Comunicação passiva: você costuma praticá-la?

Comunicação passiva: você costuma praticá-la?
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

As estatísticas mostram que existem muitas pessoas que praticam a comunicação passiva. Pode ser que até nós mesmos a pratiquemos, embora nunca a tenhamos definido dessa maneira.

Falamos de um estilo de comunicação que é muito prejudicial para nós e para os que nos rodeiam. Isso afeta negativamente a nossa autoestima e nos impede de nos relacionarmos de forma saudável e adequada com os outros.

Segundo o artigo ‘Empatia, comunicação assertiva e cumprimento de normas’, a comunicação passiva caracteriza aquelas pessoas que não defendem os seus direitos, que mantêm uma postura distante e que se submetem às exigências dos outros, ignorando as suas próprias necessidades.

A comunicação passiva e o medo do confronto

Alguns estudos indicam que a comunicação passiva pode ser motivada pela necessidade de agradar os outros. Isso é verdade, mas há outras razões, como a falta de habilidades sociais ou o medo de conflitos.

As pessoas que praticam este tipo de comunicação também podem agir assim porque foram submetidas à censura constante em sua educação. Assim, mesmo que o censurador ou o poder do censurador não esteja mais lá, a sua marca ainda está presente. Essas pessoas, não sabendo como expressar as suas opiniões ou necessidades, sentem-se inseguras a esse respeito.

Por outro lado, se elas receberam críticas muito fortes, podem continuar sujeitas à tirania do seu eco. Assim, ainda estão presas em uma insegurança que se formou há muitos anos.

Nesses momentos, podem experimentar uma sensação de desamparo. “Por que as palavras não vêm e eu hesito?” “Por que parece que a nossa mente está paralisada e nos impede de pensar fluentemente?” A razão é que há um medo desproporcional do confronto, da crítica, do julgamento.

“A tarefa psíquica que uma pessoa p ode e deve estabelecer para si não é se sentir segura, mas ser capaz de tolerar a insegurança”.
-Erich Fromm-

Mãe brigando com o filho

Exemplos de comunicação passiva

Talvez tudo o que dissemos até agora tenha sido muito familiar. No entanto, veremos alguns exemplos claros do que é comunicação passiva e como ela se manifesta na vida cotidiana.

  • Vamos a um restaurante e pedimos ao garçom, por favor, que traga um bife ‘bem passado’. Quando ele o traz, não está como queríamos, mas não dizemos nada. No momento em que o garçom nos pergunta sobre a comida, respondemos “muito boa”, mesmo que não seja verdade.
  • Os nossos amigos planejam fazer algo no fim de semana e estão decidindo para onde ir. A nossa posição é esperar que alguém proponha algo e para dizermos: “eu acho ótimo esse lugar”. O mesmo acontece com o dia ou a hora. Somos incapazes de propor, esperamos que os outros o façam primeiro.
  • Um amigo nos pergunta se podemos emprestar as anotações sobre um assunto discutido na aula. Ele sempre faz isso e nunca anota nada. Ele passa o seu tempo conversando com outros colegas ou fazendo desenhos em cadernos. Apesar disso, não conseguimos dizer “não”.
Mulher tímida

Nesse sentido, imagine que queremos seguir uma determinada carreira porque gostamos, mas nossos pais dizem “não”. Dessa forma, também nos sentimos mal por não compartilharmos dos seus desejos. Assim, acabamos mudando de ideia.

Nada mais importa porque já nos rendemos ao seu desejo inicial e sentimos a necessidade de agradá-los. Afinal, eles nos deram muitas oportunidades.

Isso pode acontecer em diferentes circunstâncias, como querer ir para outro país estudar o idioma, ir a um aniversário ou dormir na casa de alguns amigos. Se tivermos sido manipulados e não soubermos como defender os nossos direitos, na idade adulta agiremos com um estilo de comunicação passiva com os outros.

Conclusão

“Nunca devemos deixar de ser nós mesmos para sermos aceitos”.
-Mercè Conangla e Jaume Soler-

Sob esse cenário se esconde uma total falta de autoestima. Ela está tão danificada e maltratada que não conseguimos visualizar que podemos ter mais capacidade de decisão do que pensamos e mais direitos do que reivindicamos.

Se identificarmos esta circunstância e não soubermos como fazer essa mudança, o próximo passo é procurar ajuda profissional. Ela nos dará as ferramentas necessárias para sairmos da comunicação passiva e começarmos a ser assertivos. Isso não acontecerá da noite para o dia, mas veremos progressos que nos encorajarão a seguir em frente.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.