Estresse na gravidez: como afeta o bebê?

Estresse na gravidez: como afeta o bebê?
Sara Clemente

Escrito e verificado por psicóloga e jornalista Sara Clemente.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Durante uma gravidez, o que comemos, o quanto dormimos, quais exercícios físicos fazemos, são aspectos que têm grande relevância… Mas que papel desempenham as emoções? Existe uma estreita relação entre o estado emocional da mãe durante a gravidez e a vida uterina. Assim, o estresse na gravidez pode dificultar o desenvolvimento evolutivo do bebê.

Quando estamos estressados, os níveis de 6 tipos de hormônios podem ser alterados: cortisol, glucagon, prolactina, testosterona, estrogênio e progesterona. Essas oscilações afetam a gestante, mas também o feto. Por isso, quando as mães passam por estresse psicológico grave durante a gravidez, o risco da mesma aumenta.

As principais manifestações do estresse na gravidez ocorrem a nível físico, fisiológico e social.

Dificuldades para o recém-nascido devido ao estresse na gravidez

As principais manifestações do estresse podem ser refletidas em diferentes planos: fisiológico, físico e até social. Ocorrem alterações no sono, no apetite (comer em excesso ou ter falta de apetite) e aparecem dores de cabeça frequentes, tensão muscular, irritabilidade… Além disso, o sistema imunológico fica mais fraco, o que aumenta as chances de infecção.

Mulher grávida fazendo terapia

Prematuridade e baixo peso ao nascer

Tudo isso, por sua vez, pode precipitar o parto, o que aumenta as chances de ter um bebê prematuro (nascido antes de 37 semanas de gestação) ou com baixo peso ao nascer (menos de 2,5 quilos). Estes últimos, juntamente com bebês prematuros, correm o risco de sofrer muitos problemas na infância. Por exemplo, doenças frequentes, problemas de crescimento, distração, hiperatividade e déficits na coordenação motora.

Doenças respiratórias e defeitos físicos

O estresse na gravidez pode causar asma no bebê e outras condições dermatológicas, de acordo com várias pesquisas. Entre eles, o eczema atópico durante os primeiros 8 meses de vida do recém-nascido.

Por outro lado, entre as alterações físicas que podem afetar o bebê está a estenose pilórica. Trata-se de um estreitamento do piloro, localizado na parte inferior do estômago, que o conecta ao intestino delgado. Esta doença requer cirurgia imediata.

Atividade circulatória

Mencionamos anteriormente os tipos de hormônios que mais influenciam o nosso organismo em uma situação especialmente estressante. Depois de entrar na corrente sanguínea, eles alcançam a placenta, que é a conexão vital do bebê com a mãe por meses. Por sua vez, esse conjunto de hormônios aumenta excessivamente o ritmo cardíaco da criança.

Portanto, quanto menos eventos ansiosos e estressantes a mulher enfrentar de forma prolongada durante esse período, melhor: dessa forma, “bombardearemos” menos a criança com correntes hormonais.

Aprendizagem e intelecto

Um dos hormônios, o cortisol, que atua em adultos para restaurar a homeostase, pode causar sérias dificuldades no futuro desenvolvimento do bebê. Tem sido demonstrado que quanto maior o nível do mesmo no líquido amniótico, menor poderá ser o o quociente intelectual da criança no futuro.

Embora não seja uma doença, ter um QI abaixo da média pode afetar o dia a dia da criança. Além das dificuldades de aprendizagem, aumenta o risco de sofrer de déficit de atenção ou hiperatividade. Associado a isso, ela pode ter mais dificuldade para resolver problemas de forma planejada e estratégica ou para inibir tendências espontâneas.

Mulher grávida e estressada

Com cautela, mas sem se alarmar

As alterações bruscas de humor ou uma ansiedade prolongada não são de pouca importância. Nosso corpo nos adverte quando temos dias de alta tensão acumulada, sem descansar bem, com preocupações excessivas ou sobrecarga de trabalho, acadêmica ou doméstica. Imagine agora se adicionarmos a todos esses eventos estressantes ter um ser humano crescendo dentro de nós. É impossível que essas mudanças de humor não o afetem!

No entanto, é importante ressaltar que acontecimentos inesperados que ocorrem em algum momento de maneira imprevista não são perigosos. Por exemplo, se uma mulher grávida se assusta com o latido de um cão que não estava esperando, não há perigo algum para o feto.

É o estresse prolongado, gerado em situações que são importantes para nós, pois envolvem algum tipo de ameaça, perda ou dano, que pode causar alterações para o bebê. Além disso, devemos levar em consideração que as reações emocionais não são as mesmas em todas as mulheres. Portanto, o estresse não as afeta da mesma maneira.

Cuidar do descanso, da autoexigência, enfrentar as situações com calma, comer de forma saudável e fazer exercícios físicos sob supervisão médica. Todos estes pontos são grandes aliados para evitar o estresse na gravidez.


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