Duas estratégias contraintuitivas para resolver problemas

A intuição e o bom senso às vezes nos impedem de usar estratégias que podem funcionar. Hoje vamos falar sobre duas delas, que podem ser úteis para resolver problemas.
Duas estratégias contraintuitivas para resolver problemas
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 05 setembro, 2021

Ao falarmos sobre estratégias contraintuitivas, fazemos referência a métodos que entram em conflito com o que a intuição nos diz, mas que, em última análise, funcionam contra todas as probabilidades. Elas nascem da ideia de que o que pensamos ser bom senso às vezes nos engana.

O comum é partir da ideia de que a lógica superficial é a chave que abre todas as portas, que resolve todos os problemas. Existem alguns passos razoáveis, que vão desde a identificação da dificuldade, passando pela abordagem das soluções possíveis, até ao processo de ponderação e escolha da mais adequada.

No entanto, às vezes isso não funciona. Por mais que sigamos a sequência, não somos capazes de traçar um bom plano. É aí que as estratégias contraintuitivas podem percorrer um longo caminho para nos desbloquear e resolver o problema em questão.

Estratégias contraintuitivas

Diante dos problemas, principalmente quando eles nos afetam emocionalmente, tendemos a adotar estratégias defensivas, focadas nas deficiências, ausências ou dificuldades. Partimos da ideia de que, pensando neles e repensando-os, encontraremos uma solução viável. Isso, porém, costuma garantir um sentimento de angústia.

A ansiedade não é a melhor conselheira. Ao voltarmos para o mesmo problema e não encontrar soluções razoáveis, é mais provável que isso aumente a angústia e provoque o que chamamos de névoa mental: nosso cérebro fica saturado. Às vezes, a falta de soluções também nos leva a novos problemas.

Em muitas ocasiões, o cérebro precisa de paciência suficiente para traçar estratégias que não usamos. Uma nova situação pode tornar as rotas existentes inúteis. Nesse ponto, pode ser uma boa ideia adotar estratégias contraintuitivas. A seguir estão duas delas.

Mulher pensando preocupada

1. Desfocar em vez de concentrar

Este é o caminho oposto de concentrar toda a nossa atenção no problema. Para resolver algo, devemos nos concentrar no problema até entendê-lo completamente e encontrar uma saída. No entanto, dentro da estrutura das estratégias contraintuitivas, encontramos a solução para um problema quando o deixamos em segundo plano.

Em muitos casos, o que é recomendado é procurar desfocar. Isso significa deixar o lastro da dificuldade ainda não resolvida. Em vez de tentar estruturar uma solução, a ideia é dispersá-la. Isso é conseguido, primeiro, afastando-se do problema.

Em segundo lugar, amplie sua perspectiva. Para fazer isso, podemos conversar com outras pessoas que possam ter enfrentado uma dificuldade semelhante. Falar com alguém que usou com sucesso uma nova estratégia certamente nos dará uma dose extra de segurança, às vezes necessária.

Por outro lado, às vezes alguém propõe uma solução absurda e inaplicável, mas sua visão acaba acendendo a chama de uma boa ideia para sair do lugar.

É muito provável que, ao desfocar, você se levante de modo que a ansiedade seja reduzida. Uma mente calma é muito mais capaz de encontrar maneiras viáveis de superar os obstáculos mentais.

Mulher tomando café

2. Exagere ao máximo

A segunda das estratégias contraintuitivas é usar a hipérbole, ou exagero, de forma construtiva. A ideia é superdimensionar o problema. Isso significa supor que seus efeitos e consequências são tão graves quanto poderiam ser. O objetivo, neste caso, também é adotar uma nova perspectiva.

O exercício mental de exagerar um problema é algo que, por si só, ajuda a vê-lo com mais detalhes e, talvez, a encontrar aspectos que antes não haviam sido vistos. Portanto, nesse esforço de exagerar ao máximo, é possível que a situação seja melhor compreendida e os pontos-chave sejam detectados com mais precisão.

Essa é uma das estratégias contraintuitivas que, de uma forma ou de outra, aumentam a pressão. Porém, neste caso, essa pressão pode nos ajudar. Ela pode nos ajudar a enquadrar melhor o pensamento, sem causar os mesmos efeitos que a ansiedade geraria.

Estas duas estratégias contraintuitivas são particularmente úteis quando somos confrontados com problemas intrigantes. Também são indicadas diante de problemas nos quais já pensamos muito, sem encontrar soluções.


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