9 dicas para não esquecer as tarefas pendentes

O esquecimento é um fenômeno comum e que muitas vezes atua contra nós. Mas o que será que podemos fazer para não esquecer as tarefas pendentes?
9 dicas para não esquecer as tarefas pendentes

Última atualização: 30 junho, 2022

O nosso cérebro é uma rede complexa de interconexões neurais que nos permite realizar tarefas muito complexas com sucesso; graças a ele, podemos adquirir e desenvolver novos conhecimentos, aprender uma nova arte ou construir máquinas que nos levem à lua. No entanto, o seu funcionamento não é perfeito e, às vezes, ele comete erros bobos que podem nos custar caro.

Essa funcionalidade paradoxal da nossa mente nos leva a questionar por que esquecemos e o que podemos fazer para não esquecer as tarefas pendentes que temos. Neste artigo, vamos revisar brevemente as causas do esquecimento e falar sobre 9 dicas para não deixar tarefas por fazer.

O esquecimento

Existem vários fatores envolvidos no esquecimento como resultado de mudanças no mundo ao nosso redor ou em nós mesmos. Dentre essas mudanças, a memória pode ficar enfraquecida por causa da passagem do tempo, mudanças contextuais ou interferências.

A passagem do tempo

A passagem do tempo é um dos fatores que mais afeta a nossa memória. Se examinarmos a nossa experiência cotidiana, poderemos confirmar que as informações são esquecidas, desde que não sejam revisadas. Os traços da maioria das memórias se enfraquecem com o passar do tempo.

Baddeley, Eysenck e Anderson (2010) afirmam que a causa do esquecimento ao longo do tempo se deve ao enfraquecimento dos traços da memória. Essa ideia de enfraquecimento ao longo do tempo é conhecida como “decadência do traço”. Esta explicação ainda não foi comprovada e não está livre de críticas; por isso, ela não é vista como uma causa em si, mas sim como algo associado a dois outros fatores: flutuações contextuais e interferências.

mulher com dúvidas

Mudanças contextuais

As flutuações ou mudanças contextuais podem tornar o esquecimento mais provável quando o contexto de recuperação da informação não corresponde ao contexto em que a informação foi codificada.

Essa curva de esquecimento se baseia no fato de que os cenários mudam com o passar do tempo, de modo que o contexto de recuperação e codificação acabam sendo muito distintos, o que não facilita a recuperação da memória.

A interferência

Por outro lado, a explicação da interferência postula que as experiências vão se acumulando e novas memórias vão se configurando, o que dificulta o acesso às informações que foram armazenadas. Quanto mais semelhantes forem as informações, maior a probabilidade de ocorrência dessa interferência.

Como resultado da interferência, as informações na memória de longo prazo podem se confundir ou se misturar com outras informações durante a codificação, distorcendo ou interrompendo as memórias (McLeod, 2008). Essa interferência pode ser de dois tipos: retroativa (novas informações interferem na recuperação das antigas) ou proativas (informações antigas interferem na recuperação das novas).

Como não esquecer as tarefas pendentes

A partir das explicações que revisamos brevemente e também de outras ideias, desenvolvemos 7 dicas para não esquecer as tarefas pendentes.

1. Anotar a tarefa

Vimos que a memória se enfraquece com o passar do tempo. Por isso, conhecendo essa característica do nosso sistema cognitivo, precisamos ajudá-lo. Para isso, podemos anotar a tarefa que vamos realizar em uma agenda ou em um post-it. Escrever não apenas nos ajuda a lembrar, como também facilita a consolidação de informações, uma vez que as revisamos enquanto escrevemos.

2. Para tarefas curtas, o melhor é fazê-las imediatamente

Por outro lado, anotar cada pequena tarefa que você precisa fazer criará uma lista interminável de itens que você nem vai querer olhar. Portanto, se for algo como arrumar a cama, limpar a cozinha ou ir à farmácia, por exemplo, é muito melhor fazer a tarefa assim que se lembrar.

3. Relaxar

Às vezes, estamos tão saturados com a quantidade de coisas para fazer que ficamos estressados e não damos tempo ao cérebro para processar e codificar adequadamente as informações que queremos lembrar mais tarde. Portanto, tirar alguns segundos para relaxar, respirar e fazer uma pausa pode ser benéfico para não esquecer as tarefas pendentes.

Os altos níveis de estresse podem afetar negativamente as operações cognitivas envolvidas na formação de memórias explícitas (Sandi, 2012).

4. Usar as emoções

Os seres humanos geralmente tendem a se lembrar melhor dos eventos que foram permeados por emoções intensas. Isso foi evidenciado em vários estudos que sustentam a ideia de que os eventos emocionais são lembrados em maior medida do que os neutros.

Assim, sabemos que a excitação emocional influencia e afeta o desempenho da memória de longo prazo de forma positiva (Cahill e McGaugh, 1995; Bradley et al., 1992).

A partir do exposto, para aumentar a probabilidade de lembrar das tarefas pendentes, podemos associá-las a alguma emoção (de preferência agradável) que tenha a ver com a tarefa, a fim de facilitar a sua consolidação na memória. Para isso, podemos pensar no que queremos alcançar e estabelecer uma conexão com a tarefa. Por exemplo, se eu tiver que fazer uma lição de matemática, posso vinculá-la ao meu desejo de me formar e às emoções agradáveis que sentirei naquele momento.

5. Não misturar tarefas semelhantes

Vimos que as informações semelhantes geralmente tendem a produzir interferências. Portanto, ao organizar a nossa agenda de tarefas pendentes, devemos tentar, na medida do possível, não agendar duas tarefas idênticas para o mesmo dia, pois pode haver interferências entre elas ao tentar lembrá-las.

6. Usar diversos sinais

Outra maneira de não esquecer as tarefas pendentes é criar diversos sinais de recuperação, mas eles devem ser importantes ou significativos para nós. “A recuperação depende do número e da qualidade dos sinais disponíveis durante a recuperação. Quando utilizamos códigos irrelevantes, a recuperação pode falhar, e também pode haver falhas quando um sinal previamente relevante muda ao longo do tempo” (Baddeley, Eysenck e Anderson, 2010, p. 229).

Para isso, podemos configurar um alarme para nos lembrar da tarefa, escrever um lembrete e colá-lo em um local visível, pedir a alguém para nos ajudar a lembrar quando chegar o momento certo, etc.

7. Dormir bem

Para não esquecer uma tarefa pendente, é necessário codificar e armazenar bem a informação. É necessário consolidar a instrução para depois poder lembrá-la. Durante esse processo de consolidação, existe um fator que pode nos ajudar muito: o sono.

Em uma pesquisa realizada por Diekelmann et al. (2013) descobriram que o sono pode beneficiar a memória prospectiva, ou seja, lembrar-se de fazer algo (componente prospectivo) e lembrar o que é preciso fazer (componente retrospectivo). Assim, uma boa dica para não esquecer uma tarefa pendente é dormir bem.

mulher dormindo

8. Codificar e recuperar no mesmo lugar

Sabemos que é possível recuperar uma informação mais facilmente quando as pistas presentes durante a codificação também estão presentes no momento da recuperação da informação (Tulving, 1974). A partir desse postulado, uma dica para não esquecer as tarefas pendentes é tentar lembrá-las onde as codificamos.

Por exemplo, se eu tenho um trabalho da universidade para entregar daqui três dias, o melhor que posso fazer é registrar essa informação (“tenho um trabalho para entregar em três dias”) no meu quarto, onde estudo e passo a maior parte do tempo. Desta forma, estarei codificando a informação no mesmo local onde pretendo recuperá-la.

Não seria muito conveniente tentar armazenar esta informação durante o trajeto do ônibus, pois este não é o local onde quero recuperá-la. Ou seja, o objetivo é que o contexto onde codifico ou armazeno seja o mesmo que eu considero mais pertinente para lembrar. Assim, se você puder escolher, é melhor fazer a prova na mesma sala em que você assistiu as aulas.

9. Usar alarmes e rituais

Além do treinamento mnemônico, que sempre é bom fazer para a saúde do seu cérebro, você também pode contar com alarmes para te lembrar das tarefas que você não deve esquecer em hipótese alguma. Assim, você poderá se livrar da preocupação constante de não deixar de fazer algo indispensável.

Outra solução é ritualizar certas ações para evitar o esquecimento. Por exemplo, toda vez que você se sentar para estudar, você pode revisar a agenda para não esquecer nenhum tópico. Se sempre agir dessa forma, a automação que você vai gerar te ajudará a nunca esquecer uma tarefa.

E, para concluir, uma última dica para realizar essas estratégias: perdoe-se quando se esquecer de algo. Afinal, nesta vida frenética e cheia de tarefas para ontem é normal tropeçar às vezes. Coisas acontecem com todas as pessoas e os erros sempre devem ser perdoados quando o esforço está presente.


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  • Baddeley, A., Eysenck, M. y Anderson, M. (2010). Alianza Editorial.
  • Bradley, M. M., Greenwald, M. K., Petry, M. C., & Lang, P. J. (1992). Remembering pictures: pleasure and arousal in memory. Journal of experimental psychology: Learning, Memory, and Cognition18(2), 379.
  • Cahill, L., y McGaugh, J. L. (1995). A novel demonstration of enhanced memory associated with emotional arousal. Consciousness and cognition4(4), 410-421. https://doi.org/10.1006/ccog.1995.1048
  • Diekelmann, S., Wilhelm, I., Wagner, U., y Born, J. (2013). Sleep improves prospective remembering by facilitating spontaneous-associative retrieval processes. PloS one8(10), e77621. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0077621
  • McLeod, S. A. (2008, December 14).Forgetting. Simply Psychology. simplypsychology.org/forgetting.html
  • Sandi, C. (2012). Influencia del estrés sobre las capacidades cognitivas. Ministerio de Educación.
  • Tulving, E. (1974). Cue-dependent forgettingAmerican Scientist, 62, 74-82. https://www.rotman-baycrest.on.ca/files/publicationmodule/@random45f5724eba2f8/AmerSci74_62.pdf

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