O fenômeno dos seguidores de Harry Potter

Os seguidores de Harry Potter compõem um dos fandoms mais extensos, ativos e produtivos que já existiram. Neste artigo, faremos algumas perguntas sobre o seu futuro e a sua possível evolução, enquanto o convidamos a refletir sobre esse fenômeno.
O fenômeno dos seguidores de Harry Potter
Leah Padalino

Escrito e verificado por Crítica de Cinema Leah Padalino.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Falar sobre Harry Potter é quase como falar sobre Os Simpsons. Em outras palavras, é um fenômeno tão popular que, gostemos ou não, conheçamos profundamente ou não, todos podemos identificar. Mago mais famoso das últimas décadas, Harry Potter deixou uma marca profunda em suas legiões de fãs e seguidores em todo o mundo.

Faz muito tempo que Harry Potter e as Relíquias da Morte foi publicado. No entanto, longe de cair no esquecimento ou de ser lembrado com nostalgia, o jovem mago mostra que ainda está muito presente em nossas vidas e mantém um fã-clube extremamente fiel e produtivo.

Como esse fenômeno ocorreu? Como vai evoluir no futuro? Neste artigo, daremos uma resposta, na medida do possível, para essas perguntas.

Harry Potter: quem são os seus seguidores?

Em termos gerais, podemos definir um fã ou seguidor como uma pessoa que admira ou idolatra outra. Esta pessoa pode ser um atleta, um cantor, um ator… Em termos gerais, diríamos que é uma pessoa famosa, conhecida na mídia. Mas você também pode ser fã de um gênero, de uma série, um filme ou, como no caso de Harry Potter, uma saga.

O fenômeno dos seguidores também é especialmente comum entre os adolescentes, pois é um período em que a identidade está sendo formada. Os fãs tendem a seguir e até imitar o objeto da sua admiração; de alguma forma, ocorre um processo de identificação.

Os fãs se envolvem com seu ídolo, agrupam-se em comunidades, compartilham códigos de comunicação, etc. Eles podem produzir histórias ou material audiovisual relacionado ao seu objeto de admiração.

A Internet promoveu a criação de espaços e a comunicação entre fãs e, como consequência, encontramos verdadeiras legiões de seguidores que produzem, compartilham, debatem e investigam.

Tudo isso é perfeitamente conhecido pelas empresas de publicidade. No final das contas, os fãs nada mais são do que consumidores e, sem dúvida, quando esse fenômeno atinge níveis tão altos como no caso de Harry Potter, o negócio será um sucesso.

Seguidores de Harry Potter

A identificação com alguns dos personagens

No parágrafo anterior, falamos sobre um processo de identificação entre fãs e o fenômeno que idolatram. Também comentamos que esse processo geralmente encontra o seu ponto mais alto na adolescência. Assim, se aplicarmos essa ideia ao fandom de Harry Potter, encontraremos um fato bastante curioso.

Vamos pensar por um momento em cada um dos livros que compõem a saga; o que percebemos? Cada livro corresponde ao ano escolar específico em que Harry estava e, como consequência, a uma determinada idade.

Quando Harry Potter e a Pedra Filosofal foi publicado no Reino Unido em 1997, a estratégia de marketing era inteiramente voltada ao público infantil, aqueles que eram crianças no final dos anos 90.

O jovem mago logo se tornou famoso e os livros começaram a ser traduzidos e vendidos em todo o mundo. J.K. Rowling devolveu às crianças o prazer de ler, transformando toda uma geração em leitores.

Esses jovens leitores aguardavam ansiosamente a chegada do próximo livro da série. O interessante é que os livros ficam mais complexos e aumentam de espessura à medida que avançam. Harry, assim como os fãs, continuava crescendo.

Harry Potter

Jovens leitores

Os livros eram lançados a cada um a dois anos. Dessa maneira, algo extraordinário ocorreu: esses jovens leitores chegaram à adolescência como parte de algo, formando uma comunidade sólida com uma referência para se identificar.

As adaptações cinematográficas, por sua vez, contribuíram para consolidar esse fã-clube e, ao mesmo tempo, abrir-se para um público mais amplo: os jovens que não leram os livros.

Os seguidores de Harry Potter tinham uma referência com a qual compartilhavam idade e preocupações, embora o universo em que habitavam fosse diferente. De certa forma, os personagens que a obra de Rowling apresenta parecem tirados da nossa realidade.

Rowling nos apresentou mulheres com as quais as meninas podiam se identificar, e poderíamos até mesmo fazer uma leitura feminista dessas personagens.

Talvez o caso de Harry seja o que apresenta uma maior distância do arquétipo do herói; trata-se de um herói bastante imperfeito. Além disso, a saga nos mostrou uma nova masculinidade, apresentando homens com medos, que choram e não se envergonham disso.

Personagens principais de Harry Potter

Harry Potter: seguidores ativos e produtivos

Os seguidores de Harry Potter têm sido especialmente ativos e produtivos. Os inúmeros produtos de merchandising e sites como o Pottermore, que concentram todos os seguidores, contribuíram para todo esse sucesso. Na verdade, a própria autora contribui ao alimentar as dúvidas de seus seguidores através de entrevistas e da sua conta no Twitter.

Obviamente, uma comunidade tão grande possui vários códigos compartilhados. Eles se identificam como “Potterheads”, usam termos como “trouxa” e são identificados através de símbolos ou emblemas, como o das relíquias da morte ou a marca negra.

A divisão dos Potterheads entre as diferentes casas de Hogwarts é bastante peculiar. Sites como o mencionado Pottermore incentivaram os fãs a ter uma “fonte oficial” para consultar a qual casa pertenciam, criando assim novas comunidades dentro do mesmo fandom.

De alguma forma, podemos entender esse fato como se fossem os signos do zodíaco. O fato de pertencer a uma ou outra casa tem a ver com os traços de personalidade de seus habitantes; isto é, pertencer a Grifinória nos fará corajosos; alguém que pertence à Sonserina se destacará pela sua ambição. Em outras palavras, o sentimento de pertencimento é fortalecido e alimenta o fenômeno da identificação.

Por outro lado, a produtividade dos Potterheads parece não ter limites. Além das fanfics – um fenômeno comum a todos os fandoms – encontramos uma comunidade extraordinariamente criativa.

Uma comunidade que, longe de ser relegada à discussão de teorias sobre o enredo, fez seu próprio filme: Voldemort: a origem do herdeiro, um spin-off não oficial que explora a vida do antagonista da saga e foi financiado pelos próprios fãs.

Voldemort: a origem do herdeiro

O futuro dos Potterheads

Se antes comentávamos que esse fandom pode ser visto a partir de uma perspectiva geracional, talvez devêssemos começar a pensar no futuro. Atrair novos seguidores pode ser um problema?

Assim como os fãs que cresceram junto como o mago, qualquer jovem pode ter todos os livros, filmes e informações à sua disposição, mas de certa forma, a mágica é quebrada. Uma das chaves que mencionamos anteriormente foi a identificação geracional que, juntamente com a espera pelo próximo livro, alimentou bastante o fenômeno.

Talvez ainda seja muito cedo para considerarmos a sua possível evolução, mas podemos ver como algumas medidas já foram tomadas para encontrar novos nichos ou futuros fãs. Um exemplo disso é encontrado na criação da saga Animais Fantásticos e Onde Habitam.

Por que criar uma nova saga? Porque, além do fandom já estabelecido que agora é adulto, é possível abrir as portas para um novo público. Animais Fantásticos e Onde Habitam tem sido bem aceito entre as gerações mais jovens que nem sequer leram os livros de Harry Potter.

Com o tempo, foram abertos parques temáticos inspirados no mundo de Harry Potter, e cenários reais como a estação King’s Cross foram usados ​​para oferecer ao fandom um entretenimento além dos filmes e livros, uma experiência que permite experimentar o mundo sonhado por JK Rowling.

Não sabemos como será o futuro, mas tudo parece indicar que o fandom está mais vivo do que nunca. Enquanto isso, continuaremos sonhando e aguardando a nossa carta para entrarmos em Hogwarts.


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