Focar demais em suas próprias falhas, por que isso acontece e como superar?
Fixar a atenção em seus próprios defeitos não é um ato de honestidade ou uma forma de ter mais consciência de quem você é. A autoavaliação é importante para aprender com seus erros, mas focar neles, construir sobre suas raízes e criticar você sem piedade é um erro.
Dentro das grandes capacidades do cérebro humano, está a de ver a própria atividade quase “de fora” no momento em que ela está sendo realizada. Em outras palavras, nos observamos, enquanto agimos, podendo julgar naquele momento o que estamos fazendo.
Infelizmente, essa habilidade às vezes se torna muito incisiva. É então que você começa a focar demais em seus próprios defeitos e ao invés de fazer uma autocrítica saudável, você se recrimina e acaba se menosprezando. Por que isso acontece? Existe alguma maneira de superá-lo? Vamos ver.
“Você não precisa ser tão duro consigo mesmo ou se punir. É preciso exercer a autocompaixão e acreditar na ciência e nos estudos que mostram que tratar bem a nós mesmos quando erramos não afeta negativamente nossos resultados ”.
-Célia Antonini-
Por que você foca tanto nos seus defeitos?
Focar demais nos próprios defeitos é um exercício que você faz, na maioria das vezes, sem perceber. Muito provavelmente, você o adotou como um hábito sem perceber. Na verdade, é possível que você considere isso positivo, pois acredita que é uma forma de melhorar.
O que você não leva em conta é que a autocrítica excessiva está longe de ser um caminho para o crescimento. Focar com fortemente nos seus erros não te torna melhor, mas te prejudica. É uma forma de autoagressão que acaba limitando a ação, ao mesmo tempo em que aumenta sua insegurança.
Por que você mantém esse hábito mental? Existem duas causas possíveis:
- Padrão educacional. Você teve uma infância em que a crítica foi a protagonista. Você internalizou a ideia de que é apropriado apontar erros e enfrentar erros. Concentrar-se demais em suas próprias falhas é consistente com essa ideia.
- Sentimento inconsciente de culpa. Há algo em sua vida pelo qual você se sente envergonhado ou culpado, mas não está ciente disso. É possível que você tenha feito ou quis fazer algo que considera condenável e a autocrítica severa é uma forma de se punir continuamente.
Sinais de autocrítica excessiva
Focar demais em seus próprios defeitos pode ser algo que você considera perfeitamente normal. Você nem percebe que faz isso com frequência. Como você sabe, então, se está caindo em um padrão autodestrutivo ou apenas quer estar ciente de seus erros?
Os seguintes são sinais de que você é excessivamente crítico consigo mesmo:
- Culpa latente. Sempre que algo negativo acontece, você pensa que poderia ter feito algo para evitá-lo.
- Você generaliza seu próprio comportamento. “Não sou capaz de fazer nada bem” ou “as situações sempre fogem do controle”, etc.
- Enorme autoexigência. Para você considerar que algo que você fez está certo, na verdade tem que ser perfeito. Se não for, você o considera um fracasso.
- Você não se parabeniza. Se você cometer um erro, você se castigará; mas se você fizer algo certo, simplesmente deixe passar como se não fosse nada.
- Pensamento dicotômico. “Ou branco, ou preto.” Se você não conseguiu tudo, isso significa que você não conseguiu nada.
- Você se compara com os outros.
- Você teme riscos.
- Você acha que perdoar a si mesmo é ser condescendente consigo mesmo e que isso é inaceitável.
A saída: autopiedade
A autopiedade é uma palavra injustamente estigmatizada, pois é frequentemente associada à vitimização. Nada mais errado. Ser compassivo consigo mesmo é quase um dever. Significa sermos solidários com nós mesmos, adotando uma atitude compreensiva com nossos erros e perdoando-nos com espontaneidade e alegria.
A autopiedade não o leva a ser mais permissivo com o que faz. O oposto. Se você fortalecer a imagem que tem de si mesmo e, em vez de focar demais em seus próprios defeitos, decidir simplesmente se deixar ser, é muito provável que obtenha maiores conquistas em todos os aspectos de sua vida.
A autocompaixão motiva e promove espontaneamente mudanças positivas em si mesmo. Em vez disso, a autocrítica severa e excessiva apenas destrói e reduz suas chances de seguir em frente. Ao aprender a ser um bom amigo de si mesmo, você ganha muito mais do que se comportar como seu próprio carrasco.
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