Curiosidades sobre a psiquiatria

As curiosidades sobre a psiquiatria estão intimamente associadas ao modo como os transtornos mentais foram compreendidos ao longo da história.
Curiosidades sobre a psiquiatria
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 14 agosto, 2021

Várias das curiosidades sobre a psiquiatria têm a ver com os mitos que cercam essa jovem ciência, que gerou polêmica desde as suas origens. Na verdade, hoje ainda há quem questione seus fundamentos como disciplina científica.

Os mais críticos asseguram que não existe um objeto de estudo definido nesta disciplina. Eles dizem que se você estudar o cérebro, ele deve ser um ramo da neurologia, e se você estudar a mente, deve ser uma especialidade dentro da psicologia.

Uma das curiosidades sobre a psiquiatria é justamente o fato de ser uma disciplina com muitas intersecções. Existem também curiosidades que se relacionam com aquele árduo caminho que esta ciência percorreu até se tornar o que é hoje. Vamos nos aprofundar no assunto a seguir.

As multidões sempre se alimentam de epidemias psíquicas.”
-Carl Jung-

Mente com mecanismos

Curiosidades sobre a origem da psiquiatria

Várias das curiosidades sobre a psiquiatria têm a ver com a sua história. Por muito tempo, o transtorno mental foi considerado um mal de origem sobrenatural. Os comportamentos anômalos eram o resultado da ação ou posse de forças do mal, uma ideia que atormentava especialmente aqueles que amavam pessoas que sofriam de distúrbios mentais.

No entanto, os gregos tinham uma ideia mais global de saúde. Por isso, não separaram o corpo da mente e interpretaram qualquer anomalia como um desequilíbrio global. O renomado Galeno descreveu apenas dois distúrbios: mania e melancolia. O primeiro estava relacionado à bile amarela e o segundo à preta.

Na Idade Média, essa perspectiva foi perdida e o transtorno mental foi tratado como resultado de possessões diabólicas. Enquanto isso, na América que ainda não havia sido descoberta pela Europa, uma concepção diferente estava avançando. Várias culturas nativas interpretavam comportamentos anômalos como um sinal de divindades mágicas.

Existem referências a tratamentos sofisticados na América indígena. Por exemplo, na cultura Kogui do norte da América do Sul, havia práticas confessionais. A pessoa com transtorno mantinha longas conversas com o xamã para dissipar seus sofrimentos. A cultura Tierradentro, por sua vez, usava discos giratórios para realizar uma espécie de “hipnose” e curar aqueles que sofriam tormentos em suas mentes.

Uma história assustadora

Várias das lamentáveis curiosidades sobre a psiquiatria estão relacionadas às terapias que foram usadas ao longo da história. Não se sabe se é mito ou realidade, mas há várias referências ao chamado “navio dos tolos“. Tratava-se da prática de embarcar e despachar pessoas com distúrbios, sem permitir que voltassem para terra firme.

Era uma prática comum isolar pessoas que manifestavam um padrão de comportamento desajustado. Além disso, as condições desse exílio social forçado costumavam ser muito precárias. Eles eram amarrados ou acorrentados em estábulos e espancados se causassem problemas. Os que morriam não podiam ser enterrados em cemitérios comuns, e na maioria dos casos seus corpos tinham que ser cremados.

Outra curiosidade sobre a psiquiatria diz respeito a uma figura famosa da área: Egas Moniz, Prêmio Nobel de Medicina pela invenção da lobotomia. Esta foi uma cirurgia para remover algumas áreas do lobo cerebral. No entanto, toda a sua teoria foi baseada em um único experimento, realizado com um chimpanzé.

Ilustração de uma cabeça com um cérebro

Entre o mito e a realidade

O campo da saúde mental tem sido um terreno fértil para controvérsias sem fim. Da mesma forma, e é inegável que algumas escolas ou abordagens acabaram sendo funcionais para determinados poderes. Algumas décadas atrás, as doenças mentais eram algumas no capitalismo e outras no comunismo.

Outra curiosidade da psiquiatria é o fato de que até o momento não há comprovação clínica de transtornos mentais. Eles podem ser detectados no comportamento, fala, percepção, etc. No entanto, não há teste de desequilíbrio químico, ressonância ou exame que suporte o diagnóstico. As evidências a esse respeito são consideradas “sugestivas”, mas não conclusivas.

É preciso dizer que o objetivo da psiquiatria é ajudar as pessoas que sofrem. Ainda assim, pode-se dizer que, em grande parte, ela falhou em fazê-lo. As taxas de recuperação com tratamentos tradicionais são muito baixas. Da mesma forma, há evidências de que muitas pessoas se curam sem buscar um tratamento desse tipo.


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  • Huertas, R. (2001). Historia de la psiquiatría, ¿por qué?, ¿para qué? Frenia. Revista de historia de la psiquiatría, 1(1), 9-36.
  • Ortíz Ricaurte, Carolina (2004). Resistencia y procesos de integración indígenas. El caso de los Kogui de la Sierra Nevada. Boletín Antropológico, 22 (60), 73-88. [Fecha de Consulta 25 de Julio de 2021]. ISSN:. Disponible en: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=71206003

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