Fuja dos conselheiros

Fuja dos conselheiros

Última atualização: 10 maio, 2017

Os conselhos são opiniões subjetivas que um interlocutor transmite ao outro com a intenção de orientar uma conduta de uma forma determinada.  O certo é que existem pessoas que, sem preparação nem consciência, vão dando conselhos para a vida dos outros. Nesse artigo os batizamos de conselheiros, e é uma espécie da qual, geralmente, toda família ou grupo de amigos tem um exemplar.

Dar conselhos no coloca em uma posição de autoridade, de sabedoria e, inclusive, de prestígio. Por outro lado, geralmente não os recebemos com desagrado – independentemente de ser algo certo ou não -, pois normalmente é um sinal de que há pessoas que se preocupam conosco. Contudo, isso não deve ocorrer quando suspeitamos que por trás desse conselho há alguma estratégia manipuladora para dirigir nossa conduta.

Ao embasar os conselhos em sua própria vivência, normalmente as conclusões não são aplicadas aos nossos casos. Por tanto, se você está com uma pessoa que se intromete em sua vida sem que você tenha pedido sua opinião, argumenta com grande segurança sem saber ao certo do que está falando e, além disso, impõe suas opiniões, você está diante de um conselheiro, e será melhor fugir dele.

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Anatomia dos conselheiros

Como explicamos, o conselheiro possui uma série de características que faz com que possamos reconhecê-los com facilidade. Normalmente são pessoas mais velhas do que nós, que por sua idade, acreditam ter mais experiência – o que nem sempre é verdade – e pensam ser mais sábios que nós.

Estas são as características comuns que podemos encontrar nessa tipologia psicológica:

Costumam dar conselhos típicos

“O tempo põe tudo em seu lugar” ou “acredite em você e tudo mudará” são típicos conselhos que se lê em revistas de adolescentes e logo acaba-se dando a outras pessoa para ver se os ajudam. Evidentemente, essas sugestões pré-fabricadas nunca funcionam, já que a pessoa para a qual você está dando esse conselho já as conhece. Inclusive, já as aplicou, mas não são essas que necessitam no momento.

Mais que ajudar, muitas vezes podemos fazer com que a outra pessoa se sinta culpada por não “acreditar em si mesma” ou “não ver o lado positivo das coisas”.

Têm medos que não sabem enfrentar e os projetam em sua vivência

Os conselheiros geralmente são pessoas que têm assuntos pendentes para resolver em suas vidas, têm medo de enfrentar circunstâncias ou não superaram algumas de forma eficiente. Isso faz com que deem conselhos aos demais como uma maneira de reparar sua própria vida. Ninguém pode ajudar outra pessoa se, previamente, tem a mente cheia de fantasmas.

Além disso, muitas vezes os conselheiros têm características de alguém ansioso – “não façam isso”, “é perigoso”, “e se não der certo?” – ao invés de alguém motivador, já que eles mesmos, normalmente, deixam-se guiar pelo medo que possuem.

Praticam o “euísmo”

Um bom conselheiro sempre dá conselhos baseando-se em si, si e depois si. Ao invés de escutar a pessoa que está à frente – algo que ajuda, e muito – enquanto termina sua frase, rapidamente começa da seguinte forma: “Pois eu…”, “Comigo também aconteceu isso…”. Todos, em maior ou menor medida, se utilizam do que fizeram no passado para dar conselhos.

Isso faz com que não nos sintamos compreendidos nem escutados. Ao final, seremos nós que teremos que escutar. Não podemos esquecer que a experiência da outra pessoa pouco tem a ver com nossa própria experiência, ainda que elas se pareçam.

Dão conselhos nos quais nem eles mesmos acreditam

O mais provável é que as indicações que o conselheiro dá não tenham sido aplicadas por ele na prática, provavelmente porque ele não acredita nelas. Também pode ser que envolva uma grande dificuldade: talvez seja um conselho adequado, mas não para esse momento.

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Os conselhos, em todos os casos, devem ser realistas, progressivos e adaptados a cada pessoa. Conselhos gerais como “se você quer parar de fumar deve parar de um dia para o outro e começar a consumir chicletes para controlar a ansiedade” não apenas não são realistas – neste caso há muitas outras técnicas que uma pessoa pode usar -, como podem prejudicar a outra pessoa, enchê-la de pressão ou ansiedade e tudo isso pode ter o efeito contrário.

Pensam que o outro não é tão capacitado quanto eles e que precisa deles

Os conselheiros se veem como “salvadores de vidas” e pensam que os outros não estão tão informados como eles e que são inferiores e, portanto, precisam deles. Essa atitude não é mais do que uma desculpa para que eles não se ocupem com seus próprios assuntos, uma forma de distração para não se preocuparem com sua própria vida. Na verdade, ninguém necessita de nossos conselhos, o que necessitam é que cooperemos com eles para, assim, conseguirem alcançar seus desejos e objetivos, o que não é a mesma coisa.

Antes de dar um conselho a alguém que não pediu ou sobre o que não temos conhecimento científico, temos que lembrar sempre da seguinte reflexão:


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