Curiosidades sobre a teoria do inconsciente de Freud
Freud representa o auge da crítica e, ao mesmo tempo, a sua decadência. A sua teoria psicanalítica provocou grandes rejeições e debates sobre a validade do método, mas o que não podemos criticar é o avanço que ela causou na filosofia, na psicologia e na medicina científica.
Pseudociência ou ciência, como cada um quiser considerá-la; Freud inaugurou a linha de pensamento baseada na destruição do conceito do eu mediante o estudo do inconsciente. Esta influenciou de forma fundamental todas as disciplinas do século XX.
No maravilhoso reino da mente, hei de ser livre como os outros.
– Helen Keller –
Curiosidades da mente segundo Freud
1. Desejo e repressão: como seres humanos que somos, todos temos desejos e repressões que nos vemos obrigados a controlar frente à sociedade, de certa forma. Inclusive, às vezes, não somos conscientes disso, e alguns dos atos que podem ser considerados mais racionais são dirigidos pelo nosso inconsciente.
Em muitas situações nos comportamos da forma como a cultura na qual vivemos imersos aceita, e não como na verdade achamos que seríamos felizes. Os desejos são frustrados nestas situações porque são vistos como imorais, ilegais ou indignos.
A curiosidade que deriva dese comportamento está na contradição que ele provoca em nós mesmos e que emerge de forma subliminar em sonhos, fantasias ou lapsos. Por que somos tão limitados pelo que os outros pensam sobre nós?
2. Ego, id e superego: o próprio Freud amplifica a sua teoria exposta em 1915 sobre a mente humana e explica em 1923 que ela se divide em três partes. Por um lado, temos a parte consciente do sujeito, o “ego”, aquilo que somos de forma controlada e limitada; por outro lado, o “id” é o inconsciente regido pelo princípio do prazer. Por fim, está o “superego” fundamental em nosso desenvolvimento como pessoas.
Este “superego” se compõe das normas morais que vamos interiorizando desde que somos crianças, e que termina entre a culpa e a moral.
3. Loucura: do mesmo jeito que acreditavam na antiguidade, a mente humana precisa de harmonia. Já não falamos das células do cérebro que equilibram os quatro humores, mas sim das três partes da mente mencionadas. Segundo Freud, o desequilíbrio provoca neuroses ou psicoses.
A curiosidade ou a importância que esta afirmação teve na época está na consideração da loucura afastada de uma lesão mental ou orgânica.
Curiosidades da teoria do inconsciente e o início do método psicanalista
1. Força da linguagem: quando um paciente quer se submeter a um estudo do seu inconsciente por algum tipo de problema, a cura recai na palavra. A linguagem é um lugar onde é possível reconhecer o conflito interior, pois a pessoa fala de qualquer tema sem restrições.
O inconsciente está estruturado como uma linguagem.
– Jacques-Marie Émile Lacan –
2. Associação livre: mediante à linguagem o paciente expressa conteúdos que, para ele, ainda são inconscientes, que ele não reconhece de forma superficial através do seu “ego”.
3. Interpretação do sonho: se uma das formas através das quais os nossos desejos se manifestam é por meio dos sonhos, estes precisam ser estudados. Os sonhos permitem que os traumas e os conflitos venham à tona para que possam ser resolvidos. Somos aquilo que sonhamos e sonhamos aquilo que somos.
4. Papel do psicanalista: exatamente este último ponto é o que o psicanalista está preparado para realizar. Ele permite o estudo consciente da inconsciência da pessoa.
– Você se importaria em dizer ao seu subconsciente que se tranquilize?
– É o meu subconsciente. Você se lembra? Não posso controlá-lo.
– Nolan, Inception –
5. A cultura: é um meio de configurar o sujeito assim como ela mesma é configurada por ele. Uma retroalimentação. Cada época tem as suas peculiaridades e suas maneiras de ser que devem ser estudadas pelo psicanalista para entender quais são os efeitos no paciente.
Os sintomas das patologias psíquicas tomam as formas próprias das sociedades em que os sujeitos habitam.
– Nora Sternberg de Rabinovich –
6. O Complexo de Édipo: esta talvez seja a maior curiosidade da teoria do inconsciente. Freud apontou nas suas pesquisas que o homem se move por instintos e um deles é conhecido como o “assassinato do pai”. A figura da mãe se transforma na reveladora, na essencial, e um dos desejos do sujeito é a substituição da figura do pai.
A cultura, como dissemos, tem um forte papel na realização do “ego”. Desta forma, ela é a encarregada de fazer com que o desejo não se realize, levando à moral e à religião. A repressão e o complexo de Édipo podem chegar a ser patológicos.