Os 5 conflitos mais comuns nos relacionamentos amorosos
Os conflitos mais comuns nos relacionamento amorosos de hoje em dia são muito diferentes dos de casais de gerações passadas, como nossos avós. Em apenas três ou quatro décadas, as relações amorosas mudaram muito. Surgiram novas fontes de conflito, já que os papeis de gênero e as estruturas familiares também sofreram grandes transformações.
Hoje há um conjunto de demandas emocionais que antes não existiam. No passado, não eram tão marcados e fundamentais esses papéis de amigos, esposos, companheiros, amantes, etc. Hoje, pelo contrário, instalou-se uma ideia de que o parceiro amoroso deve ser todas essas pessoas em um. Isso supõe corresponder a expectativas emocionais, sexuais, sociais e até filosóficas. Um feito que deixaria qualquer um sobrecarregado.
Por isso, os conflitos mais comuns nos casais de hoje estão relacionados aos limites. Há uma confusão em torno de aspectos como a fronteira entre a intimidade e a independência, ou entre a liberdade e o compromisso, entre outros.
Também há uma demanda de plenitude e felicidade que, é claro, ninguém é capaz de satisfazer. Alguns não se dão conta de que o problema está na demanda que se tem, e não na pessoa em si. Vejamos.
“Não ser amado é um pequeno azar, a verdadeira desgraça é não amar”.
-Albert Camus-
1. Falta de intimidade
São muitos os casais que chegam ao consultório do psicólogo para expor uma queixa compartilhada: não se sentem compreendidos dentro da relação. Na maioria dos casos, o trabalho a ser realizado tem relação com a melhora da comunicação.
Parece que hoje em dia há muitos casais que têm medo de expor seus pontos mais vulneráveis diante do outro. Não se sente confortáveis falando de seus medos ou de suas fraquezas. Também não sentem que o outro é capaz de entender o seu lado. Dessa forma, a confiança não é cultivada e também há muitos limites dentro diálogo, de forma que não é sincero e autêntico, falta intimidade.
2. Controle, um dos conflitos mais comuns nos relacionamentos atuais
Ainda que em teoria hoje em dia haja muito mais igualdade nos papéis dentro de uma relação amorosa, na prática isso pode não ser exatamente a verdade. Segundo a psicóloga Maria José Carranza, da Universidade de Barcelona, hoje em dia mantemos esquemas muito rígidos dentro da relação, e isso leva ao desenvolvimento de desigualdade e ressentimento.
Por isso, um dos conflitos mais comuns nos casais de hoje em dia é o fato de que um deles acaba tomando o controle absoluto de todos os aspectos relevantes. É ele quem toma as decisões, e o outro segue. Ou também uma das pessoas acaba protegendo a outra, que se deixa proteger. Por isso é frequente que uma das partes acabe agindo de forma indefesa e muitas vezes também deprimida, sem que o outro a motive a mudar a dinâmica do vínculo.
3. Diferenciação
A diferenciação tem relação com o processo de separação da família de origem. Antigamente reinava o princípio “aquele que se casa, quer casa”. Ainda que o vínculo com a família se mantivesse forte, para todos era bem claro que o novo casal que havia se recém unido precisava de uma certa distância da família e também de independência.
Hoje isso não é tão claro. Com muita frequência é possível observar uma participação importante da família de origem na nova vida e também no destino do novo casal. Os irmãos opinam, os avós ajudam a criar os netos, os tios também, etc. Na prática, o que acontece é que não ocorre uma diferenciação real da família de origem, e isso constitui um dos conflitos mais comuns entre os casais do mundo atual.
4. Apego
São muitas as pessoas que chegam até a vida adulta sem ter resolvido os seus problemas de apego. Ninguém tem uma infância perfeita, e há apenas uma minoria que não carrega nenhuma marca dessa etapa. Muitas vezes cuidaram da gente até demais, e de uma forma obsessiva.
Às vezes não cuidaram de nós tanto assim… E carregamos, por isso, uma carência. Outras vezes levamos o trauma do divórcio dos nossos pais adiante, ou a marca de um pai ausente, etc. As possibilidades são muitas.
O certo é que cada um de nós teria que trabalhar esses vazios ou essas marcas latentes para equilibrar as emoções, expectativas e renúncias. Como isso geralmente não é feito, muitas vezes o casal acaba sendo o objeto onde todas essas inconsistências do apego são projetadas. Isso acaba sendo muito confuso para ambas as pessoas.
5. Definição de compromisso
Esse é um dos temas pós modernos que constitui um dos conflitos mais comuns nos relacionamentos amorosos de hoje em dia. Às vezes um casal sai de forma constante, há sexo, mas não são namorados. Outras vezes o casal fica anos juntos, tem filhos, mas são namorados e cada um vive na sua casa. Também há os que se casam, mas também se divorciam e eventualmente fazem sexo.
Definir o tipo de compromisso que existe entre os dois virou uma tarefa árdua. Muitos acham que estabelecer um tipo de acordo que defina a relação é, na verdade, uma deficiência. Defendem que a ordem e os rótulos fazem a relação se transformar, e isso seria uma ameaça à liberdade. Mas liberdade não é fazer o que você quiser?
Os conflitos mais comuns nos relacionamentos atuais acabam fazendo com que muitos casais deixem de ser casais. O amor entendido da maneira mais tradicional é, em muitos casos, rejeitado e até mesmo detestado. Dessa forma, muitas pessoas buscam o compromisso do outro, a segurança de contar com o outro, enquanto evitam estabelecer qualquer laço que corresponda a essa sensação.