Crime organizado: motivos, oportunidades e funções

O que é o crime organizado? Que fatores levam ao seu aparecimento?
Crime organizado: motivos, oportunidades e funções
Roberto Muelas Lobato

Escrito e verificado por o psicólogo Roberto Muelas Lobato.

Última atualização: 18 maio, 2023

O crime organizado é entendido como uma forma de cometer delitos. Esses delitos requerem um certo nível de planejamento e a participação conjunta e coordenada de vários indivíduos.

Dessa forma, encontramos organizações criminosas como a máfia italiana, sob os nomes de Camorra, Cosa Nostra e ‘Ndrangheta, ou a máfia ítalo-americana, ou a Yakuza e as organizações criminosas asiáticas, os cartéis colombianos e os mexicanos, assim como a máfia russa e outras do leste da Europa e as facções criminosas brasileiras.

As características fundamentais dessas organizações criminosas são as seguintes:

  • Estamos falando de um conjunto de indivíduos ou grupos de indivíduos
  • Associados entre si para conseguir alcançar fins e objetivos determinados
  • Que assumem e desempenham uma variedade de funções
  • Que operam de forma coordenada e conforme certas regras
  • Que atuam com uma certa continuidade temporal
  • Que foram criadas com o propósito de obter e acumular benefícios financeiros por meios principalmente ilegais
A máfia italiana

Causas do crime organizado

O crime organizado precisa de uma metodologia para poder operar, uma atuação que em muitas ocasiões requer grandes movimentações e uma alta confiança entre os membros do grupo. Se uma pessoa falha, o objetivo não somente se torna mais difícil, mas os membros da organização podem acabar presos.

Por outro lado, para explicar o motivo pelo qual alguém acaba entrando no crime organizado e se torna uma parte ativa deste podemos falar de três fatores que costumam ter uma influência muito grande: os motivos, as oportunidades e as funções.

Para iniciar uma organização criminosa ou se envolver com uma, primeiro temos que ter uma motivação para fazê-lo. Além disso, deve haver certas condições e oportunidades. Se não existir uma organização muito próxima da pessoa, pode ser que unir-se a uma não seja uma possibilidade real.

Por último, uma vez dentro, devem existir benefícios ou funções. Se não há um reforço ou ganhos para a pessoa ao estar em uma organização criminosa, a motivação pode diminuir e até desaparecer.

“O maior crime está, na verdade, não nos que matam, e sim nos que não matam mas deixam matar”.
-José Ortega y Gasset-

Fatores macrossociais

Há várias teorias que já tentaram explicar o funcionamento do crime organizado levando em consideração diferentes fatores. Falando de fatores macrossociais, encontramos a hipótese do fracasso estatal e a hipótese da economia falida.

Como seus nomes indicam, essas duas hipóteses sugerem que o fracasso de um estado ou de sua economia são o que prediz a aparição do crime organizado. No entanto, essa teoria ficaria incompleta se levássemos em conta que o crime organizado também existe em estados prósperos e democráticos.

Outros macrofatores que ajudam a compreender o nascimento do crime organizado em uma determinada região são as mudanças sociais. Por exemplo, as migrações podem facilitar seu desenvolvimento, ou os avanços tecnológicos podem dar origem a novas drogas. Além disso, um ambiente dominado pelo crime sempre gera mais crime. Sempre há alguém que quer se vingar de alguém, ou alguém que vê uma oportunidade de se beneficiar em detrimento dos outros.

Por outro lado, não são menos importantes os fatores geográficos. Por exemplo, temos a situação do México, situado entre países produtores de cocaína e um potencial mercado, os Estados Unidos.

“Todo crime é uma transferência do mal daquele que atua sobre aquele que padece”.
-Simone Weil-

Fatores microssociais

Os fatores macrossociais são importantes, mas os microssociais também vão ter um papel de destaque. Um país pode ser um local perfeito para o surgimento do crime organizado, mas mesmo assim no fim das contas são as pessoas que devem dar forma ao grupo. Por isso, fatores como ver-se impossibilitado de subir de vida, ganhar status ou qualquer conquista serão questões importantes quando falamos de lutar contra o crime organizado.

Desse modo, grupos que se sentem marginalizados podem começar organizações criminosas. Isso seria fomentado pela falta de controle, falta de leis que impedissem ou forças de segurança que não fossem capazes de controlar as pessoas.

A subcultura de delito também exerce uma influência importante. Ser criado e crescer em um ambiente com muitos crimes vai favorecer uma situação de delinquência na vida adulta. Desse modo, a aprendizagem de certas habilidades vai ser fundamental, e isso é muito fomentado por relações sociais com membros das organizações criminosas, sobretudo quando existe confiança.

Leonardo di Caprio com arma na mão

A personalidade

Por último, temos também os fatores da personalidade, que vão exercer um importante papel. Ainda que a maioria dos membros das organizações criminosas sejam homens, o sexo não vai determinar se uma pessoa vai se unir ou não a uma organização criminosa.

Os papéis dentro dessas organizações são cada vez mais divididos entre homens em mulheres. Ao contrário, ter cometido delitos previamente ou compartilhar uma identidade, seja ela étnica, cultura, nacional ou regional, com uma organização criminosa, será algo de grande influência para que haja um envolvimento.

Como conclusão, poderíamos dizer que existem diversas rotas de acesso para o crime organizado e, portanto, diversos perfis de grupos que praticam crimes organizados. Independentemente da rota tomada, a criminalidade organizada exige uma certa especialização ou habilidade prévia.

Isso é especialmente verdade quando falamos de pessoas que ocupam cargos altos nesse tipo de grupo. O grupo é sempre o primeiro interessado no fato de que cada pessoa do todo seja a mais adequada possível. Por último, não podemos deixar de apontar que outra forma de acabar em uma organização do tipo é uma socialização, desde cedo, em uma subcultura delinquente.


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  • De la Corte, L., & Giménez-Salinas, A. (2010). Crimen.ogr: Evolución y claves de la delincuencia organizada. Barcelona: Ariel.

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