Fadiga da privacidade: um dano provocado pelas redes sociais

A fadiga da privacidade tornou-se um fenômeno virtualmente universal; pelo menos tanto quanto a tecnologia. Quer saber em que consiste, qual é a sua origem e o que os estudos dizem sobre as suas possíveis consequências?
Fadiga da privacidade: um dano provocado pelas redes sociais

Última atualização: 29 julho, 2022

Identidade e privacidade são conceitos cada vez mais difíceis de gerenciar. Há um mundo à parte na Internet que, apesar da sua aparência individual, interage com a vida real, borrando as fronteiras entre o que é próprio e o que é coletivo, fato que pode desencadear a chamada fadiga da privacidade.

Pessoas que usam as redes sociais ou navegam na Internet regularmente enfrentam o dilema de acabarem revelando mais informações pessoais do que deveriam – ou até mesmo de que elas sejam roubadas sem que eles saibam. Esse sentimento de insegurança pode se tornar um fardo.

Um grupo de psicólogos investigou essa questão para moldar o conceito de fadiga da privacidade. Se você ficou curioso, descubra tudo a respeito a seguir.

Mulher com fadiga da privacidade na frente do computador

O que é a fadiga da privacidade?

A fadiga da privacidade é uma sensação de cansaço relacionada à crença de que não existe uma maneira eficaz de gerenciar suas informações pessoais online. A pessoa sente que está exposta aos riscos derivados da navegação na Internet e do uso das redes sociais.

Devido à sua incidência, esta síndrome está se tornando um novo transtorno psicológico, mas ainda não consta em nenhum manual de avaliação e diagnóstico.

Este fenômeno foi estudado por psicólogos do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Ulsan, na Coréia do Sul. Os pesquisadores notaram que um grande número de usuários experimentou sintomas semelhantes aos da fadiga psicológica resultante de contextos da Internet em que a privacidade não é muito clara.

Essa sensação de falta de intimidade é comum a todos os usuários. No entanto, algumas pessoas estão mais preocupadas em não compartilhar informações pessoais e passam muito tempo lendo os termos que a maioria de nós aceita imediatamente.

Sintomas da fadiga da privacidade

Não saber ao certo se é inofensivo publicar uma determinada foto, tomar uma decisão sobre cookies em cada página que você entrar, escolher um bom antivírus e antimalware: todas essas são decisões importantes em nosso dia a dia. Isso pode provocar o seguinte:

  • Sensação de cansaço psicológico: geralmente tem a ver com a falta de habilidades e recursos da pessoa para gerenciar suas informações pessoais na rede.
  • Desamparo aprendido: o usuário, já saturado de tentar proteger sua privacidade, acaba baixando a guarda por frustração, desespero ou decepção.
  • Incapacidade de traçar claramente a linha entre público e privado: embora a palavra “privado” apareça com frequência nas redes sociais, a verdade é que você ainda está publicando algo para que outras pessoas vejam. Os conceitos são confusos e, com eles, a capacidade de decidir de forma adequada.

Tudo isso leva ao abandono das precauções para proteger a privacidade online, o que, por sua vez, pode levar a problemas como o roubo de dados pessoais.

Atualmente não existe um tratamento específico para a fadiga da privacidade, mas consultar um psicólogo será benéfico para quem sofre com esse desconforto. Diretrizes de intervenção personalizadas serão estabelecidas de acordo com as necessidades de cada indivíduo.

Homem exausto olhando para o celular

A linha tênue entre o privado e o público

Geralmente, o público se preocupa com a divulgação das suas informações pessoais sem o seu consentimento. No entanto, a fadiga da privacidade e o desamparo aprendido tornam automático “concordar com os termos e condições”.

Isso é conhecido como o “paradoxo da privacidade”. Nele, as pessoas revelam voluntariamente informações pessoais, apesar da sua preocupação com isso. Este fenômeno ainda possui partes obscuras, pois suas raízes são muito mais profundas do que o simples cansaço.

Um dos fatores que mais confunde a linha entre o íntimo e o público são as redes sociais. Atualmente, a construção da identidade guarda uma forte relação com o que é publicado nesses aplicativos. Por esse motivo, muitas pessoas percebem que essa perda de privacidade é inevitável.

A construção da identidade da comunidade, o sentimento de pertencimento e, é claro, a falta de regulamentação, colocam os usuários em um dilema constante sobre a privacidade. Estamos realmente no controle do nosso tráfego de dados? É difícil dizer deste lado da tela.


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