A felicidade ama o ponto de loucura que a vida impõe

A felicidade ama o ponto de loucura que a vida impõe

Última atualização: 15 janeiro, 2017

Conheço muitas pessoas que investem a maior parte do seu tempo em tentar colocar ordem em tudo, e tenho certeza de que você também conhece outras tantas. No fundo, detestam a tarefa a que se dedicam com zelo, mas em seus cérebros existe uma espécie de mecanismo que os impede de sair dessa tirania que mantêm com devoção. Ali onde a lógica não impera e a loucura aparece, sua inquietação e agitação despertam.

Essa espécie de enfrentamento entre cosmos e caos, entre ordem e desordem, faz parte da nossa história como seres pensantes e, sobretudo, como seres interpretadores do mundo que somos. A ordem tem um atrativo inegável, o que dá lógica, o que torna o mundo previsível e, portanto, controlável até certo ponto.

Também há quem pretenda colocar essa ordem nas emoções, como se existisse um armário para elas em nosso cérebro e pudéssemos escolher cada dia qual usamos e com quais pensamentos vamos montar o conjunto. Talvez algum dia, com a ajuda da tecnologia, conseguiremos algo parecido, mas isso também significará a prova de um fato trágico: nossa desnaturalização estará completada.

A loucura faz parte da vida

Poderíamos colocar de outra maneira: a parte primitiva segue sendo parte da vida. Falo da intuição, da criatividade, da improvisação e da genialidade. Da ruptura com o provável e com o esperado. De que não existe um porquê e que tudo bem se ele não existe, nem no sentido causal (origem) nem no sentido pragmático (fim).

Dito de outra maneira, não tem problema se acontecer algo desligado do passado e do futuro, e quebre esse esquema de pensamento: que nasça e morra no mesmo momento. De fato, que isso aconteça é uma conciliação com o presente, entendido em forma de tempo e de presente. Um belo paradoxo semântico.

Não é maravilhoso?

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Aceitar essa loucura e desfrutá-la significa amadurecer

Sem loucura a paixão fica sem alimento. A ordem alimenta a segurança, mas a loucura alimenta a alma e dá esperanças. A loucura saudável rouba corações e cuida deles longe de toda lógica, porque com sua força prefere manter vivo os roubados antes do próprio. Apaixonar-se é uma loucura que torna o alheio próprio.

Apaixonar-se, logicamente, é uma insensatez. Significa um investimento muito grande de recursos, uma instabilidade emocional vertiginosa e, além disso, faz com que o passar do tempo – nosso recurso mais limitado – comece a galopar a velocidades próximas a da luz. Até mesmo chega a superá-la, já que nesse estado tudo parece se desmaterializar. Tudo, menos o próprio amor.

Pense nisso quando sentir essa agitação porque parece que tudo à sua volta se deforma: os esquemas, bem como as estatísticas, existem para serem rompidos. Deixe de lado essa carga de consciência porque você não controla tudo, ou há partes da sua vinda um tanto caóticas. Esse jeito raro e estranho no qual nesse momento você mantém um determinado afastamento da sua vida é precisamente o que pode te inspirar ou que pode inspirar os outros.

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Um ritmo constante coloca as crianças para dormir e entendia os adultos. São as variações que nos despertam e aceleram nosso coração; o que não esperamos é o que dá intensidade a nossas emoções. Assim, a loucura é o sal da vida: perigoso se ingerido em excesso, pecador pela ausência se prato não tem faísca… e a vida é um prato que merece ser saboreado ao máximo.


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