Dores crônicas e emoções negativas: qual a relação entre elas?

Dores crônicas e emoções negativas: qual a relação entre elas?

Última atualização: 09 maio, 2017

Parece difícil não relacionar a dor com o fato de nos sentirmos mal emocionalmente, não é verdade? Quem nunca bateu com o joelho na quina de uma mesa e ficou “chateado” com ela? Além da chateação, também podemos nos sentir tristes e ansiosos.

Agora, imagine que a dor não seja passageira, mas sim que esteja presente na maior parte do tempo. Não é difícil supor o mal-estar emocional associado a ela, não é verdade? O caso é que existem inúmeros estudos sobre a influência de fatores psicológicos nas dores crônicas. Então… o mal-estar emocional é provocado pelas dores crônicas, ou é o contrário?

“A maior dor do mundo não é a que mata com um golpe, mas sim aquela que, gota a gota, penetra a alma e a rompe.”
-Francisco Villaespesa-

As dores crônicas e a tristeza

O caso é que, ainda que saibamos que as dores crônicas e as emoções negativas estejam vinculadas, é complexo delimitar, de maneira concreta, qual é esta relação. Não sabemos de forma exata como as emoções influenciam na aparição e aumento das dores, da mesma maneira que não conhecemos o papel que as dores têm nas emoções negativas.

Por outro lado, as dores crônicas implicam altos níveis de incapacidade. Assim, quem sofre com elas vê sua vida muito afetada. Isso também se relaciona com o mal-estar emocional que geralmente aparece nessas pessoas. De fato, esta perda de capacidade funcional pode causar altos níveis de tristeza.

A dor que não é aliviada com lágrimas pode fazer outros órgãos chorarem.
-Francis J. Braceland-

Constatou-se que a incidência de depressão é maior nos pacientes com dores crônicas em comparação com a população de maneira geral. Mas não apenas isso, a tristeza prediz também aumentos nas dores. De forma concreta, mostrou-se que estas emoções são os indicadores mais fortes das dores na artrite reumatoide.

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A ansiedade e as dores crônicas

As dores crônicas não apenas estão associadas à tristeza ou à depressão. Elas também têm relação com a ansiedade e a ira. Em respeito a ansiedade, foi visto que as pessoas com dores crônicas são mais ansiosas. Além disso, os transtornos de ansiedade são maiores na população que sofre de dores crônicas do que entre as que não sofrem.

Da mesma maneira que a tristeza, foram encontrados indícios de que sentir ansiedade influencia na experiência de dores crônicas. Níveis altos de ansiedade, com o tempo, nos tornam suscetíveis a episódios frequentes de dores. Mas… não é apenas isso, também pioram as dores que já estavam ali. Assim, a dor é mais acentuada e sustentada em pacientes com níveis de ansiedade mais elevados.

A sensibilidade à ansiedade também tem seu papel. Isto é, o medo dos sintomas de ansiedade, associados à crença de que esses vão trazer consequências prejudiciais para nós. Este fator influencia tanto no início quanto na manutenção das dores crônicas.

“Dê a palavra à dor: a dor que não fala, geme no coração até que o parte.”
-William Shakespeare-

As dores crônicas e a ira

O papel da emoção e da raiva na saúde física foi estudado inúmeras vezes. De fato, foram encontradas evidências de que sua experiência e expressão contribuem para o início e a evolução de diversas doenças psicossomáticas, como por exemplo doenças cardíacas e o câncer.

Em relação às dores crônicas, os resultados indicam que as pessoas que sofrem com esses problemas apresentam maiores níveis de raiva e hostilidade do que o restante da população. Também se constatou que a expressão interna da raiva é mais alta do que no restante das pessoas. Com isso, queremos dizer que essas pessoas experimentam chateações que não expressam de maneira externa, mas que manifestam em seus diálogos internos mediante pensamentos negativos, o que não deixa que reflitam.

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Além disso, observou-se que os pacientes com dores crônicas que tendem a expressar sua raiva desta maneira, ao invés de colocá-la para fora (raiva externa) ou controlá-la de forma mais adequada (controle da raiva), apresentam níveis mais altos de dor. No entanto, também é prejudicial expressar a raiva de maneira externa, já que aquele que o faz pode ter suas relações interpessoais afetadas, o que pode diminuir seu apoio social, uma peça chave para lidar com esta questão.

Por tudo isso, é extremamente relevante intervir no plano psicológico nos pacientes com dores crônicas. Uma gestão adequada da raiva, assim como estratégias de controle da ansiedade e tristeza, não apenas vão trazer um maior bem-estar psicológico, como também vão ajudar na diminuição das dores.

Imagens cortesia de Cristian Newman e Ryan McGuire.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.