o medo do abandono. Vejamos algumas estratégias para conseguir fazer isso.

Autossuficiência emocional para superar o medo do abandono

  • Aceite esse medo pelo que é: normal. Algo que é inato no ser humano, mas que no seu caso, foi intensificado por uma experiência passada. Os medos são naturais, mas o que não é aceitável é que eles tomem o controle de nossas vidas.
  • Para superar o medo do abandono, devemos ser 100% responsáveis ​​por nós mesmos. Ninguém tem que nos salvar, nossos parceiros não são obrigados a ser responsáveis ​​por nós ou ser nossos únicos fornecedores emocionais. O amor que realmente pode nos curar é o amor próprio. O amor incondicional por nós mesmos.
  • Precisamos mudar o diálogo interno. Fica proibido nos subestimarmos, não é mais permitido deixar espaço para essa angústia que nos traz pensamentos como o de que vamos ser abandonados novamente. Devemos fechar a passagem para a desconfiança em nosso parceiro, para o pensamento de que não nos querem, para o pensamento de que se fazem isso ou aquilo, é porque não importamos mais… uma mente tranquila vive melhor, uma abordagem relaxada ajuda a desenvolver a confiança, essa que atrai relações mais fortes e mais significativas.
  • Devemos trabalhar a autossuficiência emocional. Este é um caminho lento que exige saber nos observarmos e identificar necessidades. Cada um desses vazios deve ser preenchido por nós mesmos. É uma responsabilidade pessoal que não devemos colocar nos ombros dos outros. É nossa e só nossa.
Mulher caminhando descalça

Para concluir, devo destacar mais uma vez que este processo de cura não é algo simples. A marca do abandono, seja física ou emocional, muitas vezes deixa uma impressão profunda e persistente. É um caminho longo e tortuoso que às vezes não podemos realizar por nós mesmos.

Assim, e no caso de perceber que esse medo de ser abandonado constantemente é algo recorrente e a origem de não conseguir relações sólidas e satisfatórias, não hesitemos em pedir ajuda profissional.

Nós merecemos ser autossuficientes, nós merecemos superar o medo do abandono de uma vez por todas.


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