Escala para avaliar o seu relacionamento amoroso
A escala de ajuste diádico (DAS) é a ferramenta psicológica mais utilizada para avaliar a qualidade de um relacionamento amoroso, bem como o seu ajuste, satisfação, comprometimento, etc.
É um recurso disponível em qualquer cenário da terapia de casais e também no campo da pesquisa. Graças a ele, obtemos informações confiáveis e válidas sobre o vínculo emocional de duas pessoas.
É possível que o termo “ajuste” gere algumas dúvidas. O que queremos dizer exatamente quando falamos sobre essa dimensão? Bem, na realidade, essa palavra já nos faz visualizar duas peças específicas que, devido à sua forma e características, têm maior ou menor probabilidade de se encaixar uma com a outra e, portanto, funcionar. No casal, como sabemos, acontece a mesma coisa.
O ajuste é, por exemplo, ter os mesmos valores, saber chegar a acordos, saber lidar em conjunto com situações difíceis, gostar um do outro, ter respeito mútuo, reciprocidade… Podemos dizer que esse assunto sempre foi de grande interesse tanto para o mundo da psicologia quanto para a sociologia.
Estudar o ajuste dos casais nos ajuda a entender, por exemplo, as taxas de términos ou divórcios em uma sociedade, o grau de satisfação, ou a forma como as novas gerações se comportam em comparação com as anteriores nesta área. Assim, como podemos intuir, a escala de ajuste diádico é um recurso indispensável em muitos cenários cotidianos.
É interessante saber que, desde que o sociólogo da Universidade da Pensilvânia, Graham Spanier, o desenvolveu em 1976, tornou-se um questionário usado em todo o mundo pela sua simplicidade e excelentes resultados psicométricos.
Portanto, vejamos em que consiste essa escala para avaliar o seu relacionamento.
“Nunca acima de você, nunca abaixo de você, sempre ao seu lado”.
-Walter Winchell-
Escala de ajuste diádico para avaliar o seu relacionamento: objetivo e características
A escala do ajuste diádico visa avaliar o grau de harmonia ou o ajuste geral dos membros em um relacionamento de casal. O próprio professor Spaniel, responsável por este questionário, disse que o seu objetivo com este teste era o seguinte:
- Medir o ajuste diádico de um relacionamento com base em dimensões como as possíveis diferenças entre o casal, tensões, presença de ansiedade no relacionamento e sua intensidade, grau de satisfação, coesão e facilidade ou dificuldade de chegar a acordos.
Além disso, um aspecto que os profissionais apreciam sobre esse instrumento é a sua neutralidade. Ou seja, pode ser aplicado a qualquer perfil de casal (heterossexual, homossexual, casado ou não, etc.).
Não importa que já tenham se passado mais de 40 anos desde que Graham Spaniel apresentou a escala. Ela continua sendo útil, prática e interessante.
As quatro áreas da escala de ajuste diádico
A escala de ajuste diádico para avaliar o seu relacionamento consiste em 32 itens que são estabelecidos com base em quatro subescalas. São as seguintes:
- Consenso: capacidade, recursos e habilidades para chegar a acordos. Com este questionário, podemos saber até que ponto o casal chega a consensos no seu dia a dia.
- Satisfação: essa dimensão é fundamental em todo elo afetivo; nos informa sobre o nível de bem-estar, felicidade, compromisso.
- Coesão: com este termo, nos referimos ao grau de envolvimento de um membro do casal com o outro. É o interesse, a valorização, a capacidade de gerar soluções para os problemas, de buscar momentos para compartilhar o tempo, etc.
- Expressão de afeto: essa subescala é uma peça indispensável para avaliar o ajuste de um casal. Refere-se aos gestos cotidianos que demonstram amor e carinho. Por sua vez, está relacionado também à vida sexual e à sua satisfação.
Quais questões a escala Spanier valoriza?
Como já dissemos, a escala de ajuste diádico de Spanier é composta por 32 itens. As respostas seguem o estilo likert, ou seja, quatro opções que variam de “sempre concordo” a “não concordo”.
Este questionário segue um formato de autocorreção, para que possamos obter os resultados rapidamente. Além disso, o interessante é poder comparar cada dado em ambas as partes do casal para entender onde estão os pontos fortes de cada pessoa, onde estão os problemas e em que áreas devemos trabalhar.
- Gestão das finanças familiares.
- Diversão.
- Questões religiosas.
- Demonstração de afeto.
- Amizade.
- Relações sexuais.
- Convencionalismos.
- Filosofia de vida.
- Relação com os sogros.
- Objetivos, finalidades, valores.
- Quantidade de tempo que passam juntos.
- Tomada de decisões importantes.
- Tarefas domésticas.
- Interesses e atividades realizadas no lazer.
- Decisões relativas ao trabalho.
- Quantas vezes você já pensou em divórcio ou separação?
- Com que frequência você sai de casa depois de uma briga?
- Com que frequência você acha que as coisas estão indo bem para você como casal?
- Você confia no seu parceiro?
- Você se arrepende de estar com seu parceiro?
- Com que frequência vocês discutem?
- Com que frequência você perde a paciência?
- Com que frequência vocês se beijam?
- Participam juntos de atividades fora do relacionamento?
- Vocês trocam ideias estimulantes?
- Vocês riem juntos?
- Costumam discutir com calma?
- Trabalham juntos em algum projeto?
- Quase sempre estou cansado demais para fazer sexo.
- Não há manifestações de afeto.
- Avalie o grau de satisfação do seu relacionamento.
- Como você vê o futuro com o seu parceiro?
Qual é a confiabilidade da escala de ajuste diádico para avaliar o seu relacionamento?
Estudos como o realizado pelo Dr. Michael Carey, da Universidade de Boston, Estados Unidos, mostram que, de fato, a escala desenvolvida por Spanier em 1976 permanece válida e confiável. As suas quatro escalas continuam a ser consistentes internamente, por isso este ainda permanece como um recurso que pode nos fornecer informações muito importantes.
Com ela, não vemos apenas o grau de adaptação de um casal; também é possível avaliar aspectos da personalidade dos avaliados e até a probabilidade de que esse vínculo seja mantido ou não no futuro. Estamos diante de um questionário de grande interesse, tanto para intervenção psicológica quanto para o campo das pesquisas.
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- Carey, MP, Spector, IP, Lantinga, LJ y Krauss, DJ (1993). Fiabilidad de la escala de ajuste diádico. Evaluación psicológica , 5 (2), 238–240. https://doi.org/10.1037/1040-3590.5.2.238
- Spanier,G.B.(1989). Manual for the Dyadic Adjustment Scale. North Tonowanda, NY: Multi-Health Systems.
- Spanier, G. B. (1976). Measuring dyadic adjustment: New scales for assessing the quality of marriage and similar dyads. Journal of Marriage and the Family, 38, 15-28.
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