Estresse, alostase e carga alostática: como se relacionam?

Os seres humanos são buscadores inatos de paz interior e equilíbrio na mente, no corpo e no espírito. A este respeito, dois novos conceitos foram desenvolvidos em relação ao estresse: alostase e carga alostática.
Estresse, alostase e carga alostática: como se relacionam?
Gorka Jiménez Pajares

Escrito e verificado por o psicólogo Gorka Jiménez Pajares.

Última atualização: 03 fevereiro, 2023

O que é estresse? Estamos falando de uma resposta que vem sendo necessária há décadas, pois não é simples e envolve pelo menos a consciência, o organismo e o contexto. Estresse é estar cansado, sentir que a força nos abandona ou sentir-se saturado?

Nesse sentido, consideramos importante fazer uma primeira distinção entre os conceitos de estresse e ativação. O estresse é o mesmo que estar ativado? Assim, cabe ressaltar que a ativação é um requisito para todo ser vivo, é a centelha da vida.

Mulher estressada no trabalho
A ativação é um componente comum e inevitável de estar vivo.

O que é estresse?

Para o médico Hans Selye, o estresse é uma resposta inespecífica que o corpo emite a qualquer estímulo. O objetivo do estresse para este autor é a adaptação. Agora sabemos que certas doses de estresse de baixa intensidade na vida cotidiana atuam como uma vacina contra estressores muito intensos. Mas se essas pequenas doses de estresse forem acentuadas e prolongadas, elas causam problemas.

Neste sentido, existem duas variáveis a ter em conta: a intensidade e a duração do estressor.

A síndrome de adaptação geral

Para Hans Selye, o estresse implica uma resposta que passa por várias etapas:

1. Reação de alarme

Acontece quando vemos um estressor, como um perigo. Esta é uma fase de identificação (choque) e defesa (contra-choque). O objetivo da reação de alarme é identificar o que está acontecendo e como podemos nos defender. Alguns sintomas da reação de alarme são os seguintes:

  • Alterações no tônus muscular, temperatura corporal e pressão arterial.
  • Liberação de adrenalina, corticotropina e corticosteróides.
  • Hiperglicemia.
  • Diurese.

Por isso, grande parte das doenças associadas ao estresse se deve a essa primeira fase da reação de alarme. São as patologias que surgem ou são influenciadas pelo estresse agudo.

“A reação de alarme é a resposta do organismo quando é repentinamente exposto a vários estímulos aos quais não está adaptado.”

-Bonifacio Sandin-

2. Fase de resistência

Ninguém é capaz de viver sempre em estado de alarme. No entanto, podemos nos adaptar ao estressor e tentar fluir com ele. Ao fazer isso, os sintomas descritos diminuem, mas isso tem um custo. O custo de adaptação a um estressor específico implica que nossa resistência a outros elementos estressantes será menor.

“A adaptação a um agente é adquirida ao custo de menos resistência a outros agentes.”

-Bonifacio Sandin-

3. Fase de exaustão

É impossível viver sempre sob o jugo de um estressor intenso. Nesse sentido, se continuarmos sob a influência do estressor de forma intensa e prolongada, perderemos a capacidade adaptativa que havíamos adquirido na fase anterior e, conseqüentemente, nossa energia se esgotará e os sintomas da primeira fase reaparecerá.

“O esgotamento ocorre se o estressor for grave e prolongado o suficiente.”

-Bonifacio Sandin-

Homeostase

Homeostase é um termo que significa equilíbrio. Apesar das mudanças causadas por situações adversas, procuramos sempre encontrar o ponto médio, a paz, o equilíbrio, a homeostase. Nesse sentido, todos nós enfrentamos situações que ameaçam nosso equilíbrio:

  • Pandemias.
  • Guerras.
  • Estresse no trabalho.
  • Dificuldades econômicas.
  • Problemas com o casal.

Diante desses estressores, podemos sentir que somos incapazes de lidar com eles, porque isso excede nossa capacidade de enfrentamento (nossos recursos). Porém, a realidade é que, de forma habitual, somos capazes de enfrentá-los. Mas, como?

Alostase e carga alostática

Alostase significa “homeostase distinta”. Este conceito refere-se ao fato de conseguirmos alcançar a nossa estabilidade interna através das mudanças e ajustamentos adequados. Ou seja, implica ser capaz de se adaptar.

“Alostase refere-se à capacidade de adaptação a ambientes em constante mudança e desafios em processos regulatórios.”

-Bonifacio Sandin-

Para McEwen, autor relevante no estudo da homeostase, é importante falar de outro conceito: a carga alostática. Carga alostática refere-se ao desgaste de nosso corpo e nossa mente. Estamos nos referindo ao número de vezes e à intensidade com que tentamos nos manter adaptados ao nosso ambiente ao longo do tempo.

carga alostática
A carga alostática refere-se à fatura que o estresse emite quando se prolonga no tempo.

Assim, o estresse é melhor compreendido quando explicado sob os conceitos de alostase e carga alostática. Nessa perspectiva, nossa tarefa é a busca do equilíbrio (homeostase). E, como o fato de viver envolve mudanças e ajustes, nossa homeostase nunca será perfeita (alostase). Se o agente estressor se prolongar no tempo e aparecerem outros agentes estressores diferentes, nos sobrecarregaremos e a conta resultante será o desgaste (carga alostática).

Conhecimento é poder! Agora que sabemos o que significa alostase e carga alostática, surge a pergunta: como podemos nos adaptar melhor?

“A resposta ao estresse, portanto, tem um propósito adaptativo e é produzida por mudanças nas demandas do ambiente.”

-Bonifacio Sandin-


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