O efeito da musicoterapia no nosso corpo

A música é um modelo de terapia que produz benefícios em nosso corpo. Em linhas gerais, é um canal de expressão emocional, de relaxamento, e uma forma de obter uma sensação de bem-estar.
O efeito da musicoterapia no nosso corpo
Laura Rodríguez

Escrito e verificado por a psicóloga Laura Rodríguez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O efeito da musicoterapia está muito ligado ao efeito geral da música sobre nós. Vamos pensar: quantos momentos da nossa vida estão associados à música?

Quantas situações, acompanhadas pela música, se tornam um momento único e especial? Falamos sobre um modo de transmissão e, inclusive, uma forma de vida, universal.

A partir da música, surge a musicoterapia: a terapia que utiliza a música ou se vale dela. Neste artigo, vamos nos aprofundar no conceito, descrevendo as técnicas mais importantes incluídas nesse tipo de terapia.

O que é a musicoterapia?

A musicoterapia é um método que utiliza a música e o som para estabelecer a comunicação e o vínculo necessários para conquistar objetivos de caráter terapêutico.

O efeito da musicoterapia é direcionado a melhorar a qualidade de vida e a saúde, visando o plano físico, emocional e cognitivo. Em especial, beneficiam-se pessoas que sofrem de lesões cerebrais, doenças terminais, demências, problemas de saúde mental e autismo.

O efeito benéfico da musicoterapia

Em 1950, Paul Nordoff, compositor e pianista norte-americano, e Clive Robbins, um britânico professor de crianças com necessidades especiais, começaram a trabalhar juntos para dar forma a uma abordagem terapêutica que tivesse a música como pedra angular.

Mais tarde, criaram a Nordoff Robbins Music Therapy, uma associação de musicoterapia dedicada a melhorar a qualidade de vida das pessoas que precisam de reabilitação neurológica.

Eles descobriram que as oportunidades para se envolver na criação ativa de música permitiram aos pacientes/clientes ir além do que se esperava deles.

Consequentemente, encontraram apoio empírico para a ideia de que fazer experimentos com a música estimula o nosso cérebro em um nível que, até então, desconhecíamos. Em outras palavras, encontraram evidências que defendiam o efeito da musicoterapia.

“Todo mundo pode responder à música, já que qualidades únicas da música podem realçar a comunicação, a mudança de atitude, e habilitar e formar as pessoas para viver mais criativamente”.
-Nordoff-Robbins Music Therapy-

Quais técnicas específicas a psicoterapia utiliza?

Existem diferentes técnicas específicas que podem ser empregadas na musicoterapia, seja a nível grupal ou individual. Algumas delas são:

  • A improvisação instrumental. Vaillancourt (2009) define a improvisação instrumental como “utilizar instrumentos de música para se expressar de maneira espontânea”. Consiste em apresentar à pessoa que está na terapia instrumentos para que ela os manipule livremente.
  • A improvisação vocal consiste no uso da voz para se expressar. Nesse sentido, são empregados diferentes recursos, como a improvisação a partir de palavras ou a imitação de sons do corpo ou da natureza. Por exemplo, com a voz e as diferentes partes do corpo, o paciente pode imitar o som dos pássaros, o som do mar, o som da tempestade, ou o som da chuva.
  • O musicoterapeuta reproduz uma canção ou, inclusive, toca algum instrumento, como o piano ou o violão. O objetivo é fazer o paciente reproduzir algum tipo de som e/ou cantar.
  • Escutar diferentes peças musicais com o objetivo de abrir os sentidos.

Qual é o efeito da musicoterapia no nosso cérebro?

A música tem certos componentes que atuam de maneira benéfica no nosso cérebro. Vale destacar que a música estimula a produção de serotonina, conhecida como o “hormônio da felicidade”.

Ela facilita, portanto, a ocorrência de mudanças na química cerebral, gerando uma sensação de bem-estar.

Nesse sentido, o cientista Robert Zatorre descreve os mecanismos neuronais de percepção musical, afirmando que a resposta cerebral aos sons é condicionada pelo que já se escutou anteriormente, dado que o cérebro tem uma base de dados armazenada e construída com todas as melodias conhecidas.

Por essa razão, Zatorre afirma que o efeito da musicoterapia no cérebro é positivo para as pessoas. Em suma, a música pode evocar conexões neuronais formadas anteriormente, transportando memórias ao foco de atenção consciente.

Benefícios na área cognitiva

Na mesma linha do parágrafo anterior, sabe-se que a musicoterapia contribui para a recuperação da memória ao estimular áreas cognitivas, tais como a linguagem e a atenção.

De acordo com o músico Javier Alcántara, as faculdades musicais e a memória musical são as últimas que perdemos. Por essa razão, um dos objetivos da musicoterapia é potencializar/preservar a memória e as capacidades cognitivas, principalmente em pessoas com demência.

Expressão de emoções

No aspecto emocional, assim como afirmado pela Nordoff Robbins Music Therapy, a musicoterapia nos permite evocar lembranças e expressar emoções que não encontrariam outra forma de saída.

Tocando esses instrumentos, pretende-se que a pessoa expresse por meio da música aquilo que seria muito difícil fazer por outros canais.

Além disso, os sons que geram e a forma como interagem com os instrumentos musicais podem dar pistas ao musicoterapeuta sobre o estado emocional do paciente/cliente.

Por esse motivo, a musicoterapia é considerada uma poderosa ferramenta para a expressão emocional, potencializando aspectos positivos, como a autoestima, a motivação e, em alguns casos, abrindo as portas para uma melhor gestão das emoções.

“Em suma, a música é uma via para expressar aquilo que carregamos dentro de nós”.

Efeitos fisiológicos e musculares

Assim como afirmado pela Fundação Musicoterapia e Saúde, essa técnica promove uma melhor respiração e relaxamento, dado que são utilizados estímulos e sons agradáveis e atrativos da vida cotidiana das pessoas.

Ao mesmo tempo, a musicoterapia pode ajudar a melhorar, a nível muscular, a velocidade e o equilíbrio ao caminhar, além de reduzir o risco de quedas.

Socialização

A musicoterapia permite potencializar a expressão verbal e aumentar a capacidade de expressão não verbal.

Em linhas gerais, a música estimula a capacidade de expressão e as habilidades comunicativas, dado que para a música são necessários certos elementos essenciais: a escuta ativa, a pausa entre as canções, as trocas de turnos, entre outros.

Esses elementos essenciais podem passar a ser aplicados à vida cotidiana e às relações sociais, melhorando a qualidade da capacidade de socialização.

Em suma, a música permite trabalhar as relações com o meio que nos rodeia, promovendo a criação e a intensificação de vínculos afetivos e estimulando a aquisição de habilidades sociais.

O efeito positivo da música sobre nós

Onde podemos ver o efeito da musicoterapia?

Atualmente, as principais aplicações da musicoterapia são as seguintes:

  • Diminuir os efeitos da demência em pessoas idosas. De maneira específica, estimular as funções cognitivas, como a linguagem e a memória.
  • Melhorar a função motora em pessoas com Parkinson.
  • Amenizar a dor e a ansiedade em pacientes hospitalizados.
  • Melhorar as habilidades de comunicação em crianças com autismo e asperger.
  • Recuperar a fala depois de um dano cerebral.
  • Reduzir os episódios de asma tanto em crianças quanto em adultos.

Para concluir, assim como explicamos anteriormente, o efeito da musicoterapia é notado na qualidade de vida, promovendo um canal de expressão emocional alternativo.

Por isso, hoje em dia a frequência de utilização dessa técnica aumentou, tendo, portanto, crescido o número de especialistas formados que a aplicam.

“A música é para a alma o que a ginástica é para o corpo”.
-Platão-


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  • Alvin, J. (1967): Musicoterpia: Barcelona: Paidós Ibérica, S.A.

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