A fome emocional é um dos disfarces favoritos da ansiedade

A fome emocional é um dos disfarces favoritos da ansiedade

Última atualização: 24 julho, 2017

Todos nós alguma vez na vida já sentimos fome. É aquele momento em que você sente que seu estômago está vazio e surge a necessidade de colocar alguma coisa na boca. As situações em que você sente fome de verdade, após várias horas sem comer, são identificadas sem problemas. Mas, você sabe distinguir essas situações dos momentos de fome emocional?

Não é recomendável passar fome nem ficar por mais de quatro horas sem comer, mesmo que seja um pequeno lanche. Mas você nem sempre come por estar com fome ou sentir uma necessidade real de comer, às vezes você come para encobrir as emoções. O estresse, a tristeza, a ansiedade… você tenta enterrá-los com refeições pouco saudáveis que a longo prazo vão fazer com que se sinta pior que antes.

Para conseguir interromper esse círculo vicioso no qual você come sem sentir fome, mas para se sentir melhor e, por fim, acabar se sentindo culpado, incentivo você a aprender a distinguir a fome emocional da fome que a falta de energia produz no seu corpo. Identificar as características dessa fome emocional e enfrentá-la, retomar o controle da sua vida e dos seus hábitos alimentares fazem parte desse processo.

Dito isso… vamos conhecer algumas das características da fome emocional.

1. Aparece em forma de desejos

A fome emocional nunca vai pedir um prato de legumes ou uma salada. Normalmente ela pede comidas pobres em nutrientes e muito calóricas, como doces ou alimentos ricos em gorduras saturadas, o que hoje em dia se denomina “junk food”.

Fome emocional

2. É insaciável

Quando você começa a perceber que está com fome, sabe, mais ou menos, a quantidade de comida que vai precisar comer para se saciar. Quando se trata de fome emocional, você pode começar a comer sem parar, até se sentir extremamente cheio. Assim, a fome emocional tem um inibidor sobre as sensações de saciedade, fazendo com que nos sintamos cheios apenas após termos comido mais que o necessário.

3. Tenta “preencher” um vazio

Um vazio que não está exatamente no estômago. Ela aparece em resposta a um mal-estar emocional e em lugar de investigar esse mal-estar, acaba enterrando-o embaixo de toda essa comida com a qual tentávamos obter algum alívio.  Um alívio que será momentâneo e que vai durar enquanto a digestão estiver sendo feita; mas ela não é interminável. Terminada a digestão, se antes estávamos nos sentindo mal, provavelmente depois nos sentiremos pior.

4. É uma refeição solitária

Praticamente ninguém se empanturra de comida acompanhado, é uma espécie de ritual que se faz sozinho. Muitas vezes, a própria solidão é o gatilho. Apesar de também poder ocorrer em eventos sociais, como casamentos ou aniversários, para esconder emoções.

5. Provoca sentimento de culpa

Você sabe que não precisava comer aquele saco de batata frita, aumenta o colesterol, está cheio de gorduras saturadas e, além de tudo, você não estava com fome, mas não conseguiu afastar essa necessidade. É comum que, após o consumo desse tipo de alimento, apareçam a culpa e uma necessidade de autopunição por não ter conseguido manter o controle.

6. É um ato impulsivo

Quando você come para saciar a fome emocional, você age sem refletir muito, de maneira compulsiva. Você vai ao supermercado no corredor das bugigangas e compra tudo o que acha que vai servir como o “prazer do dia”.

7. Você foge de responsabilidades

Um dia que você tinha que ir trabalhar, mas não foi para ter tempo de ir à academia ou para estudar… no entanto, não teve forças e acabou ficando em casa. No seu interior você sabe que não cumpriu com suas obrigações e pode ser que a ansiedade não demore muito a chegar para fazer companhia. É nesse momento que você vai até a geladeira para pegar aquele doce do qual você tanto gosta para utilizá-lo sob a forma de ansiolítico.

Assim que o doce acaba, você percebe que está se sentido pior ainda: acumulou duas culpas, a de não ter cumprido com a obrigação e a de ter se permitido aquele capricho. Além disso, você percebe que enquanto comia não sentia ansiedade, assim vai até a geladeira para pegar mais um pedaço daquele doce… e repete o processo mais uma e outra vez até se sentir muito muito cheio.

Ideias para saciar a fome emocional sem precisar atacar a geladeira

Todas essas características correspondem à fome emocional. Agora, é preciso percebê-las na sua vida para conseguir identificar esse problema. É a sua vez, é hora de combater a fome emocional. Deixamos aqui algumas ideias para contribuir com essa batalha.

1. Tente comer algo saudável

Se você está comendo sem fome, não vai querer mais comer e vai se saciar rapidamente. O corpo vai dizer que não é isso que ele quer e, então, você vai saber que estava tentando enganar com a sensação de fome.

Fome emocional

2. Pense qual é o problema que provoca a fome

Quando você sabe que o que sente não é fome, mas um capricho… pense sobre o que se esconde por trás dessa sensação. Estou sentindo ansiedade por causa do trabalho? Problemas no meu relacionamento? Não paro um segundo o dia todo e quando chego em casa continuo no mesmo ritmo?

3. Pratique uma atividade física

A atividade física auxilia em dois aspectos. Primeiro, é uma forma de descarregar emoções negativas. Com os exercícios, ocorre uma liberação de endorfina que é benéfica para o seu estado emocional e que é um ponto positivo no combate a qualquer foco de ansiedade. Além disso, depois de praticar um esporte, seu corpo vai precisar de energia e vai gostar também de comidas saudáveis.

4. Faça um cronograma do que vai comer todos os dias da semana

Essa ideia vai evitar que a decisão sobre o que comer tenha uma resposta impulsiva. Tendo marcado o quando e o como, vamos ter uma referência dos momentos em que nosso corpo vai precisar de uma recarga de energia, de maneira que ele não vai conseguir nos enganar tão facilmente. Além disso, já teremos escolhido o que vamos comer naquele momento, assim é mais provável que a decisão seja mais inteligente.

5. Permita-se um capricho de vez em quando

Apesar da fome emocional geralmente pedir “junk food”, de vez em quando é bom se permitir um capricho, mas sem deixar essa prática virar um hábito diário.

6. Procure fazer as refeições em companhia

Quando fazemos uma refeição com companhia, tendemos a comer mais devagar. Poucas vezes você vai ficar focado apenas nos seus problemas ou vai ficar dando voltas para comer. Além disso, vai poder dividir a origem do prazer, por um lado será a companhia e por outro a comida. Dessa forma, não será necessário continuar comendo para manter a sensação de bem-estar proporcionada por esse momento.

Almoço em família

7. Não utilize comida como recompensa

Às vezes, quando você tem um dia ruim, acaba recompensando esse fato com comida não saudável, entoando um “eu mereço”. Nos acostumarmos a compensar um dia ruim com esse tipo de comida evita que façamos isso com ferramentas muito mais saudáveis para cumprir a mesma função.

8. Procure ajuda para o problema emocional subjacente

Seja com um amigo, um parente, seu companheiro ou sua companheira, ou com um profissional. Está claro que as tentativas para esconder e lidar com esse problema sozinho não funcionaram.

9. Reflita antes de comprar “junk food”

Por que estou comprando? Eu realmente preciso disso?

10. Sempre faça uma lista de compras com o que realmente precisa

E não compre mais coisas do que colocou na lista. Os caprichos não costumam aparecer em listas de supermercado, eles são um ato impulsivo.

Definitivamente, a melhor técnica é estar consciente das reais necessidades do nosso corpo e saber se correspondem a uma necessidade física (fome) ou emocional. Para enfrentar situações difíceis que produzem impactos emocionais, é importante enfrentá-las de maneira proativa, estando consciente de qual é o problema original e da maneira como você vai enfrentá-lo. Substitua o ato de esconder suas emoções embaixo de comidas em prol de uma vida mental e fisicamente saudável.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.