Crise dos trinta: saiba mais sobre ela

Crise dos trinta: saiba mais sobre ela
Daniela Alós

Escrito e verificado por a psicóloga Daniela Alós.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

“Está ficando para titia!”, “Quando vai casar??” “Daqui a pouco chegam as crianças…” “Na sua idade já deveria parar de…” são expressões típicas que todo mundo começa a ouvir a partir dos trinta. Parece que as exigências por parte dos outros sobre o que se deve ou não ter aumentam nessa idade. Com isso, surgem dúvidas, medos e preocupações, por vezes levando à famosa crise dos trinta anos.

Uma casa própria, um relacionamento estável, um trabalho fixo e apaixonante, além de ter filhos e fazer viagens. Eis o retrato ideal que a sociedade estabelece para uma pessoa com trinta anos. Uma imagem criada a partir de preceitos sociais que atendem e marcam um caminho a seguir. Além de tudo, as pessoas ao nosso redor são responsáveis por nos lembrar dele.

Como vemos, podemos dizer que a crise dos trinta anos tem muito mais a ver com a cultura de uma sociedade e seu sistema de pressão social do que com a chegada aos trinta. Ao falhar em atender às expectativas sociais, a angústia e a frustração aparecem como resultado dos “deveres” não cumpridos. Mesmo que não sejam necessariamente representativos do que a pessoa quer.

Eu já deveria ter…

Que frase pequena e pesada, você não acha? Os “deveres” fazem parte da pressão social. Eles estabelecem quais são os passos a seguir no caminho da vida, quais são as paradas obrigatórias. Se os cumprirmos, seremos considerados bem-sucedidos e admiráveis. Se não os alcançarmos, seremos excêntricos ou casos perdidos.

A maioria dos objetivos a serem atingidos na sociedade estão relacionados à conquista e ao sucesso. Desses fatores dependem todo o reconhecimento e status. À medida que crescemos, essas demandas aumentam e com elas nosso próprio nível de autocrítica e pressão.

Homem enfrentando crise dos 30

Enquanto caminhamos pela estrada da vida, acumulamos conquistas. Entretanto, também deixamos outras coisas para trás. O que não fazemos não nos chama atenção durante a maior parte da vida. No entanto, algo acontece quando chegamos aos trinta anos. Essa idade traz de volta abruptamente tudo o que resta na lista de coisas a fazer. Até pensamos que, se não tivermos alcançado o que foi estabelecido pela sociedade nessa idade, não fizemos nada com nossas vidas.

É assim que entramos na famosa crise dos trinta anos. Um estado de confusão, desorientação e incerteza causada pelo choque entre as expectativas sociais e pessoais e a realidade. 

Quão ruim pode ser desviar do caminho?

A vida é um conjunto de escolhas sobre as quais existe uma grande pressão social. Junto com ela, estão também os ideais de referência que tomamos para nós como nossos pais, irmãos ou amigos. Dessa forma, aspiramos a nos tornar aqueles que a sociedade e as pessoas ao nosso redor esperam, muitas vezes sem refletir e analisar o que realmente queremos. Mas isso não precisa ser sinônimo de felicidade.

Se a nossa rota se desviou do caminho padrão, isso não significa que seja uma falha. Pode ser um sinal de que decidimos projetar nosso próprio caminho com base em nossas decisões. No entanto, isso não significa que não atingimos certas metas socialmente definidas. Ter um parceiro estável, um emprego fixo ou comprar um carro. Pode ser que a ordem de prioridades tenha mudado para nós.

Os parâmetros sociais e a crise dos trinta

Não é uma questão de se livrar de parâmetros sociais, isso é impossível. Somos seres sociais e vivemos em comunidade. No entanto, quando estamos na chamada crise dos trinta anos, é necessário que façamos algo para sair dela. Para isso, podemos nos perguntar o que nos pesa tanto? Se nos assusta não alcançar objetivos ou não satisfazer as expectativas dos outros? Ou simplesmente refletir sobre como queremos que o nosso projeto de vida seja, examinando a própria consciência e agindo de acordo com ela.

Nesse ponto, é importante saber diferenciar entre o que nos pertence e o que pertence aos outros. Pensamentos, expectativas, ideais, medos e dúvidas. Caso contrário, arcaremos com um fardo pesado de suportar que vai nos corroer com o tempo.

Entretanto, se há algo que precisamos ter clareza é que sentir-se feliz e gozar a vida não depende do cumprimento de metas sociais. Na verdade, está relacionado a tomar conta do nosso projeto de vida. Entender que o caminho não é linear e que os tempos também não são exatos.

Mulher andando em trilho de trem

Crie o seu caminho de vida

A responsabilidade da nossa vida não está nos outros, mas nas decisões que tomamos. A pressão social estará sempre presente para nos lembrar das conquistas que devemos cumprir de acordo com a nossa idade. No entanto, nossa atitude é a chave. Podemos decidir se devemos ou não seguir o caminho predeterminado ou, em vez disso, descobrir uma rota alternativa.

Como já dissemos, a felicidade não está no que os outros esperam de nós, mas no que realmente nos faz felizes. Para isso, temos apenas que olhar para dentro de nós.

Pode ser que a crise dos trinta anos nos lembre de que já percorremos um caminho. Talvez até nos assuste se olharmos para trás e descobrirmos que temos objetivos pendentes. No entanto, essas metas não precisam necessariamente ser cumpridas se nossa escala de prioridades mudar. A vida é um caminho construído através de decisões pessoais. A coisa mais importante é que elas sejam definidas por nós mesmos.

“A vida é o que acontece enquanto você insiste em fazer outros planos.”
-John Lennon-


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.