Ed Kemper, o assassino de colegiais

Metódico, minucioso, organizado e com um QI de 145. Foi capturado devido à sua própria confissão. Certamente desperta curiosidade. Você quer saber mais sobre Ed Kemper?
Ed Kemper, o assassino de colegiais

Escrito por Vanessa Viqueira

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Ed Kemper, conhecido como “o assassino de colegiais”, sentia um ódio muito grande por sua mãe, motivo que o levou a cometer uma onda de assassinatos. Humilhado, desprezado e abandonado por sua mãe, ele jamais a perdoaria.

Com mais de dois metros de altura e um QI de 145, esse organizado assassino em série era conhecido por sua minuciosidade. Foi capturado quando ele mesmo decidiu confessar seus assassinatos em detalhes.

A infância de Ed Kemper

Quando era apenas um adolescente, Edmund Emil Kemper III, o nome verdadeiro do serial killer Ed Kemper, assassinou a tiros sua avó e seu avô. No entanto, aquela fúria e explosão de violência não eram uma novidade, pois desde muito jovem ele já demonstrava sua natureza sádica e cruel.

A verdade é que seu comportamento anômalo tinha uma origem, como ele mesmo revelaria na idade adulta. Ed Kemper falou sobre o desprezo e os maus-tratos a que havia sido submetido por sua mãe Clarnell, que lhe transmitiu uma educação rígida e na qual o sexo era visto como um pecado.

Sua mãe temia que ele pudesse abusar das irmãs, então ela o colocou para dormir sozinho no porão da casa da família. Essas atitudes de rejeição, bem como o desenvolvimento de uma patologia psicológica, foram gerando em Ed um ressentimento contra as mulheres. A origem desse ressentimento seria sua mãe.

Jovem vítima de maus-tratos

Na escola, ele não se encaixava e sua enorme altura era parcialmente responsável por isso. Devido às dificuldades de adaptação, seu pai, que assim como sua mãe não queria cuidar dele, resolveu levar Ed para ficar com os avós que viviam em uma fazenda, para que o ajudassem na educação do filho.

O que Ed encontrou foi uma réplica do que tinha na casa da mãe, maus-tratos e humilhações e, após um suposto acesso de raiva, acabou com a vida de sua avó e de seu avô.  Quando o xerife lhe perguntou o motivo, sua resposta foi: “Eu queria saber como seria matar minha avó”.

Vida adulta

Após um exame psicológico, seu diagnóstico foi de esquizofrenia paranoide, motivo pelo qual foi internado no Hospital Estadual, uma unidade especializada em agressores sexuais e criminosos com problemas psicológicos. Era o ano de 1969, quando Ed, de 21 anos, com mais de dois metros de altura, 130 quilos de peso e um QI de 145, finalmente alcançou a liberdade.

O terceiro assassinato foi cometido em 1972, após uma grande discussão com sua mãe. Ele pegou o carro dela e duas alunas, Mary Ann Pesce e Anita Luchessa, aceitaram entrar quando ele as convidou para acompanhá-las à Universidade de Stanford.

Ed pegou uma estrada secundária e as levou a um lugar isolado e solitário. Ele as esfaqueou e depois transportou seus corpos para seu apartamento, onde tirou fotos para guardar como lembrança. Mais tarde, profanou seus cadáveres e, depois de desmembrá-los, enterrou algumas partes na montanha mais alta de Santa Cruz. Como confessaria mais tarde, ele visitou o local e a tumba em várias ocasiões.

Onda de assassinatos

Para o assassino Ed Kemper, a morte e o sexo estavam completamente ligados. Ele não havia recebido uma educação adequada e a isso se somavam graves problemas psicológicos. Sua obsessão na época era apenas uma: dar caronas.

As vítimas sempre eram mulheres estudantes da região. Ao contrário de Ted Bundy, ele provocava uma rejeição inicial – lembramos aqui de sua enorme altura, exibindo um estilo hippie com cabelo curto e bigode comprido –, mas era gentil, correto e educado. Por que não confiar nele?

Dirigindo, ele procurava suas vítimas. No entanto, seu veículo tinha uma tecnologia especial: o tipo de carro que dirigia tinha um dispositivo de segurança no apoio de braço. Assim, quando a porta fechava, um trinco era abaixado, evitando que a vítima conseguisse abri-la novamente.

Estima-se que, durante os anos de 1970 e 1971, ele tenha dado mais de 150 caronas com seu carro. Classificado como um assassino organizado e meticuloso, ia modificando seu modus operandi, o que dificultava sua captura.

Além disso, ele tinha aperfeiçoado sua maneira de levar uma vida dupla, pois tinha conseguido um emprego como guarda de estrada e alugava um quarto em um subúrbio de São Francisco, conseguindo, assim, ficar longe de sua mãe.

Ele também compareceu a reuniões com especialistas para avaliar seu estado mental e fingiu tão bem sua lucidez que os profissionais concordaram que Ed não representava mais uma ameaça para si mesmo ou para os outros. O erro foi absoluto, pois exatamente naquele dia ele carregava a cabeça de uma de suas vítimas no porta-malas de seu carro.

Mas Ed sabia que não havia “realizado seu verdadeiro desejo”: acabar com a vida de uma mãe que desprezava. Ele tinha consciência de que sua vida dupla iria desmoronar, então decidiu chamar uma amiga de sua mãe para que fosse até sua casa, e ela também sofreu o mesmo destino.

O final do assassino Ed Kemper

Ed não demorou para ligar para a delegacia e acabou confessando os assassinatos. Quando foi preso, explicou detalhadamente todos os assassinatos que tinha cometido durante aqueles anos, pois tinha uma memória extraordinária. Ele culpava sua mãe, afirmando que todas as suas ações haviam sido uma espécie de preparação para acabar com sua mãe. Tendo realizado seu desejo, ele decidiu se entregar.

Em 8 de novembro de 1973, o estado da Califórnia o condenou à prisão perpétua. Durante o julgamento, ele chegou a pedir para receber a pena de morte, que não pôde ser aplicada porque, na época, já havia sido suspensa.

Depois de renunciar ao seu direito de solicitar a liberdade condicional, Ed Kemper se tornou um preso exemplar. Em várias ocasiões, ele aceitou dar entrevistas para investigadores. Um deles foi Robert Ressler, criminologista e agente do FBI.  Durante uma conversa na década de 1970, o gravador de Ressler registrou as seguintes palavras pronunciadas por Ed: “Se eu fosse a sociedade, não confiaria em mim.”


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  • Douglas, J., Olshaker, M., & Guelbenzu, A. (2018). Mindhunter: Cazador de mentes. Editorial Crítica.

  • Ressler, R. K., Shachtman, T., & Spicer, C. (1993). Whoever Fights Monsters: My Twenty Years Tracking Serial Killers for the FBI (Reissue ed.). St. Martin’s Press.

  • Mindhunter. (2017). Netflix.


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