Por que é importante que as crianças pratiquem esportes?
Poucas imagens nos reconciliam tanto com o mundo como a de crianças brincando e se divertindo. Nesses momentos, vemos como o tempo e o espaço desaparecem para eles, como não há futuro e nem passado. Eles estão lá, passando a vida como crianças que são. É a única coisa que importa em todos os gestos. Assim, o esporte na infância, embora “inocente”, vai fortalecendo seus músculos e ampliando a capacidade de seus pulmões.
Por outro lado, essas mesmas crianças logo passam a praticar esportes de uma forma muito mais regrada, controlada por juízes ou árbitros e têm até mesmo técnicos. Então, o ambiente muda: um gol ou uma cesta se torna algo mais sério. Embora possa não ser o mesmo de antes, o fato de as crianças continuarem praticando esportes dessa ou de outra maneira confere oportunidades únicas de desenvolvimento, além da possibilidade de poderem ser futuras “estrelas”.
Benefícios do esporte na infância
Adquirir um compromisso e respeitá-lo
A prática regrada de um esporte faz com que as crianças tenham que seguir uma certa disciplina. Há um momento para se trocar, outro para se aquecer, outro para fazer uma pequena preparação mental, outro para competir, outro para administrar a vitória e a derrota… Mesmo durante a semana pode haver certas horas programadas para os treinos. No fundo, há um compromisso que a criança precisa honrar.
A criança vai ter mais vontade em um dia e menos vontade em outro, mas ela faz parte de uma equipe e, como um de seus componentes, tem que responder com a sua contribuição. Assim, o esporte é um contexto maravilhoso para que as crianças aprendam a se organizar e ativar sua vontade para responder em determinados momentos.
Conviver com as expectativas e a frustração
O esporte, já em idades mais jovens, se transforma em um campo de rendimento. Muitas vezes a criança sabe quando está certa e quando não está, sem que ninguém lhe diga e até mesmo deixando de lado um possível resultado.
Assim, ela aprenderá que muitas vezes é ela quem precipita a derrota quando, nos primeiros lances do jogo, não consegue responder a expectativas muito altas e se desmorona. Ela aprenderá a aumentar essas expectativas quando começar a ter um bom desempenho. Graças ao esporte, a criança também terá a oportunidade de aprender a administrar uma derrota e se preparar para a próxima competição. Ela pode até mesmo refletir e entender, com ajuda, como as expectativas dos outros também condicionam suas escolhas, seu desempenho e seu rendimento.
Ela também poderá aprender a gerenciar a frustração e a raiva que sente de si mesma. Aqui os pais têm uma oportunidade preciosa de intervir e ensinar os filhos a ter um diálogo interno construtivo, sem que eles maltratem a si mesmos. E o melhor de tudo é que podemos fazer isso em um momento em que nossa palavra tem muito peso sobre os pequenos, antes da adolescência e antes que a influência dos colegas comece a ganhar terreno.
Desenvolver os sentidos
Muitas das características do próprio jogo têm a ver com as da própria vida. Por exemplo, no campo há pessoas que acompanham você, que o apoiam, assim como na jornada da vida. S e falarmos de um esporte coletivo, a criança aprenderá que não está sozinha, para o bem e para o mal. Que ela compartilha interesses com um grupo de pessoas (ganhar ou alcançar uma boa pontuação) e que os resultados serão melhores se confiar nessas outras pessoas e, por sua vez, se as apoiar.
Ela também aprenderá que é possível dar a volta por cima, com muito esforço e inteligência, em muitos projetos que não começam bem. Um gol ou um mau começo não implicam a derrota no fim da partida. Isso só significa que será um pouco mais difícil de conseguir, mas não impossível. Ela também aprenderá que há determinadas ações que os outros não podem fazer por ela, seja organizar o jogo ou mover rapidamente as pernas.
Poderíamos continuar destacando paralelismos, mas o último e um dos mais impressionante é que, com os esportes, as crianças aprendem a importância de prever os resultados, seja para o jogo ou não. Elas aprendem que, assim como um mau começo exige um esforço excessivo, um bom começo ou interceptar a bola antes de alcançar os pés ou as mãos do adversário é uma enorme vantagem. Nesse sentido, o esporte torna-se um exercício privilegiado de atenção sustentada para crianças que têm um córtex pré-frontal (responsável pela organização do comportamento e da tomada de decisão) em pleno desenvolvimento.
Por fim, por mais que os esportes sejam um cenário para a aprendizagem, nunca se deve desligar dessa imagem com a qual começamos o artigo. Daquelas crianças no parque, se divertindo e aproveitando. Porque talvez a melhor parte de praticar esporte na infância é que este costuma ser uma das melhores oportunidades para começar a fazer as primeiras amizades e criar diversas histórias felizes que nos acompanham por toda a vida.