Os 5 filósofos mais influentes na psicologia
A psicologia, como disciplina científica, nasceu em 1879 pelas mãos de Wilhelm Maximilian Wundt em Leipzig, Alemanha. O fisiologista e filósofo alemão o fez criando o primeiro laboratório experimental de psicologia. Desde então, esta disciplina responde a questões sobre o comportamento humano através do método científico. Antes disso, o comportamento humano e todas as questões a ele circunscritas eram tratados por inúmeros filósofos influentes por meio da reflexão e do pensamento.
É difícil datar o nascimento da Filosofia, mas sabemos que as suas contribuições para o conhecimento humano têm mais de 2.500 anos. Se olharmos para a ‘idade’ e o caminho da Psicologia em comparação com a Filosofia, a primeira é mínima. É evidente que, sem uma disciplina como a Filosofia, a Psicologia seria outra. A segunda emana da primeira.
Os filósofos da Grécia antiga estavam interessados em tentar responder à seguinte pergunta: “Por que nos comportamos como nos comportamos?” Agora, como respondê-la? Através da reflexão e argumentação, principalmente. Na verdade, muitas das reflexões e argumentos tornaram-se correntes filosóficas, como o Racionalismo e o Empirismo.
Durante mais de 2.500 anos, as contribuições dos filósofos para a psicologia como a conhecemos foram muitas e muito diversas. A seguir, listaremos cinco dos filósofos mais influentes e suas grandes contribuições para a psicologia.
Lucio Anneo Sêneca, um dos filósofos mais influentes
Ele nasceu em Córdoba no ano IV a.C e foi um dos grandes pensadores da história. As suas contribuições filosóficas focavam na praticidade da vida. Não era adepto de teorizações sobre a vida, de divagar como exercício para nos fazer crescer pessoalmente.
De certa forma, podemos considerá-lo um dos filósofos mais influentes, já que fenômenos como o ‘coaching’ nada mais são do que a adaptação do pensamento de filósofos como Sêneca ao mundo de hoje. Curiosamente, podemos encontrar alguns paralelos entre Sêneca e a figura do “coach” atual, dada a sua vocação para ajudar a encontrar ‘a melhor versão’ das pessoas.
René Descartes
Nascido em 1596, Descartes foi um dos filósofos mais influentes da época. A psicologia não é a única disciplina que foi influenciada por este filósofo francês. Outras disciplinas, como a matemática, se basearam em algumas das suas contribuições.
O eixo das ordenadas e o eixo das abscissas, usados para representar funções matemáticas, são a prova disso. Esses eixos também são chamados de “eixos cartesianos”.
A principal contribuição de Descartes para a psicologia foi o chamado dualismo cartesiano. Para muitos, esta não foi uma contribuição muito positiva, porque dividiu a nossa forma de compreender o ser humano. O dualismo cartesiano se baseava na distinção entre mente e corpo como dois conceitos diferentes, com um funcionamento diferente.
Essa distinção ainda é válida atualmente. No entanto, sem estarmos muito conscientes, falamos de problemas mentais ou físicos, às vezes pecando por não considerar que um e outro estão tão intimamente relacionados: é uma distinção mais didática do que real.
Jean-Paul Sartre
Parisiense nascido em 1905, este filósofo e dramaturgo francês deu uma grande importância ao conceito de liberdade, especialmente no texto “O Existencialismo é um Humanismo”.
Para Sartre, as pessoas têm plena consciência de quem são e de como se comportam. Para muitos, a sua posição é extrema, negando qualquer tipo de determinismo biológico ou social. As pessoas são mestres da sua própria vida, pois são livres.
Essa liberdade “extrema” torna homens e mulheres inegavelmente responsáveis pelo seu comportamento, suas consequências e sua felicidade. Mesmo sendo um conceito extremo, essa responsabilidade é aquela que é concedida aos pacientes ou clientes na consulta de psicologia. O terapeuta é quem pergunta, questiona, aconselha, orienta… mas as mudanças efetivas para sair de situações difíceis são realizadas pelos pacientes.
José Ortega y Gasset
Madrilenho, nascido em 1883, Ortega y Gasset é o pai do perspectivismo. Essa teoria enfatiza a validade da experiência individual como parte da verdade. De fato, a verdade absoluta é a soma de todas as perspectivas individuais sobre ela. Ou seja, o perspectivismo sustenta que, a partir de uma perspectiva individual, é impossível conhecer a verdade absoluta.
A herança do perspectivismo na psicologia, especialmente na psicologia aplicada, é muito importante. No cenário clínico, sem ir mais longe, o psicólogo não deve impor o seu ponto de vista aos seus pacientes ou clientes. Se o fizessem, estariam cometendo uma negligência, pois a sua tarefa é disponibilizar ao usuário/cliente/paciente as ferramentas necessárias para provocar mudanças.
Sócrates
Para muitos, ele foi o pai da filosofia. Nasceu em Atenas em 470 a.C e é um dos filósofos que mais contribuiu para a construção da intervenção psicológica.
Para os psicólogos, manter um bom ‘diálogo socrático’ é decisivo para o futuro da intervenção, independentemente da casuística em questão.
Sócrates foi um dos filósofos mais influentes da psicologia, especialmente em seu aspecto mais clínico. Nele, o que é popularmente conhecido como diálogo socrático alude diretamente à maiêutica, um método socrático que consistia em fazer o aluno descobrir as verdades por si mesmo, por meio de questões que o levassem a pensar e a tirar as suas próprias conclusões.
Sem esse método, algumas intervenções psicológicas não fariam sentido, já que ele permite ao paciente ou cliente provocar as suas próprias mudanças, sem que estas sejam determinadas pelo terapeuta.
Os psicólogos são especialistas em comportamento em geral, mas cada pessoa é especialista em seu próprio comportamento. Graças à maiêutica, podemos ensinar os pacientes ou clientes a serem os melhores analistas do seu próprio comportamento.
A filosofia está muito presente em nossas vidas. Não estamos exagerando ao dizer que a sua influência está presente não só na psicologia, mas também em outras disciplinas científicas.
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- Clarke, Desmond. La filosofía de la ciencia de René Descartes Alianza Universidad.
- Ortega y Gasset, José. Obras completas, Vol. I. Ed. Taurus/Fundación José Ortega y Gasset, Madrid, 2004, p. 757.
- Sartre: The Philosopher of the Twentieth Century.