Fobia escolar: quando ir à escola se torna um problema

São muitas as crianças que não aproveitam a experiência escolar. Mais do que demandar um esforço, em alguns casos a escola pode se tornar um estímulo que provoca muita ansiedade. A seguir, vamos falar da fobia escolar.
Fobia escolar: quando ir à escola se torna um problema
Isabel Monzonís Hinarejos

Escrito e verificado por a psicóloga Isabel Monzonís Hinarejos.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Muitas pessoas sentem medos durante a infância. Medo do escuro, de determinados animais, de personagens específicos ou seres fantásticos, de fenômenos naturais como as tempestades, etc. No entanto, na maioria dos casos, esses medos vão desaparecendo conforme os pequenos crescem, e não chegam ao ponto de se tornar fobias, como é o caso da fobia escolar.

O que fazer quando certos medos persistem no tempo e se manifestam de uma forma desproporcional, interferindo na vida da criança? 

O que é a fobia escolar?

A fobia escolar é definida como o medo irracional e excessivo de certas situações escolares que traz como consequência uma grande dificuldade para ir às escola ou ficar nela. As causas dessa fobia podem ser variadas. Por exemplo:

Todas essas situações provocam na criança uma resposta de ansiedade intensa, junto com alterações a nível motor, fisiológico e cognitivo.

Menino chorando por fobia escolar

Sintomas cognitivos

Destacam-se dentro dessa tipologia os pensamentos negativos sobre a escola. Além disso, também vale destacar a antecipação de consequências negativas (por exemplo, repreensões por parte do professor) que não vão necessariamente acontecer.

A criança tem uma visão negativa de seu desempenho em sala de aula ou se sente agoniada com a ideia de vomitar, ter tontura ou apresentar outros sintomas físicos na frente de seus colegas.

Sintomas motores

O principal sintoma dentro das alterações motoras é a evitação. Isto é, a resistência na hora de ir à escola, expressa tanto física quanto verbalmente.

A criança se queixa de dores ou diz estar doente, não se levanta da cama, não se veste, não toma café da manhã, etc. Em suma, não realiza a rotina característica de preparação para ir à escola. Além disso, caso vá, a criança pode chorar, gritar ou tentar não entrar.

Sintomas fisiológicos

Caracterizam-se por um aumento significativo da ativação fisiológica. Isso se manifesta com sintomas como suores, tensão muscular, dor estomacal, diarreia, sensação de tontura, entre outros.

Fobia escolar vs. ansiedade de separação

É muito importante – na hora de determinar se uma criança sofre de fobia escolar – diferenciá-la da ansiedade de separação.

A ansiedade de separação é entendida como o medo da criança de se separar das pessoas com as quais tem um vínculo afetivo forte, normalmente seus pais. Por exemplo, ao se separar deles para ir à escola, ir a uma excursão, ir dormir na casa de uma amigo ou uma amiga, etc.

Portanto, para diferenciar a ansiedade de separação da fobia escolar, devemos questionar o motivo pelo qual a criança não quer ir à escola. Se o foco do medo for se separar dos pais, descarta-se a fobia.

Criança sofrendo de fobia escolar

Superando a fobia escolar

Existem várias técnicas e métodos para reduzir o nível de incapacidade que a fobia produz. Conhecendo essa informação poderemos, finalmente, acabar com ela.

As mais eficazes se baseiam na psicologia cognitivo-comportamental, que se fundamenta na ideia de que a mudança de pensamento envolve uma mudança no comportamento, e vice-versa. Os métodos mais comuns são:

  • Dessensibilização sistemática: especialmente recomendado quando a criança quer evitar certas situações escolares. A técnica se baseia em expor a criança a essa situação de forma progressiva. Sua finalidade é reduzir a ansiedade dentro da situação, de modo que a criança entenda que nada de ruim está acontecendo. Dessa forma, o reforço negativo que produz a evitação acaba desaparecendo.
  • Treinamento em habilidades sociais: pode ser que o medo de ir à escola se baseie na rejeição de alguns de seus colegas. Nesse caso, pode-se treinar a criança em habilidades sociais para que, assim, disponha de ferramentas para melhorar sua relação com eles.
  • Reestruturação cognitiva: a reestruturação se baseia em mudar as crenças desajustadas ou irracionais da criança. Desse modo, o valor negativo associado à escola é reduzido ou transformado em outro mais positivo e realista.
  • Treinamento em relaxamento: aprendendo e praticando técnicas de relaxamento, a criança aprende a controlar os sintomas fisiológicos da ansiedade. Essa técnica é aplicada junto a outras, como a reestruturação ou a exposição.

Uso de fármacos na fobia escolar

O objetivo principal do tratamento da fobia escolar é que a criança possa ir à escola sem sentir ansiedade, medo e mal-estar.

Embora também seja possível utilizar fármacos, principalmente antidepressivos, é importante levar em consideração o equilíbrio entre custo e benefício da administração dos mesmos.

Certos estudos sugerem que os efeitos colaterais destes medicamentos não compensam seu uso, considerando que existem terapias psicológicas que funcionam e podem ser realizadas em substituição.

Dessa forma, as terapias psicológicas se mostram uma escolha eficaz e com resultados que vão durar a longo prazo.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • García-Fernández, J.M., Inglés, C.J., Martínez-Monteagudo, M.C., Redondo, J. (2008) Evaluación y tratamiento de la ansiedad escolar en la infancia y adolescencia. Psicología Conductual, 16 (3), pp. 413-437

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.