Sistema nervoso simpático: características e funções

Sistema nervoso simpático: características e funções
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 26 setembro, 2022

Apresentar-se em um concurso, reagir a um carro desgovernado, descobrir que o despertador não tocou pela manhã, fugir de alguém que nos incomoda, etc. Essas situações caracterizadas por estresse, ansiedade ou a clara sensação de perigo são reguladas pelo sistema nervoso simpático.

No nosso dia a dia, dificilmente temos consciência da grande quantidade de situações nas quais essa estrutura age. Não é necessário que surja um risco real ou tangível diante de nós para que ela se ative.

Fatores como o estresse cotidiano ou a simples pressão que costuma acompanhar quase implicitamente cada um de nossos dias refletem uma coisa admirável: somos organismos projetados para sobreviver, para ter (ou pelo menos tentar ter) sob controle os elementos significativos do ambiente ao nosso redor.

Assim, situações tão comuns quanto correr para pegar o ônibus e não chegar tarde ao trabalho, reagir a tempo para que uma xícara não caia no chão, para que nosso cachorro não fuja pela porta ou para que nosso filho não coloque algo que caiu no chão na boca são exemplos simples da importância dessa estrutura.

O que sentimos nesses momentos não é nada novo para nós. O coração acelera, nossos músculos ficam tensos e somos capazes de fazer movimentos de forma extremamente rápida em questão de segundos.

Todo esse processo fisiológico diante de qualquer estímulo e situação de elevada conotação emocional é organizado por esse sistema. Vamos analisar mais informações sobre esse assunto a seguir.

“A vida só é suportável quando o corpo e a alma vivem em perfeita harmonia, quando existe um equilíbrio entre ambos e quando se respeitam mutuamente”.
-David Herbert Lawrence-

Mulher com medo em floresta

O que é o sistema nervoso simpático?

O sistema nervoso simpático é uma das ramificações do sistema nervoso autônomo. Devemos nos lembrar, em primeiro lugar, de que estamos perante um tipo de estrutura que é responsável por um grande número de funções involuntárias.

Ou seja, tarefas como o controle da frequência cardíaca, a digestão, a transpiração, etc. são dimensões reguladas tanto pelo sistema nervoso simpático quanto pelo parassimpático ou o entérico.

  • No entanto, o sistema nervoso simpático é responsável por uma série de tarefas muito específicas: regular e ativar nossos reflexos e nossas reações. Como já afirmamos, é esse centro orgânico que nos permite reagir a qualquer estímulo emocional “não neutro”, como, por exemplo, qualquer situação de estresse, seja leve ou intenso, assim como nos mostra um estudo realizado pela Universidade Welfare, em Osaka, no Japão.
  • Por sua vez, esse sistema é formado por uma cadeia de 23 gânglios que saem do bulbo raquidiano e que se conectam a ambos os lados da medula espinhal e dos órgãos que a enervam.
  • Por outro lado, esse sistema é constituído por dois tipos de neurônios. Os primeiros são os pré-ganglionares, os quais se conectam com a medula espinhal e o próprio gânglio. Assim, para poder realizar suas funções, precisam de um neurotransmissor bem específico: a acetilcolina.
  • Por sua vez, o outro tipo de neurônio que rege o sistema nervoso simpático é o pós-ganglionar, que precisa de noradrenalina para poder fazer a comunicação entre o gânglio e o órgão que enerva (coração, fígado, intestinos, pulmões, etc.).

As áreas do sistema nervoso simpático

É importante saber como o sistema nervoso simpático se estrutura. Agora que já sabemos como se conecta, vamos ver como se distribui no organismo:

  • Área de saída: o sistema nervoso simpático parte, como já afirmamos, do bulbo raquidiano, núcleo que regula um amplo espectro de funções inconscientes para nós, mas vitais para a nossa existência.
  • A área simpática cervical: onde está localizada toda a formação nervosa da cabeça e do pescoço.
  • Área cardíaca superior: com todas as ramificações vasculares viscerais relativas aos plexos carotídeos, a região submaxilar, a faringe, a laringe, etc.
  • A área simpática torácica: uma região que abrange ambos os lados da coluna vertebral, incluindo articulações, nervos intercostais, etc.
  • A área lombar: incluindo o músculo psoas, a veia cava inferior, etc.
  • A área pélvica: que vai desde a região do sacro até o reto.
Sistema nervoso simpático

O que acontece no corpo quando o sistema nervoso simpático é ativado?

Para qualquer pessoa que sofra de estresse no dia a dia, será muito interessante saber o que acontece em seu próprio corpo nessas situações. E mais, se sofremos de algo como uma hipertensão, também pode ser relevante saber como o sistema nervoso simpático influencia a nossa saúde.

De fato, estudos como o publicado pelo Journal of Human Stress explicam como esse vínculo se forma e quais são as diferenças entre homens e mulheres.

No entanto, o mecanismo de atuação do sistema nervoso simpático em qualquer situação de perigo ou ansiedade é um dos processos mais complexos e impressionantes. Vamos ver em um esquema como esse sistema reage a um estímulo ameaçador:

  • Estimula a liberação de adrenalina e noradrenalina no sangue através dos rins. A finalidade disso é simples: precisamos de mais energia e ativação para poder reagir. Essa energia, por exemplo, exige que o fígado produza mais glicose.
  • Aumenta a frequência cardíaca para nos proporcionar mais oxigênio e nutrientes através do sangue.
  • Ocorre a bronco-dilatação, ou seja, precisamos de mais oxigênio e nossos pulmões trabalham no máximo rendimento.
  • Todas as atividades relativas à digestão ficam mais lentas. Não podemos nos esquecer de que esse processo exige muita energia. Assim, em momentos de estresse e perigo, a digestão se torna uma tarefa secundária. A única coisa que o cérebro quer é nos fazer reagir, isto é, enfrentar esse estímulo ou fugir.
  • Por sua vez, e não menos interessante, o sistema simpático provoca a midríase, ou a dilatação da pupila. Dessa forma, essa reação inconsciente nos permite aumentar o campo visual e reagir com maior segurança.

Para concluir, assim como dizia o filósofo Henri-Frédéric Amiel, nosso corpo é o templo perfeito da natureza. É algo que nos foi dado, mas é nossa obrigação cuidar dele e também estudá-lo.

Somente assim poderemos conseguir compreender melhor a nós mesmos, entender por que somos como somos e por que ocorrem determinados problemas ou condições quando menos esperamos.


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