A escolha do companheiro é uma decisão inconsciente?

A escolha do companheiro é uma decisão inconsciente?

Última atualização: 25 abril, 2017

Vamos começar por dizer que poucas experiências na vida são tão gratificantes como o fato de amar e ser amado em um casal. Por outro lado, a falta de afeto gera um enorme sofrimento, até o ponto em que essa ausência de amor se torna a origem de boa parte dos transtornos mentais.

Ao iniciar um relacionamento amoroso nós experimentamos uma emoção incontrolável. A vida assume um significado especial: há motivação e confiança para enfrentar o que quer que seja. É com a passagem do tempo e da convivência que surgem os conflitos e, em seguida, começamos a tomar consciência da escolha que fizemos.

A escolha do companheiro é um mecanismo aparentemente espontâneo. No entanto, com o tempo nos perguntamos se de fato éramos conscientes de tudo no momento de escolher. Ninguém quer se equivocar na hora de escolher um companheiro, como muitos que inicialmente pensaram que tinham encontrado o par perfeito e acabam se sentindo decepcionados.

A idealização do companheiro

Poderíamos dizer que na maioria dos casos, quando escolhemos um parceiro, nós depositamos nele, sem perceber, um conjunto de expectativas idealizadas associadas ao prazer e ao bem-estar. Porém, ignoramos alguns aspectos menos românticos, tais como as diferenças que existem entre os dois, as obrigações que emergem do relacionamento, as estratégias para lidar com o desconforto, etc.

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Devido à ação de vários mecanismos inconscientes, basicamente esperamos que a outra pessoa satisfaça as nossas necessidades. Na outra pessoa projetamos nossas necessidades e nossos desejos não realizados e esperamos ansiosamente que ele ou ela seja quem vai resolver todos os nossos problemas. Claro que todo mundo nega isso, mas na prática é assim que funciona.

Poderíamos fazer uma longa lista do que procuramos em um companheiro. Queremos que seja responsável, trabalhador, amigável, saudável, respeitoso, tolerante, atencioso, bem-humorado, e cujo físico se ajuste aos nossos gostos. Esta lista poderia continuar crescendo, mas isso não importa para o caso. A questão é: por que nós fracassamos em nossa escolha se temos tudo tão claro?

O contexto e o momento mental

É importante considerar qual é o contexto e o momento mental no qual escolhemos um parceiro. Se houver um forte vazio emocional, há uma tendência a atribuir virtudes exageradas à outra pessoa, e isso adiciona um risco emocional. Essa atitude obedece a um conjunto de necessidades mal canalizadas e a uma intolerância à solidão, o que resulta em uma tentativa fracassada desde o início para formar um vínculo com o outro.

Em geral, o procedimento de escolha do nosso parceiro tem sua origem no conjunto de emoções inconscientes derivadas das relações com nossos pais. Isto é, da relação que estabelecemos com eles, especialmente durante a infância, e da relação que aconteceu entre eles mesmos. Isso determina a estrutura e o funcionamento mental em nós para o resto de nossas vidas.

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Toda a nossa vida está marcada por esses primeiros vínculos. Os pais que colocam mais empenho em que seus filhos desenvolvam a capacidade de pensar e estimulam o esforço, bem como o gosto pelo conhecimento, geram filhos saudáveis afetivamente.

Por outro lado, os pais que proíbem ou limitam a busca do conhecimento, a curiosidade ou a criatividade, irão criar crianças que na idade adulta irão formar vínculos afetivos formados pelo medo, mentira, inveja e ódio. Que tipo de pais você teve? Como era o relacionamento entre eles? As respostas para estas perguntas podem lhe dar pistas sobre por que você escolhe parceiros(as) da forma como faz.

A experiência

Vale a pena deixar claro que, no presente momento, novas formas de relacionamento e de amar estão surgindo. No entanto, para o inconsciente as modas não existem. Nos seres humanos o que prevalece é o instinto de vida, esse que você está procurando e deseja, que procura pela união, que gera vida e fornece as condições para criar e construir.

Na experiência que se manifesta permanentemente o passado se faz presente, em termos desse inconsciente. Além disso, também reflete que os seres humanos vão estabelecer vínculos com a vida, e irão fazê-lo a partir do tipo de relações de apego que tenham criado com seus pais desde o seu nascimento.

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A esse tipo de relacionamentos serão acrescentados, é claro, os diferentes graus de intensidade associados com a experiência. Por outro lado, também será determinante o tipo de instintos, tanto de vida como de morte, que prevaleça em cada uma das partes.

Será todo esse conjunto de elementos que vai determinar se uma pessoa se sente atraída por outra. Quanto melhor você conhecer e compreender esses amores dos seus primeiros anos de vida, mais livres e saudáveis serão seus relacionamentos de hoje.


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