Dislalia: características, tipos e tratamento

A dislalia é um distúrbio relacionado à comunicação e, mais especificamente, à linguagem. Neste artigo, falaremos sobre a sua definição, descreveremos seus tipos e apontaremos a tendência de uma possível intervenção.
Dislalia: características, tipos e tratamento
Carlos Santiago

Escrito e verificado por o psicólogo Carlos Santiago.

Última atualização: 03 janeiro, 2023

A dislalia está associada ao desenvolvimento inadequado da linguagem na infância e tem a ver com a dificuldade de articulação em crianças com mais de quatro anos de idade, sem que o quadro possa ser explicado por uma anormalidade do sistema nervoso. Quais são as suas características, tipos e possíveis tratamentos? Falaremos sobre o assunto a seguir.

Nesse contexto, falamos da aquisição da linguagem como parte fundamental para o desenvolvimento das atividades psicológicas superiores. Ou seja, daquelas habilidades que nos caracterizam como espécie e que, no futuro, nos ajudarão a resolver problemas complexos, fazer cálculos mentais, organizar nossas atividades diárias, trocar ideias entre seres humanos e tantas outras habilidades.

A linguagem

Ao longo da história, a linguagem foi necessária para desenvolver uma comunicação complexa, abstrata e precisa. Isso nos permitiu nos comunicar em registros muito diferentes, de cultura para cultura e de geração para geração. Portanto, um distúrbio de linguagem, em muitos casos, é um obstáculo para compartilhar informações, aprender com elas e evoluir.

Uma das formas mais comuns de transmitir conhecimento e expressar a linguagem é por meio da fala, e um dos problemas mais comuns em seu desenvolvimento é a dislalia.

Menino com fonoaudióloga

Características

O termo dislalia vem do grego dis, que significa ‘dificuldade ou anomalia’, e lalia, que significa ‘fala’. A dislalia é um distúrbio que afeta a capacidade de falar e se caracteriza por uma articulação inadequada dos fonemas. Atualmente, na classificação do DSM 5, o nome foi alterado para Distúrbio do som da fala.

São percebidas dificuldades claras na pronúncia da “unidade fonológica mínima (…) da língua: em português, / b / e / l / são dois fonemas diferentes porque existem pares de palavras, como “bata” e “lata”, em que, trocando um pelo outro, muda o sentido da palavra”.

Tipos

O fonoaudiólogo Raul Agudo cita quatro motivos ou tipos associados à sua origem. Claro, a linguagem é uma atividade na qual vários sistemas intervêm para serem manipulados e, portanto, interpretados. Esses sistemas devem ser levados em consideração para gerar uma classificação dos tipos de dislalia.

Dislalia evolutiva

A dislalia evolutiva ainda não pode ser considerada uma patologia em si, uma vez que, como o próprio nome indica, a habilidade da linguagem, para parâmetros comuns, ainda está em evolução. Portanto, alguns erros são aceitáveis. No entanto, eles podem servir como um ponto de partida para prevenir futuros distúrbios de linguagem.

Terapeutas como Alba Jiménez e Alma Acuña concordam que esse tipo de dislalia tem um período que varia de zero a três/quatro anos. Como nessa idade ainda são esperadas mudanças no sistema nervoso central, há autores, como Raúl Aguado, que resistem a falar de um distúrbio de linguagem propriamente dito nesta fase.

Dislalia audiógena

Como o próprio nome indica, partindo do princípio de que a linguagem é uma habilidade multissistêmica, o segundo tipo de dislalia refere-se a um deles, o sistema auditivo. Tem como foco o correto funcionamento dos órgãos que compõem o referido sistema; portanto, é imprescindível realizar exames especializados para confirmar ou descartar o mau funcionamento dos mesmos.

Se a pessoa não ouvir bem, terá problemas para reproduzir corretamente os fonemas, e isso já é classificado como dislalia. Portanto, sua atenção deve estar voltada para a resolução dos problemas auditivos.

Dislalia orgânica

O terceiro tipo de dislalia está associado aos órgãos envolvidos na pronúncia correta dos fonemas. Deixou de ser parte do desenvolvimento ou de um problema de audição, e passou a ser consequência de um defeito ou malformação de um órgão que participa da fala.

As áreas mais frequentemente afetadas são lábio, palato, língua e dentes, as quatro zonas que permitem o ponto e o modo de articulação fonêmica. Os exemplos mais comuns são: fenda labial e/ou palatina, frênulo lingual e deformação dentária.

Dislalia funcional

Ao contrário da categoria anterior, em que intervém uma malformação orgânica, esta é caracterizada por um funcionamento inadequado dos órgãos que intervêm no processo de fala.

Ou seja, os órgãos estão em um estado adequado e, portanto, espera-se que seu desempenho seja normal. Porém, são detectadas imperfeições e dificuldades relacionadas ao uso dos fonemas, o que a torna o quarto tipo de dislalia.

Intervenção para a dislalia

Intervenção

A intervenção é definida de acordo com o tipo de dislalia apresentada. Quanto aos três primeiros tipos aqui descritos, as informações fornecidas indicam a área do profissional especializado que deve ser procurado. A área da psicologia está mais preocupada com a dislalia funcional. Embora nas outras modalidades seja possível intervir como suporte, o principal obstáculo não está na nossa área.

Infelizmente, em muitos casos, a intervenção que o especialista orienta vai depender da abordagem ou da corrente que segue, seja esta a melhor ou não. Por outro lado, os recursos de intervenção são diversos, podendo ir desde exercícios musculares do aparelho de fala até o treinamento da zona psicológica específica.


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