O que é o efeito Horn?

O que é o efeito Horn?
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 12 setembro, 2018

O efeito Horn é o processo que nos faz julgar antecipadamente uma pessoa, atribuindo-lhe qualidades negativas de uma maneira geral a partir de outra qualidade conhecida. Por exemplo, tendemos a pensar que pessoas bonitas também são amáveis e generosas.

Esse efeito seria uma das vertentes do efeito Halo, que representaria essa tendência ou inclinação a atribuir características a uma pessoa a partir de outra que já conhecemos.

Esse efeito tem um importante papel, por exemplo, no processo de seleção para um emprego. Nesse sentido, o efeito Horn pode levar o recrutador a fazer inferências que não correspondem à realidade e, com base nelas, tomar sua decisão. Além disso, essa visão distorcida aumenta o risco de escolher candidatos não adequados e descartar quem seria ideal.

O início do efeito Horn

O psicólogo Edward L. Thorndike foi quem descobriu esse curioso efeito por volta do ano de 1920. Esse psicólogo investigava o exército e percebeu que quando os soldados descobriam algo positivo sobre seus superiores, automaticamente passavam a atribuir-lhes outras características positivas. Da mesma forma, se a primeira coisa que observavam era algo ruim, o superior em questão seria julgado antecipadamente de maneira negativa por seus subordinados. Assim surgiu o efeito Horn.

Isolamento social

Anos depois, os pesquisadores Nisbett e Wilson, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, dividiram 118 alunos em dois grupos. Ambos os grupos assistiram a um vídeo no qual aparecia o mesmo professor. Em uma das gravações, o docente se mostrava amável, ao passo que na outra se mostrava antipático e com um caráter autoritário.

Após a exibição, os alunos descreveram a aparência do docente e, curiosamente, aqueles que assistiram ao vídeo com o professor aparentando ser amável o descreveram como um homem atraente. Por outro lado, o outro grupo descreveu o professor como alguém com aparência pouco privilegiada.

Esse interessante experimento pode demonstrar como a percepção que temos da outra pessoa afeta o nosso julgamento até limites desconhecidos. Além disso, outro dado interessante sobre o efeito Horn é que, uma vez que atribuímos uma característica, é muito difícil reverter esse processo. Se as primeiras características que percebemos em uma pessoa forem positivas, é mais fácil ignorar as negativas. A mesma coisa acontece com o inverso.

O efeito Horn em um processo de seleção profissional

Como comentamos anteriormente, o efeito Horn pode nos levar a atribuir várias qualidades negativas a uma pessoa a partir de um julgamento prévio. Isso pode ser perigoso em um processo de seleção, já que poderia levar o entrevistador a descartar candidatos adequados em favor de outros menos preparados, mas que lhe causaram uma melhor impressão inicial.

Como evitar o efeito Horn na seleção de funcionários

Para poder ser conscientes do risco do efeito Horn e evitá-lo na hora de realizar um processo de seleção, podemos seguir estas orientações:

  • Manter-se alerta. O primeiro passo já foi dado. Sabemos que o efeito existe e que pode influenciar nosso julgamento de maneira significativa. Nesse sentido, devemos assumir que todos temos preconceitos (nós os geramos e os adotamos). O mais importante é saber identificá-los e não deixar que distorçam nossa realidade. Em suma, devemos estar alertas frente a reações emocionais que possamos ter durante um processo de seleção e deixá-las de lado em favor de um comportamento mais profissional.
  • Estrutura das entrevistas. Uma entrevista de trabalho é um momento de grande importância para evitar que nos deixemos levar por falsas impressões. Especialmente nos primeiros minutos, devemos estar muito atentos a qualquer reação negativa que possa ressaltar, aos nossos olhos, alguma característica negativa do candidato. Assim, devemos analisar cada pessoa de uma maneira objetiva.
O efeito Horn

Por outro lado, estruturar as entrevistas pode nos ajudar a ser mais objetivos. Nesse sentido, podemos começar por deixar muito claras as competências requeridas para um determinado cargo. O objetivo, portanto, será elaborar uma entrevista que analise a capacidade dos candidatos para superar os possíveis desafios e classificar as competências de cada um segundo sua importância para o cargo.

Com essas ideias, poderemos estar mais conscientes dos riscos do efeito Horn no nosso dia a dia e, especialmente, durante um processo de seleção. Assim, seremos mais objetivos no recrutamento de funcionários, o que vai repercutir em um benefício maior para nossa empresa a longo prazo.

Por outro lado, quando formos candidatos a uma vaga, também podemos utilizar esse processo a nosso favor, começando por direcionar nossas respostas ou nossa apresentação às conquistas que ressaltem nossas melhores qualidades. Conhecendo a influência desse efeito, também podemos controlá-lo em nosso dia a dia quando somos apresentados a uma pessoa. Assim, podemos tentar não deixar nossos preconceitos nos privarem de relações que podem ser muito positivas.

Nota de edição: na literatura, podemos encontrar o efeito Halo definido como uma atribuição tanto positiva quanto negativa e também como o oposto do efeito Horn, ou seja, fazer apenas atribuições positivas.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.