Diferenças entre o Alzheimer e o Parkinson

Você conhece as diferenças entre o Alzheimer e o Parkinson? Essas doenças estão entre as causas mais comuns de demência. Leia este artigo para saber mais sobre elas.
Diferenças entre o Alzheimer e o Parkinson

Última atualização: 29 julho, 2022

Você sabe quais são as diferenças entre o Alzheimer e o Parkinson? Em primeiro lugar, devemos dizer que ambas essas doenças constituem duas das causas de demência. Especificamente, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a demência devido ao Alzheimer representa de 60 a 70% de todos os casos de demência.

No entanto, é importante ter em mente que são duas doenças muito diferentes. Além disso, deve ficar claro que ter qualquer uma dessas condições nem sempre leva ao desenvolvimento de demência (embora isso ocorra na maioria dos casos). Nesse sentido, sabemos que entre 20 a 60% das pessoas com doença de Parkinson acabam desenvolvendo demência.

Em um estudo de Buter et al. (2008), publicado na revista Neurology, do qual participaram 233 pacientes com a doença de Parkinson, observou-se que cerca de 60% deles desenvolveram demência por Parkinson em um período de 12 anos.

Mas o que é a demência? Esse conceito se refere ao conjunto de sintomas que surgem como consequência de um dano ou doença neurológica. Esses sintomas envolvem a perda ou o enfraquecimento das faculdades mentais e afetam principalmente três áreas diferentes: a área cognitiva (perda de memória ou alterações no raciocínio), a área comportamental (alterações no comportamento) e a área da personalidade (mudanças na personalidade, irritabilidade, labilidade emocional, entre outras coisas).

“Não há nada que seja um sinal mais claro de demência do que fazer algo repetidamente e esperar que os resultados sejam diferentes”.
-Albert Einstein-

Senhora idosa com Alzheimer

Diferenças entre o Alzheimer e o Parkinson

Vamos agrupar as diferenças entre ambas as doenças em blocos diferentes e explicar em que consiste cada uma delas. Todas elas foram extraídas de dois manuais de referência em psicopatologia: Belloch, Sandín e Ramos (2010) e o DSM-5 (APA, 2014).

O primeiro bloco de diferenças entre o Alzheimer e o Parkinson refere-se aos seus tipos de sintomas, que são os seguintes:

Sintomas cognitivos

Uma das principais diferenças entre essas duas doenças está relacionada à maneira como elas afetam a área cognitiva. No caso do Parkinson, há falhas na recuperação de dados (memória), enquanto no Alzheimer, as falhas ocorrem previamente no processo de memória (codificação de dados). Além disso, a memória e a atenção são mais afetadas no Alzheimer do que no Parkinson.

Sintomas motores

No caso do Parkinson, surge o chamado parkinsonismo, uma síndrome clínica caracterizada pelos seguintes sintomas: rigidez, tremor, bradicinesia (lentificação dos movimentos) e instabilidade postural. Em contraste, no Alzheimer é muito raro o aparecimento de parkinsonismo.

Por outro lado, a rigidez e a bradicinesia aparecem com muita frequência no Parkinson, enquanto no Alzheimer esses sintomas aparecem apenas ocasionalmente. Finalmente, o tremor é um sintoma típico no Parkinson, mas raro no Alzheimer.

Sintomas psicóticos e outros

Além dos sintomas que já mencionamos, podem aparecer outros sintomas em ambas as doenças. Por exemplo, na doença de Alzheimer, o delirium aparece ocasionalmente, enquanto na doença de Parkinson ele praticamente não aparece. É importante lembrar que o delirium é um transtorno de causa orgânica que afeta principalmente a consciência e a atenção.

Em relação aos sintomas psicóticos, podem aparecer alucinações visuais em ambas as doenças, mais ou menos na mesma proporção. T ambém podem aparecer delírios, sendo frequentes no Alzheimer e ocasionais no Parkinson.

Sintomas patológicos

Outra diferença entre o Alzheimer e o Parkinson está relacionada ao cérebro (substâncias, neurotransmissores e estruturas atípicas). Por exemplo, enquanto as placas senis aparecem tipicamente no Alzheimer (depósitos extracelulares de moléculas na substância cinzenta do cérebro), no Parkinson elas raramente aparecem.

O mesmo ocorre com outras estruturas, como os emaranhados neurofibrilares, que aparecem muito no Alzheimer, mas bem raramente no Parkinson.

Por outro lado, os corpos de Lewy surgem com mais frequência no Parkinson do que no Alzheimer. Quando se trata de neurotransmissores, sabemos que a deficiência de acetilcolina ocorre frequentemente no cérebro de pessoas com Alzheimer, mas apenas ocasionalmente em pessoas com Parkinson.

Por fim, no Parkinson há um déficit de dopamina, algo que não ocorre no Alzheimer.

Idade de início

A idade de início também é diferente. O Parkinson geralmente aparece entre os 50 e 60 anos , surgindo antes do Alzheimer, que costuma aparecer a partir dos 65 anos.

Prevalência

A prevalência da demência por Alzheimer é maior que a da demência por Parkinson. De acordo com o DSM-5 (2014), ela é de 6,4% na Europa.

Pessoa com doença de Parkinson

Tipo de demência

Finalmente, a demência aparece mais cedo no Alzheimer do que no Parkinson.

Quanto ao tipo de demência, no Alzheimer ela é cortical (implica o envolvimento do córtex cerebral), enquanto no Parkinson é subcortical (envolve as áreas subcorticais do cérebro).

Nesse sentido, cabe ressaltar que as demências corticais geralmente carregam sintomas cognitivos, enquanto as demências subcorticais carregam sintomas motores. No entanto, ambos os tipos de sintomas podem ser combinados em maior ou menor grau.

Vale lembrar que as demências corticais incluem o Alzheimer, a demência frontotemporal, a demência de Creuzfeldt-Jacob e a demência de corpos de Lewy, enquanto as demências subcorticais incluem o Parkinson, a doença de Huntington e a demência por HIV, principalmente.

“O Alzheimer apaga a memória, não os sentimentos”.
-Pascual Maragall-


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  • APA (2014). DSM-5. Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales. Madrid: Panamericana.
  • Belloch, A.; Sandín, B. y Ramos (2010). Manial de Psicopatología. Volumen II. Madrid: McGraw-Hill.
  • Buter, T.C., Van den Hout, A., Matthews, F.E., Larsen, J.P., Brayne, C. & Aarsland, D. (2008). Dementia and survival in Parkinson disease: a 12-year population study. Neurology, 70(13): 1017-1022.

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