Como o divórcio dos pais afeta a criança?

Como o divórcio dos pais afeta a criança?
Sara Clemente

Escrito e verificado por psicóloga e jornalista Sara Clemente.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

O divórcio dos pais pode ter efeitos – mais ou menos importantes, dependendo das circunstâncias – em todos os membros da família. Em muitos casos, a separação familiar dá origem a uma situação indesejável e insustentável que afeta principalmente as crianças.

A manipulação e a falta de respeito talvez sejam as primeiras tentações nas quais nenhum casal deveria cair. Portanto, é essencial limpar a linguagem de insultos para com o outro, tentando priorizar o bem-estar dos filhos.

Além disso, é muito prejudicial para a saúde mental das crianças o fato de se sentirem forçadas a se posicionar do lado de um ou de outro. Não demonize o outro, mas tente facilitar a transição para a nova realidade familiar.

O impacto do divórcio dos pais nas crianças

Mudanças no lar

A saída de um dos pais altera o ambiente familiar, e essas mudanças para as crianças são tão perceptíveis quanto inevitáveis. É difícil explicar para a criança as razões pelas quais mamãe e papai não estão mais juntos. Portanto, os esforços não devem ser tanto nas explicações, mas em garantir, a todo momento, sua segurança física, emocional e psicológica.

Para isso, é necessário fazer um esforço para fazê-los entender que seus pais continuarão estando presentes, mesmo que seu relacionamento tenha sido rompido. Além disso, no futuro, isso permitirá que eles aceitem novos membros da família no caso de seus pais decidirem reconstruir suas vidas amorosas.

Pai e filho

Trabalhar com a incerteza

Para muitas crianças, a separação familiar pode significar a mudança de um nível socioeconômico estável para um estado de total incerteza. De ter uma vida equilibrada, ordenada e segura, a estar cercadas por uma série de ameaças financeiras, que podem causar sérias dificuldades emocionais na criança. A percepção das mudanças, na medida do possível, não deve ser abrupta, mas progressiva.

Crianças “mala”

A guarda compartilhada é uma das soluções propostas pela legislação para garantir a atenção física conjunta da criança por ambos os pais. Diante disso, existe o perigo das “crianças mala”. Aquelas que, tendo que trocar de casa em um curto período de tempo, estão constantemente indo e vindo, como se não pertencessem a nenhuma das duas casas.

Muitas crianças podem reagir mal a essas mudanças constantes nas rotinas, relacionamentos, ambientes, regras e horários. Isso, no final, pode levá-las a desenvolver deficiências afetivas.

Medo, angústia e estresse

Como consequência das mudanças que mencionamos, uma das reações mais comuns em crianças é o medo. Pânico sobre o que acontecerá em um futuro imediato. Meus pais vão me amar da mesma maneira? O que tenho que fazer agora? Verei meus amigos de novo?

Essas são algumas das perguntas que a criança pode fazer em sua cabeça e que, se não forem esclarecidas pelos adultos, podem gerar alterações emocionais.

É por isso que é importante transmitir segurança e demonstrar que o vínculo emocional, o amor e a relação entre pais e filhos permanecerão sempre intactos. Mesmo assim, é até certo ponto normal que, especialmente em momentos imediatamente posteriores à separação, surjam estados de desconforto e angústia nos menores.

Por outro lado, diante do divórcio dos pais, os irmãos mais velhos podem ser um apoio e uma referência importante, especialmente para construir a história do que aconteceu. Esse laço sanguíneo ou afetivo é recomendado nesse tipo de circunstâncias, em que as crianças podem sentir que seus pais estão mais focados em seus próprios problemas do que nelas.

Mãe abraçada com seu filho

Mudanças de comportamento

No processo do divórcio ou da separação, os pequenos podem manifestar importantes mudanças de comportamento. Muitas vezes, são um alerta ou uma tentativa de se aproximar seus pais.

Isso está intimamente ligado a uma das emoções negativas mais poderosas que todos os seres humanos têm: a culpa. Se uma criança se sente culpada pelo divórcio dos pais, ela pode apresentar diferentes comportamentos compensatórios, ou até lesionar a si mesma.

Falamos de um mecanismo de defesa usado para se proteger da dor gerada pela separação de seus pais. É um reflexo da não aceitação da separação.

Mais uma vez, é essencial que as crianças compreendam a distinção entre o relacionamento do casal e o vínculo que cada um deles mantém com o filho. Casal e maternidade/paternidade.

Assim, por um lado, a separação familiar pode afetar muito o bem-estar das crianças. Por outro lado, pode ser positiva para eles do ponto de vista do clima familiar. Ao cessar as tensões, conflitos e relacionamentos ruins entre os adultos, a qualidade de vida da criança pode melhorar.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.