4 dificuldades de trabalho enfrentadas por pessoas com autismo
Estima-se que cerca de 2% dos adultos estejam no espectro do autismo. Isso significa que milhões de pessoas no mundo sofrem as consequências da falta de conscientização e apoio social em relação a esse transtorno. Especificamente, suas dificuldades em se administrar no mundo do trabalho podem ser marcantes, afetando significativamente sua qualidade de vida. Por isso, hoje queremos falar sobre as experiências de pessoas com autismo no ambiente de trabalho.
Ter um emprego remunerado ou atividade regular é muito benéfico para as pessoas. Isso nos faz sentir úteis, valiosos e autossuficientes. Um fenômeno que não é diferente para pessoas com autismo. O que é diferente são as dificuldades que elas têm em encontrar emprego.
Autismo e empregabilidade
Não é uma questão de falta de habilidade. Na verdade, as pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) podem desempenhar papéis diferentes, sendo particularmente bons em alguns deles, destacando-se até mesmo do restante da população. O problema encontra-se na ausência de apoio, ajustes e compreensão por parte das organizações e empresas.
As dificuldades começam quando se trata de encontrar um emprego. E foi observado que entre 76% e 90% dos adultos com TEA estão desempregados. Esses números alarmantes têm várias causas: desde o abandono escolar superior e a falta de orientação vocacional até a discriminação ativa e passiva. E é que, em alguns casos, as organizações nem cogitam contratar pessoas com esse perfil; e, quando o fazem, não conseguem se ajustar às suas necessidades e demandas.
Por esse motivo, essas pessoas lutam em seus locais de trabalho e podem acabar saindo. Desta forma, devido à incapacidade de conseguir um emprego sustentado, estão condenados à instabilidade económica e emocional que isso acarreta. Mas quais são então as dificuldades que elas enfrentam?
Dificuldades enfrentadas por pessoas com autismo no ambiente de trabalho
Embora o espectro do autismo seja altamente heterogêneo e o grau de funcionamento varia consideravelmente de um indivíduo para outro, estes são alguns dos principais desafios que surgem nos ambientes de trabalho:
Sobrecarga sensorial
O cérebro das pessoas com autismo é hipersensível a estímulos externos. Por esse motivo, fatores como iluminação, barulho, etc. podem desencadear neles ansiedade e desconforto.
E é que, apesar de a maioria das pessoas se adaptar facilmente a esses elementos do ambiente, quem tem TEA não consegue essa adaptação sensorial e fica cada vez mais sobrecarregado. E isso não apenas gera grande desconforto emocional, mas também afeta sua produtividade e sua capacidade de funcionar socialmente.
Por isso, um ambiente de trabalho em que esses aspectos não são atendidos pode ser extremamente desafiador.
Dificuldades interpessoais
A cognição social é uma das principais áreas de dificuldade no TEA. Por esse motivo, a pessoa pode ter dificuldades de convívio com chefes e colegas (dentro e fora do trabalho) e de compreensão da política da empresa.
Muitas vezes será preciso ir direto ao ponto e não ficar navegando pelo mar de sutilezas e convenções sociais implícitas e improdutivas que muitas vezes são encontradas em ambientes de trabalho. A pessoa também pode achar difícil trabalhar em equipe e seguir as diretrizes impostas por outros.
Falta de estrutura
A inflexibilidade cognitiva do autismo torna a adaptação à mudança um verdadeiro desafio. Assim, um ambiente mal estruturado, no qual não há posições fixas, no qual coexistem múltiplas tarefas atribuídas e no qual tudo é excessivamente dinâmico e imprevisível pode causar grande desconforto.
Da mesma forma, uma pessoa com TEA que vinha trabalhando perfeitamente em um cargo pode deixar de fazê-lo se houver mudanças na dinâmica. O que para muitas pessoas seria um pequeno inconveniente, para ela torna-se um buraco.
Masking
Outra das dificuldades que as pessoas com autismo enfrentam no local de trabalho é a exaustão produzida pelo masking.
Imagine ter que representar um papel em uma peça de teatro por oito horas seguidas, ter que fingir continuamente e se forçar a ser e fazer o que não quer. Essa necessidade de se camuflar para se encaixar é desgastante e pode exigir longos períodos de recuperação depois.
Como ajudar as pessoas com autismo no local de trabalho?
Em suma, uma pessoa com TEA enfrenta todos os dias em seu ambiente de trabalho estímulos intensos que atacam seus sentidos, interações sociais difíceis de navegar, mudanças abruptas e avassaladoras, e tudo isso enquanto desempenha um papel que não é natural. Fica fácil entender então porque manter um emprego é tão desafiador.
Para evitar que isso aconteça, seria preciso começar na fase escolar, dando uma boa orientação que permitisse às pessoas uma boa escolha profissional. E é que escolher um trabalho adequado às necessidades, interesses e habilidades pessoais é crucial.
Além disso, as organizações devem estar mais conscientes e sensíveis a esses desafios e dificuldades e facilitar alguns ajustes e suportes. Cuidar da estimulação sensorial do ambiente, oferecer um ensino estruturado de tarefas, comunicar-se diretamente e proporcionar independência seriam excelentes contribuições.
Em suma, se as empresas cuidassem e apoiassem a saúde mental de seus trabalhadores, essas dificuldades no trabalho seriam reduzidas.
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