Os dois sistemas de pensamento de Kahneman

Você está familiarizado com os dois sistemas de pensamento de Kahneman? Esse psicólogo e Prêmio Nobel de Economia (2002) desenvolveu uma teoria na qual explica as duas formas de pensar que utilizamos no nosso dia a dia. Vamos conhecê-las?
Os dois sistemas de pensamento de Kahneman

Última atualização: 17 dezembro, 2020

Quais sistemas de pensamento são ativados no dia a dia quando desenvolvemos tarefas diferentes? E quando precisamos tomar decisões? A partir da psicologia, as teorias a esse respeito são múltiplas, embora uma delas tenha sido fortemente influente: a teoria dos dois sistemas de pensamento de Kahneman.

Daniel Kahneman, psicólogo ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2002, escreveu em 2012 o livro “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, no qual expõe a sua teoria sobre dois sistemas de pensamento bem diferenciados. O sistema 1 é mais intuitivo, rápido e automático, e o sistema 2 é mais deliberativo, lógico e lento. O que mais sabemos sobre esses sistemas? Quando os usamos? Como eles interagem?

“Uma coleção de pensamentos deve ser uma farmácia onde se encontra o remédio para todos os males”.
– Voltaire –

Mulher analisando seus pensamentos

Os dois sistemas de pensamento de Kahneman

Os sistemas de pensamento de Kahneman são encontrados no livro do autor, “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar” (Debate, 2012). Daniel Kahneman é um psicólogo norte-americano e israelense nascido em Tel Aviv (Israel) em março de 1934. Atualmente, é considerado um dos pensadores mais importantes do mundo, e recebeu o Prêmio Nobel de Economia (2002) graças ao seu trabalho em psicologia sobre o modelo racional de tomada de decisões.

As ideias de Kahneman repercutiram em áreas como a medicina, a política e a própria economia. Como já dissemos, em seu livro, Kahneman descreveu dois tipos de pensamento ou sistemas que moldam a forma como pensamos. Enquanto o Sistema 1 é rápido, intuitivo e emocional, o Sistema 2 é mais lento, deliberativo e lógico. Quer saber mais sobre esses dois sistemas? Continue lendo!

Sistema 1 (rápido)

O primeiro dos sistemas de pensamento de Kahneman é um sistema rápido, automático e emocional. Outra característica é que ele é estereotipado e subconsciente. O sistema 1 tem a função de gerar intuições que podem ser utilizadas para as tarefas que realizamos (embora nem sempre sejam úteis). Esse sistema também é chamado de sistema implícito.

O sistema 1 é aquele que é ativado com a intuição e os heurísticos. Permite-nos realizar tarefas diárias básicas, como caminhar ou escovar os cabelos. Além disso, de acordo com Kahneman, o sistema 1 associa novas informações a padrões que já existem na mente. Assim, por meio dele, a mente não está criando novos padrões a partir de cada nova experiência, mas associando novas informações com informações antigas (criando relações significativas).

Quando o usamos?

Usamos o primeiro dos sistemas de pensamento de Kahneman para decidir a maioria das nossas questões do dia a dia. Ou seja, ele nos permite tomar decisões rápidas e não muito complexas. Além disso, usamos o sistema 1 para tirar conclusões automaticamente.

Sistema 2 (devagar)

O segundo sistema que Kahneman propõe, o sistema 2, é mais lento e requer mais esforço por parte do indivíduo. É menos frequente e mais lógico do que o anterior, além de calculista e consciente. Dizemos consciente no sentido de que, quando usamos o sistema 2, temos plena consciência de que o estamos usando ao resolver um problema, por exemplo.

A sua função é tomar decisões finais após observar e controlar as intuições decorrentes do sistema 1. O sistema 2, ao contrário do anterior, nos permite realizar tarefas um pouco mais complexas, como aprender uma língua, refletir sobre um determinado assunto.

Quando o usamos?

O segundo sistema, ao contrário do primeiro, é usado para tomar decisões mais complexas ou difíceis; portanto, é um tipo de pensamento mais deliberado. É um sistema que exige mais concentração de nossa parte, pois predomina quando enfrentamos tarefas complexas. Além disso, usamos esse sistema para emitir respostas conscientes.

Homem preocupado

Interação dos dois sistemas de pensamento

Os dois sistemas de pensamento de Kahneman estão continuamente ativos no dia a dia e se comunicam entre si. Porém, cada um deles dominará o outro dependendo da tarefa a ser executada.

Cada um dos sistemas tem a sua função. Assim, enquanto o sistema 1 determina os nossos pensamentos em relação às percepções do ambiente e da memória visual e associativa, o sistema 2 é responsável por desenvolver conclusões com base nas intuições do primeiro. Este sistema deliberativo pode ser muito útil na tomada de decisões complexas, pois é mais lento e requer maior concentração do que o anterior (a concentração é um fator-chave na tomada de decisões). É por isso que Kahneman chama esse segundo processo de “pensar devagar”.

Em termos de interação, de acordo com Kahneman, o sistema 1 de pensamento tem uma influência maior no comportamento quando o sistema 2 está ocupado. O que mais Kahneman nos diz sobre manter a sua mente ocupada e usar os dois sistemas? Deixamos para você um fragmento do seu livro:

“As pessoas que estão cognitivamente ocupadas são mais propensas a tomar decisões egoístas, usar linguagem sexista e fazer julgamentos superficiais em situações sociais. Memorizar e repetir dígitos diminui o controle do sistema 2 sobre o comportamento, mas a carga cognitiva não é a única causa do autocontrole enfraquecido”.
– Daniel Kahneman –

Conclusão sobre os dois sistemas de pensamento

Em última análise, os dois sistemas de pensamento de Kahneman operam na mente para nos ajudar a tomar decisões e resolver problemas. Porém, de acordo com uma entrevista com Daniel Kahneman no jornal ABC, a realidade é que, na maioria das vezes, não refletimos sobre qual dos dois sistemas está dominando o outro e, dessa forma, direcionando o nosso comportamento.

“O trabalho do pensamento se parece com o de perfurar um poço: a água fica turva no início, mas depois clareia”.
– Provérbio chinês –


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  • Garnham, A. y Oakhill, J. (1996) Manual de Psicología del Pensamiento. Ed. Paidós.
  • Kahneman, D. (2012). Pensar rápido, pensar despacio. Ed. Debate.

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