Franz Alexander e a medicina psicossomática

Franz Alexander, além de ser um dos representantes mais notáveis da psicanálise durante o século XX, ajudou a estabelecer as bases da medicina psicossomática.
Franz Alexander e a medicina psicossomática
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 08 março, 2019

Franz Alexander foi um dos representantes mais notáveis da psicanálise do século XX. Ele é considerado, com determinados reparos, o pai da medicina psicossomática e o pioneiro da psicanálise aplicada à criminologia. A sua contribuição foi uma das mais interessantes para a teoria clássica de Sigmund Freud.

O prestígio que ele veio a ter na época foi tão grande que o próprio Raymond de Saussure teve consultas de psicanálise com ele. O mesmo aconteceu com um dos filhos de Sigmund Freud e Marianne Kris. No entanto, a verdadeira fama de Franz Alexander se deu quando ele se mudou para os Estados Unidos, onde alcançou grande notoriedade.

“A cultura é o produto do ócio humano, e não do suor de seu rosto”.
-Franz Alexander-

Alexander foi um estudante disciplinado da psicanálise clássica. No entanto, com o passar do tempo, deixou sua própria marca nessa corrente, afastando-se substancialmente de vários conceitos centrais de Freud. Suas contribuições para a psicoterapia e a psiquiatria ainda são válidas.

Franz Alexander e suas origens

Franz Alexander nasceu na Hungria, no dia 22 de janeiro de 1891. Ele estudou na Universidade de Budapeste e, aos 22 anos, obteve seu diploma de Medicina. Mais tarde, concluiu sua formação na Universidade de Göttingen e no Instituto Fisiológico de Cambridge, no Reino Unido. Durante a Primeira Guerra Mundial, foi bacteriologista a serviço do exército austro-húngaro.

Franz Alexander

Mais tarde, trabalhou na clínica neuropsiquiátrica ligada à Universidade de Budapeste. Lá, ele conheceu e se interessou profundamente pelo trabalho de Freud. Em 1920, emigrou para a Alemanha. Em Berlim, se tornou o primeiro aluno do Instituto de Psicanálise, onde se tornou psicanalista. Depois, trabalhou como professor de psicanálise no mesmo instituto.

Naquela época, ele publicou seu trabalho A Psicanálise da Personalidade Total, que chamou a atenção de Freud. Por volta de 1930, foi convidado por Robert Hutchins para ingressar como professor na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. Alexander aceitou e logo depois fundou e dirigiu o Instituto de Psicanálise de Chicago por 25 anos.

A medicina psicossomática

Com a presença de Franz Alexander, a Universidade de Chicago se transformou no primeiro centro educativo dos Estados Unidos que realizou pesquisas no campo da medicina psicossomática. Durante os anos seguintes, Alexander fez um tratado sobre medicina psicossomática, outro sobre psicanálise e outro sobre psicoterapia. No Primeiro Congresso Mundial de Psiquiatria, realizado em 1959 em Paris, ele presidiu essas mesmas seções.

Embora Franz Alexander não tenha sido o primeiro a aplicar a psicanálise na medicina, ele se tornou o principal expoente da medicina psicossomática, inspirado nos princípios freudianos. Em particular, ele ganhou notoriedade com seus estudos sobre as úlceras gastroduodenais. Ele conseguiu mostrar que essa condição se originava de uma falta de ternura durante a infância.

Medicina psicossomática

O descobrimento dessa importante influência do inconsciente na saúde física também fez com que ele repensasse o método e a duração do processo analítico. Por outro lado, conseguiu esclarecer a diferença entre transtornos de conversão e doenças psicossomáticas, algo que em sua época não estava muito definido.

A segunda geração da psicanálise

Franz Alexander é considerado um dos principais expoentes da chamada “segunda geração da psicanálise”. Ele reuniu muitas das contribuições de Sandor Ferenczi. Muitos de seus pontos de vista foram expostos em uma obra que já é considerada clássica: Terapêutica Psicanalítica. É um trabalho que tem orientado várias gerações de psicanalistas.

Alexander também introduziu o conceito de “experiência emocional corretiva”. Este reforma o modelo de atenção típico da psicanálise e se baseia em quatro ações básicas:

  • Fazer o paciente reviver situações passadas que não conseguiu resolver para que as aborde em condições mais favoráveis.
  • O paciente deve se expressar livremente e estabelecer com o analista uma relação transferencial que esteja afastada da lógica que tinham os vínculos com seus pais.
  • O psicanalista deve ajudar o paciente, oferecendo uma perspectiva nova de acontecimentos passados.
  • Se o analista for lógico e saudável, o paciente descartará as respostas inadequadas à sua realidade.
Rostos diferentes

Franz Alexander defendia a “psicoterapia de curto prazo”, ou psicoterapia breve, algo que o afastou completamente da psicanálise clássica. Ele também aplicou suas análises à criminologia, sociologia, política e estética. Ele faleceu em Palm Springs, Califórnia, em 1964, deixando um legado como escritor prolífico e pesquisador.


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  • Alexander, F., & SZASZ, T. (1971). El enfoque psicosomático en medicina. Psiquiatría dinámica. Buenos Aires: Paidos, 309-337.

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