Fingir orgasmos: causas e consequências de acordo com a ciência

De acordo com especialistas, fingir orgasmos é mais comum em mulheres do que em homens. Falamos sobre suas principais causas e algumas das suas consequências, segundo a ciência.
Fingir orgasmos: causas e consequências de acordo com a ciência

Última atualização: 06 setembro, 2021

Por que algumas mulheres costumam fingir orgasmos? Para não machucar o parceiro? Para que o ato sexual acabe logo? Essas são apenas algumas das causas apontadas por dois estudos realizados em 2010 e 2011, que comentaremos a seguir. Além disso, também mencionaremos algumas das possíveis consequências de fingir orgasmos.

Por que fingir orgasmos?

Quais são as causas que nos levam aos orgasmos falsos? Ao selecioná-las, nos baseamos em um estudo de 2010 intitulado Men’s and women’s reports of pretending orgasm, publicado no Journal of Sex Research, que investigou as diferentes causas que levam algumas pessoas a fingir orgasmos.

Outro estudo, desta vez de 2011 e liderado por Farnaz Kaighobadi, analisou o que nos leva a fingir prazer durante o sexo.

Mãos juntas de um casal na cama

Não ferir os sentimentos do parceiro

Uma das possíveis causas que leva algumas pessoas a fingir orgasmos é o desejo de não ferir os sentimentos do parceiro.

Na verdade, isso se deve à importância que costumamos atribuir aos orgasmos. Parece que, por não atingir o clímax sexual, o relacionamento não é satisfatório, e não precisa ser assim.

Terminar rapidamente o ato sexual

Outra possível causa de fingir orgasmos, segundo os estudos citados, é o desejo de encerrar rapidamente a relação sexual. Às vezes, por motivos diferentes, as mulheres querem que a transa acabe, seja pelo cansaço, seja porque elas não estão se divertindo, seja pelo sono, seja pela falta de vontade…

Embora soe frio, ao fingir é mais provável que o parceiro chegue ao orgasmo e que, portanto, o ato sexual termine.

Manter o relacionamento

Outra possível razão para fingir orgasmos é o desejo de manter o relacionamento e evitar que o parceiro seja infiel. Isso é afirmado no estudo de 2011 mencionado. Ou seja, fingindo ter orgasmo, buscaríamos o gozo de nosso parceiro durante as relações sexuais conosco e, assim, evitaríamos que o relacionamento se desfizesse.

Mas é importante saber que fingir não resolve o problema se estivermos em um relacionamento que não nos satisfaz. Se as coisas estivessem bem, não haveria a necessidade de fingir.

Consequências de fingir orgasmos

Uma das consequências de fingir orgasmos é que associar o orgasmo ao fim da relação sexual (quando fingimos porque queremos que o ato “termine” rapidamente) acaba fazendo com que a nossa mente faça essa associação sistematicamente.

Por que o ato sexual sempre tem que terminar em orgasmo? Esta é uma pressão adicional que colocamos. Por outro lado, fingir orgasmos pode acabar deteriorando nosso relacionamento como casal, pela falta de confiança com o parceiro e pela insatisfação pessoal a que estamos inevitavelmente sujeitos.

Além disso, pode nos fazer parar de gostar do sexo, querendo sempre que “acabe rápido”. É como se nossa mente associasse sexo com fingimento (especialmente se fingirmos repetidamente, se nos acostumarmos a isso).

Algo universal?

Outra afirmação importante em relação a essa questão é feita pela psicóloga Gigi Engle, que afirma que “Quando você começa a fingir, é difícil parar.É algo universal, acontece em todas as partes do mundo. A triste verdade é que o sexo não é ensinado igualmente.”

“Historicamente, o sexo foi pensado para dar prazer aos homens cisgênero heterossexuais, enquanto as mulheres são apenas a ‘passagem’, por assim dizer, para obtê-lo.”
-Gigi Engle-

Casal na cama

Fingir orgasmos é uma prática feminina?

Fingir orgasmos é uma prática mais comum do que pensamos, principalmente entre as mulheres (além disso, os homens têm mais dificuldade quando se trata de “fingir” devido à necessidade de uma ereção durante a penetração e a posterior ejaculação).

Esta tendência, mais frequente entre as mulheres do que entre os homens, também é mencionada por Jesús E. Rodríguez, diretor do Instituto Sexológico de Murciano, com as seguintes palavras: “A tendência dominante indica que as mulheres são as que mais fingem, com porcentagens próximas ou superiores a 50% “. No entanto, Jesus também explica que, nos últimos anos, o percentual de homens que fingem tem aumentado exponencialmente.

Mas essa prática realmente nos beneficia? Talvez o cerne da questão seja refletir sobre o que está nos levando a fingir, e não tanto nos julgarmos por isso. Devemos refletir sobre o caminho que nos conduziu a esta ação.

Se você sente que precisa fingir orgasmos, seja com seu parceiro ou em relacionamentos mais esporádicos, procurar a ajuda profissional de um sexólogo pode ser benéfico. A terapia de casais também pode ser indicada em alguns casos.

Caso isso aconteça em um relacionamento estável, também é importante expressarmos como nos sentimos e o que precisamos, sem restrições ou tabus.


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