Empatia em cavalos
Os equídeos são animais que demonstraram ser sensíveis às emoções humanas. Na verdade, a empatia dos cavalos é uma das características mais estudadas nesses animais.
Os cavalos, como animais gregários e presas que são, são altamente dependentes do seu grupo para a sobrevivência. Esta tarefa se torna mais fácil graças ao fato de que eles podem se comunicar uns com os outros de forma eficiente, e reconhecer as suas emoções é uma parte fundamental do processo.
Neste artigo, você aprenderá mais sobre a empatia equina e a sua utilidade para a vida desses animais. Não perca os detalhes, pois você ficará surpreso com a profundidade da conexão nesses animais.
A empatia em cavalos
A capacidade empática desempenha um papel fundamental no comportamento cooperativo e social. Até alguns anos atrás, etólogos e psicólogos consideravam a empatia e outros processos cognitivos de ordem superior como domínio exclusivo da psicologia humana.
No entanto, na última década, os resultados dos estudos científicos borraram a linha entre humanos e outros animais. Os estudos mais comuns são em primatas, mas já foram realizados na maioria das espécies sociais.
Um dos componentes da empatia é o contágio emocional. Nele, um animal se sente semelhante a outro quando mostra sinais de emoção. Os cavalos são sensíveis às emoções dos outros, captando-as instantaneamente e sendo condicionados por elas.
Como a empatia se expressa nos cavalos?
Os estados internos dos animais só podem ser estudados indiretamente, por meio da observação do comportamento, uma vez que eles não podem comunicá-los verbalmente. No caso da empatia, há uma série de comportamentos que são considerados característicos:
- Reflexos emocionais para a expressão de um estado de espírito: as respostas empáticas são inconscientes e automáticas.
- Mimetismo motor.
- Movimentos sincronizados: assistir à corrida de uma manada de cavalos é um grande exemplo disso. Apesar de serem tantos, eles estão perfeitamente sincronizados para correr em diferentes direções através da linguagem corporal.
- Rastreamento do olhar: também é um indicador muito comum em cavalos. Seguir o olhar de um congênere pode ser a diferença entre ver o predador a tempo ou ser comido.
O movimento sincronizado e o rastreamento do olhar são comumente vistos em cavalos. No entanto, ainda não existem estudos sistemáticos desses padrões motores imitativos.
Empatia e autoconsciência
Empatia e autoconsciência são inseparáveis. A primeira requer que o animal seja capaz de se distinguir do outro – que seja autoconsciente -, pois de outra forma não poderia se contagiar pelo seu humor.
Os cavalos mostraram ser capazes de passar no teste do espelho, como concluiu este estudo de março de 2021. Nele, os pesquisadores fizeram marcas nas bochechas dos cavalos para ver como eles reagiriam ao espelho, e os resultados foram positivos: os cavalos esfregaram seu rosto no espelho para remover a mancha.
Valor adaptativo da empatia em cavalos
Como presa, o cavalo depende da sua capacidade de fuga. Seus predadores naturais são animais de grande porte, como pumas, lobos ou ursos; portanto, sua capacidade de fugir depende muito da sua velocidade para identificar ameaças potenciais.
Em condições de liberdade, os cavalos depositam boa parte da sua segurança nas informações que obtêm do grupo. Para obter o máximo dessa estratégia de sobrevivência, eles desenvolveram uma boa capacidade de ler a linguagem corporal de seus colegas.
Desta forma, a empatia ajuda os cavalos a terem um tempo de resposta muito curto diante do perigo. Graças ao seu rápido contágio emocional e à sua leitura da linguagem corporal, um rebanho pode fugir de forma sincronizada em um instante, sem ser pisoteado ou atropelado.
Além disso, para não passar a vida inteira correndo, os cavalos desenvolveram habilidades para identificar ameaças reais, conforme demonstrado em um estudo publicado na revista Nature. Ele concluiu que o tom emocional da comunicação é um indicador decisivo de perigo.
Essa capacidade de ler e sentir as emoções dos outros não é tão exclusiva dos humanos, como você pôde ver. Além disso, se você tiver a sorte de formar um vínculo com um desses mamíferos, esta conclusão vai parecer tão óbvia que você não vai entender por que alguém precisaria de um estudo científico para acreditar nela.
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