Por que a depressão nos deixa mais vulneráveis à fadiga?

Por que a depressão nos deixa mais vulneráveis à fadiga?
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 05 novembro, 2022

As pessoas com depressão são mais vulneráveis à fadiga. Tarefas simples, como tomar banho ou se levantar da cama, podem exigir mais esforço do que essas pessoas podem fazer. Além disso, a fadiga pode desempenhar um papel em outros sintomas associados com a depressão, como a abstinência e a apatia.

A depressão pode aumentar a sensação de cansaço e, como consequência da fadiga, faz com que a pessoa não seja capaz de realizar algumas atividades que antes realizava. De fato, segundo a psicóloga clínica Shoshana Bennett, “é incomum que a fadiga não seja um dos sintomas da depressão”.

A fadiga afeta mais de 90% das pessoas com transtorno depressivo maior, segundo informam Ghanean, Ceniti e Kennedy (2018) em um artigo publicado no jornal CNS Drugs. Afinal, o que provoca o cansaço associado à depressão?

“Nossa fadiga frequentemente é causada não pelo trabalho, mas pela preocupação, pela frustração e pelo ressentimento”.
-Dale Carnegie-

Por que a depressão nos deixa mais vulneráveis à fadiga?

Segundo as estatísticas, a fadiga residual na depressão contribui significativamente para a deterioração da qualidade de vida. Além disso, também parece ser um fator de risco importante para a cronicidade e a recaída (Marin, H. e Menza, 2004).

As possíveis causas que se escondem por trás do cansaço durante os transtornos de depressão incluem problemas para dormir, tipo de dieta, estresse e, inclusive, os medicamentos utilizados para tratar a própria depressão.

Vamos ver a seguir as principais razões pelas quais as pessoas que sofrem de depressão são mais vulneráveis à fadiga.

Homem cansado

Você tem problemas para dormir?

O sono é essencial para regenerar o corpo e repor as energias. A falta de sono, sozinha, não causa depressão. O que a falta de sono faz é aumentar o risco de depressão. A falta de sono também pode piorar os sintomas de depressão existentes. Mesmo naqueles casos em que uma pessoa com depressão dorme o suficiente, é possível que não tenha uma boa qualidade de sono.

Soehner, A., Kaplan, K e Harvey (2014) informam que muitas pessoas com depressão e outras condições de saúde mental, como o transtorno bipolar, sentem tanto insônia quanto hipersonia.

Outro transtorno do sono que tem vínculos com a depressão é a apneia obstrutiva do sono. Nesse sentido, um estudo descobriu que a depressão é comum em pessoas com apneia do sono e afeta a gravidade dessa condição (Edwards et al., 2015). O estudo descobriu que o tratamento da apneia do sono melhorava os sintomas de depressão.

Você segue uma dieta inadequada?

Durante muito tempo, especulou-se sobre a influência da dieta na saúde mental. Nesse sentido, um relatório descobriu evidências de que as dietas de maior qualidade, como as que incluem “alimentos anti-inflamatórios”, podem reduzir o risco de depressão de algumas pessoas (Soehner et al., 2014).

Li et al. (2017) informaram que padrões de dieta específicos se relacionavam com um maior risco de depressão. Nesse sentido, descobriram que as dietas ocidentais, ricas em carne vermelha, carne processada, grãos refinados, doces e outros alimentos não saudáveis, podem aumentar o risco de sintomas de depressão em algumas pessoas.

Você está estressado?

O estresse pode afetar os níveis de serotonina e dopamina. Essas substâncias químicas desempenham no cérebro um papel essencial na regulação do humor e da energia.

Um estudo afirma que acontecimentos estressantes da vida, como o fim de um relacionamento, a morte de uma pessoa querida, uma perda significativa ou mudanças relacionadas à saúde, entre outros, podem aumentar significativamente o risco de uma pessoa desenvolver um transtorno depressivo maior. (Slavich e Irwin, 2014).

Este estudo sugere, além disso, que o estresse também pode causar inflamação no corpo. Esta inflamação pode provocar hipersonia e nos deixar mais vulneráveis à fadiga.

Você toma antidepressivos?

Os antidepressivos agem sobre os neurotransmissores do cérebro, ajudando a melhorar a função de regulação do humor da pessoa. No entanto, alguns antidepressivos podem causar fadiga significativa.

Por exemplo, Targum e Fava (2011) informam que alguns dos medicamentos que são usados para tratar o transtorno depressivo maior podem provocar sintomas de fadiga como efeito colateral.

Medicamentos antidepressivos

Como melhorar a fadiga quando se está deprimido

Além de falar com seu médico sobre o problema, para que ele descarte ou diagnostique outras causas e/ou revise sua medicação, há muitas outras coisas que você pode fazer para melhorar a fadiga associada à depressão.

  • Faça exercício. Você vai dormir melhor e vai favorecer a liberação de hormônios e substâncias no seu cérebro que vão aumentar sua sensação de bem-estar.
  • Pratique uma boa higiene de sono. Siga uma rotina que favoreça um sono de qualidade: cuide da sua alimentação, siga orientações de relaxamento, etc.
  • Melhore sua dieta. Evite alimentos ricos em gorduras não benéficas – frituras, gorduras trans, etc. – e açúcares refinados. Aumente o consumo de verduras de folhas verdes, peixes, alimentos probióticos e outros alimentos benéficos.
  • Pratique o mindfulness. A meditação de atenção plena irá ajudá-lo a melhorar seu humor e a aliviar o estresse.

Lembre-se de que o fato de ficarmos mais vulneráveis à fadiga durante a depressão não significa que devemos nos conformar. À medida que nos tornarmos mais proativos para melhorar nossa situação, os sintomas da depressão também tendem a melhorar.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.