A ejaculação feminina segundo a ciência

A ejaculação feminina segundo a ciência
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 02 fevereiro, 2018

A ejaculação feminina ou squirt não gera controvérsias somente entre os especialistas. Na verdade, desde que Whipple e Perry (1981) publicaram um artigo sobre o assunto, muitos progressos foram feitos para tentar responder as questões mais comuns relacionadas a este tema. As mulheres realmente podem ejacular exatamente como os homens? Em caso afirmativo, por onde o fluido sai exatamente? Isso acontece com todas as mulheres?

A discussão sobre a ejaculação feminina decorre das confidências de um grupo significativo de mulheres (de acordo com alguns estudos, entre 40-54% da população feminina). Muitas delas começaram a perceber que expeliam um líquido no momento do orgasmo, semelhante à ejaculação masculina.

Como mostra Gilliland (2009), este fato pode ter uma grande influência na vida sexual das mulheres que o experimentam. Para algumas é vergonhoso e humilhante, e para outras é uma fonte de interesse e orgulho. Sem dúvida, a falta de informação é um grande obstáculo para a compreensão e assimilação deste fato, e até mesmo para poder defini-lo.

A ejaculação feminina existe?

Um laboratório de bioquímica do Hospital Van Buren iniciou uma pesquisa muito importante em relação ao orgasmo feminino. Precisamos lembrar de que o substrato fetal na sua origem é feminino. Ou seja, a mulher deve ter uma estrutura prostática embrionária para que o homem possa desenvolver a próstata masculina correspondente.

Orgasmo feminino

Os resultados dessas pesquisas sugerem que a existência de tecidos prostáticos femininos pode produzir uma secreção genital não urinária e sexualmente induzida durante o orgasmo (Venegas, Carmona Mena, Alvarez e Arévalo, 2006). Esta descarga é o que chamamos de “ejaculação feminina”.

A maioria dos especialistas concorda que essa secreção não é urina, como se pensava anteriormente. Também concordam que o tecido prostático das mulheres (ou glândulas de Skene) é o principal responsável por essa expulsão. As glândulas de Skene são semelhantes à glândula prostática dos homens, por isso foram chamadas de “próstata da mulher”. São glândulas secretoras do antígeno específico da próstata e sua função está relacionada com a lubrificação uretral e a ejaculação feminina.

Toda mulher e sua sexualidade são um mundo à parte. Não existe um tipo específico de líquido ejaculado. Na realidade, algumas mulheres afirmam expelir apenas algumas gotas enquanto outras expelem uma quantidade equivalente a várias xícaras de café. Algumas o descrevem como espesso e esbranquiçado, e outras, em vez disso, observam-no transparente e aquoso.

“Em algumas mulheres, a estimulação do ponto G, o orgasmo e a ejaculação feminina estão relacionados. Em outras mulheres essa relação não existe. Algumas mulheres relataram orgasmo com ejaculação devido à estimulação do clitóris, e outras já tiveram ejaculação sem orgasmo”.
– Whipple e Komisaruk –

A ejaculação feminina e o ponto G

Masters e Johnson (1966) argumentavam que o único órgão erógeno primário nas mulheres é o clitóris. Atualmente, os especialistas dizem que tanto a vagina quanto o clitóris são zonas erógenas primárias (Zwang, 1987).

Anatomicamente, o ponto G não faz parte da vagina, mas da uretra (próstata feminina). Pode ser estimulado pelos movimentos penianos ou manualmente. Isto aumenta o volume de uma área de alguns centímetros na parede anterior da vagina, produzindo orgasmos femininos intensos (Arango de Montis, 2008).

Essas conclusões significam que a estimulação adequada de qualquer um desses dois órgãos femininos pode levar ao orgasmo.

“O ponto G não é um ponto específico, mas uma estrutura funcional. É uma zona erétil, difusa e erógena, que constitui a fáscia de Halban”.
– Tordjman –

Em um estudo, verificou-se que 72,7% das mulheres atingem o orgasmo estimulando as diferentes áreas das paredes vaginais e 90,9% das mulheres evidenciam erogenicidade através da estimulação manual dessas áreas. Os pesquisadores observaram a duração dos orgasmos gerados pela estimulação manual do clitóris e da vagina.

Através dos resultados obtidos, descobriram que o clitóris possui aproximadamente duas vezes mais sensibilidade erógena do que a vagina (Useche, 2001). Na verdade, um estudo demostrou que a maioria das mulheres precisa apenas da estimulação do clitóris para ejacular (Álvarez, sf.).

Muitos sexólogos e feministas concordam que é um absurdo reduzir a sexualidade feminina apenas ao ponto G. Em 1950, o próprio Ernest Grafenberg (que empresta seu nome ao famoso ponto G) afirmou que não há nenhuma parte do corpo de uma mulher que não proporcione uma resposta sexual. Ou seja, a sexualidade ocorre em muitos lugares, começando com os nossos próprios pensamentos (García, 2005).

Mulher sentindo prazer

Ejaculação: semelhanças e diferenças entre os sexos

Não há dúvida de que o orgasmo chega acompanhado de contrações rítmicas nos órgãos sexuais internos, tanto femininos quanto masculinos. Ao contrário dos homens, a ejaculação feminina nem sempre acompanha o orgasmo e, na maioria dos casos, ocorre nos estágios iniciais da resposta sexual. Principalmente na primeira fase, durante a excitação.

Outra diferença encontrada por Amy Gilliland (2009) é que o volume da ejaculação feminina aumenta quanto maior for o número de orgasmos que uma mulher experimenta durante a relação sexual. Isso pode ser influenciado pela fase do ciclo menstrual que a mulher está e depender da estimulação de que ela precisa para que isso aconteça.

Assim como o feto no início da sua formação é feminino, a ejaculação feminina também contém as mesmas substâncias do sêmen: frutose, antígeno específico da próstata e fosfatase ácida (Álvarez, s. f.)

Derrubando os mitos sobre a ejaculação feminina

Na antiguidade, acreditava-se que sem ejaculação não poderia haver fertilização. Isso se aplicava a homens e mulheres, na tentativa de padronizar a resposta sexual. Por outro lado, alguns psicanalistas da época consideravam que o orgasmo vaginal nas mulheres era “o orgasmo maduro” (García, 2005). Mas, sem dúvida, o maior equívoco é a afirmação de que quanto mais ejaculações uma mulher atinge, maior e melhor é a sua satisfação sexual (Álvarez, s. F.).

O fato de visualizar o prazer feminino através da ejaculação inverte o convencionalismo em relação ao gênero (García, 2005). Não existe, ainda, um consenso científico sobre o assunto. Os dados que temos são coletados através de pesquisas e de entrevistas com mulheres. Em resumo, o progresso do conhecimento científico derruba mitos e expande as mentes, liberando as mulheres dos antigos padrões sexuais.


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  • Venegas, J. A., Carmona Mena, C. A., Alvarez, A., & Arévalo, M. (2006). Contribución a la discusión de la próstata femenina y la eyaculación en la mujer. Rev. chil. urol, 71(3), 217–222.

  • Álvarez, P. M. (s. f.). Apuntes sobre la eyaculación femenina. Archivos Hispanoamericanos de Sexología, 17(1).

  • Arango de Montis, I. (2008). Sexualidad humana.

  • García, M. I. G. (2005). Valores de una ciencia impura. Arbor, 181(716), 501–514.

  • Useche, B. (2001). El examen sexológico en las disfunciones excitatorias y orgásmicas femeninas. Rev Terap Sex Clín. Pesquisa e Aspectos Psicossociais, 1, 115–31.


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