O que é a ecpatia?

O que é a ecpatia?
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 18 maio, 2023

A ecpatia é um novo termo complementar à empatia, que permite um controle adequado do contágio emocional e dos sentimentos induzidos. Este conceito foi proposto pelo médico e professor em Psiquiatria J.L. González para definir o processo voluntário de exclusão de sentimentos, atitudes, pensamentos e motivações induzidas por outras pessoas.

A ecpatia não é a indiferença ou a dureza afetiva característica de pessoas que não têm empatia, mas é uma manobra ou uma ação mental positiva que compensa a empatia. Essa ação mental compensatória nos protege da inundação afetiva e impede que as emoções dos outros nos arrastem: um risco que as pessoas excessivamente empáticas correm.

Deste ponto de vista, não podemos confundir “colocar-se no lugar do outro com assumir o lugar do outro”. A empatia nos ajuda a compreender as pessoas e seus problemas, mas pode ser realmente perigosa quando ficamos presos ao outro.

“Se o grau de envolvimento de uma pessoa empática com outra não é adequado, existe o risco de cair no que é chamado de ‘armadilha do messias’: amar e ajudar os outros esquecendo de se amar e ajudar a si mesmo”.
– Carmen Berry –

Ecpatia contra a manipulação

Embora pensemos que existem especialistas em induzir e transmitir emoções, a realidade é que não estamos indefesos: temos ou podemos adquirir ferramentas suficientes para que esse “sequestro” emocional não ocorra. Um sequestro emocional que, muitas vezes, ocorre devido à sensibilidade especial do sequestrado, e não pela intenção do sequestrador de que o outro permaneça nesse estado. Nesse sentido, não podemos confundir o contágio emocional com a empatia.

A empatia gerencia as informações que recebemos dos outros. Se considerarmos apenas os pontos de vista, desejos e emoções dos demais, a convivência se torna desastrosa. No entanto, a empatia permanece incompleta sem a capacidade de gerir o contágio emocional e compensá-lo através de outra qualidade mental.

Mulheres maquiadas chorando

Enquanto a empatia envolve “colocar-se no lugar de outro”, a ecpatia significaria “colocar-se no seu próprio lugar”. As duas qualidades são necessárias e importantes. A ecpatia é ação mental que nos protege da manipulação ou das inundações emocionais dos outros, evitando que as emoções alheias nos dominem.

“A empatia é uma resposta afetiva mais adequada à situação dos outros do que à sua própria situação”.
– Martin Hoffman –

O ponto de equilíbrio nas emoções está entre a empatia e a ecpatia

Daniel Goleman, autor do livro ‘Inteligência Emocional’, diz que a empatia é basicamente a capacidade de entender as emoções dos outros nas situações dos outros. No entanto, também ressalta que, em um nível mais profundo, trata-se de definir, compreender e reagir diante das preocupações e necessidades que estão integradas nas respostas e reações emocionais das outras pessoas.

A ecpatia é o contrário e, ao mesmo tempo, complementar à empatia. Este processo voluntário nos ajuda a impedir o excesso de contágio emocional em determinadas situações, como cuidar de pessoas doentes ou em tragédias humanitárias. Dessa forma, acabamos bloqueando a dor, evitamos a manipulação mental ou até mesmo a histeria coletiva.

Amigas conversando em jardim de flores

Portanto, nem todo contágio emocional é bom para nossa saúde emocional. O ideal seria regular a capacidade empática, não só no sentido de melhorar a capacidade de compreender, mas também no sentido de impedir ou limitar a extensão desta experiência. Esse desequilíbrio pode ser prejudicial para a pessoa que é excessivamente empática.

“Quando as pessoas conversam, escute atentamente. A maioria das pessoas nunca escuta”.
– Ernest Hemingway –


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