GABA, o neurotransmissor da calma e do relaxamento

GABA, o neurotransmissor da calma e do relaxamento
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Você se sente agitado, irritado ou triste sem razão aparente? É uma sensação que surge com frequência? Embora existam várias explicações para isso, uma possibilidade é uma densidade baixa de determinadas substâncias em seu cérebro. Nosso cérebro pode usar até 100 neurotransmissores diferentes, sendo o GABA um dos mais importantes.

Conhecido como o neurotransmissor da calma e do relaxamento, o ácido gama-aminobutírico (GABA) é um aminoácido e um neurotransmissor que regula a agitação cerebral por meio da inibição do disparo excessivo dos neurônios, o que leva a uma sensação de calma.

Equilibrar adequadamente seu nível de GABA pode reduzir o estresse, fazer com que você sinta menos ansiedade e reduzir as chances de desenvolver vários problemas de saúde.

O que é o GABA e o que ele faz?

O ácido gama-aminobutírico é um dos mais importantes neurotransmissores, substâncias químicas que as células cerebrais usam para se comunicar entre si. De fato, é o neurotransmissor inibitório mais frequente. Os neurotransmissores inibidores diminuem as chances de que um impulso nervoso seja disparado.

A função principal do GABA como neurotransmissor inibidor é desacelerar a atividade cerebral. Além disso, também está envolvido na visão, no sono, no tônus muscular e no controle motor.

É amplamente distribuído tanto dentro quanto fora do sistema nervoso central. É encontrado nos intestinos, no estômago, na bexiga, nos pulmões, no fígado, na pele, no baço, nos músculos, nos rins, no pâncreas e nos órgãos reprodutivos.

Neurotransmissor GABA

As doenças e os transtornos relacionados à disfunção do GABA incluem autismo, transtorno bipolar, depressão, esquizofrenia, epilepsia, fibromialgia, meningite, alguns tipos de demência (doença de Alzheimer, demência por corpos de Lewy, demência frontotemporal) e alguns transtornos intestinais (doença de Crohn, câncer colorretal, síndrome do intestino irritável – SCI, colite ulcerativa).

Além disso, as doenças caracterizadas por movimentos involuntários, como o Parkinson, a discinesia tardia e a doença de Huntington também estão associadas a baixos níveis desse neurotransmissor.

Uma das funções mais importantes do GABA é sua capacidade de minimizar o estresse e a ansiedade. Quando seus níveis estão baixos, aumentam as chances de nos sentirmos ansiosos, angustiados e muito sensíveis à estimulação.

Nesse sentido, um artigo publicado na revista Nature afirma que esse neurotransmissor pode diminuir especificamente os pensamentos não desejados que alimentam o estresse, a ansiedade, a depressão e outros transtornos psiquiátricos.

Outra forma pela qual o ácido gama-aminobutírico afeta a atividade cerebral é alterando os padrões de ondas cerebrais. A presença do GABA aumenta as ondas cerebrais associadas a um estado relaxado (ondas alfa) e diminui as associadas com o estresse e a ansiedade (ondas beta).

O equilíbrio da atividade cerebral

Para falar sobre como o ácido gama-aminobutírico funciona, é preciso levar em consideração outro neurotransmissor, o ácido glutâmico. Este neurotransmissor é um subproduto natural da produção de energia no cérebro.

Esses dois neurotransmissores são complementares e opostos. O ácido glutâmico, como principal neurotransmissor excitador, equilibra os efeitos inibitórios do GABA. Os neurotransmissores excitatórios aumentam as chances de que um impulso nervoso seja disparado. Assim, enquanto o GABA retarda a atividade cerebral, o ácido glutâmico a acelera.

Estes dois neurotransmissores trabalham juntos para controlar a atividade cerebral. GABA e ácido glutâmico não apenas trabalham juntos, mas também podem se transformar um no outro.

O ácido glutâmico é o precursor do GABA e este, por sua vez, pode ser reciclado e virar ácido glutâmico, conforme a necessidade.

Seus níveis de GABA estão baixos?

Na maioria dos casos, a disfunção do GABA pode ser atribuída diretamente ao estilo de vida. Nesse sentido, de acordo com o Dr. Datis Kharrazian, pesquisador da Escola de Medicina de Harvard, muito estresse, má alimentação, falta de sono, muita cafeína e intolerância ao glúten são as causas da “disfunção” de GABA.

Também é preciso levar em consideração que as bactérias intestinais produzem esse neurotransmissor. Dessa forma, a disbiose, um desequilíbrio entre as bactérias intestinais boas e ruins, pode levar à baixa produção de GABA.

Além disso, é preciso saber que o excesso de ácido glutâmico se transforma em GABA com a ajuda da vitamina B6 e da enzima descarboxilase do ácido glutâmico (GAD, do inglês glutamic acid decarboxylase).

Uma deficiência de vitamina B6 ou uma reação autoimune pode interferir na produção de GABA. As causas dessa reação autoimune incluem transtornos autoimunes, diabetes, intolerância ao glúten, doença celíaca e tireoidite de Hashimoto.

Por outro lado, é preciso levar em consideração que são muitas as mudanças químicas internas que podem influenciar o desequilíbrio entre glutamato e GABA. Além disso, em relação a substâncias de consumo, a cafeína inibe a atividade do GABA, enquanto o álcool e os tranquilizantes a aumentam.

Homem estressado no trabalho

Como aumentar os níveis de GABA?

Existem suplementes que contêm uma forma sintética desse neurotransmissor. No entanto, ainda há controvérsias sobre se os complementos desse neurotransmissor realmente funcionam.

Não se sabe se, ao ser ingerido como um suplemento, o GABA chega ao cérebro em quantidades suficientemente significativas para fazer efeito. Em todo caso, há quem acredite que esses suplementos são úteis.

Também não há uma dose estabelecida para os suplementos de GABA atualmente, nem pesquisa suficiente sobre o assunto para descobrir os efeitos secundários desses suplementos. E mais, não há informação suficiente para garantir a segurança desses suplementos.

No entanto, há muitas outras maneiras de manter um nível saudável de GABA de forma natural. Uma dessas formas é através da alimentação. Os pesquisadores analisaram o teor de GABA de uma ampla variedade de alimentos, como gérmen de arroz integral, brotos de arroz integral, brotos de cevada, brotos de soja, feijão, milho, cevada, arroz integral, espinafre, batata, couve e castanhas.

Além disso, uma pesquisa realizada pelo Instituto de Biociências da Universidade de Cork, na Irlanda, revelou que os alimentos probióticos aumentam o ácido gama-aminobutírico. Alimentos como o iogurte, o kefir, o kimchi e o chucrute contêm as estirpes de bactérias produtoras de GABA, Lactobacillus brevis e Bifidobacterium dentium.

Por outro lado, se você está preocupado(a) com seus níveis, é importante reduzir ao mínimo o consumo de cafeína, já que ela inibe a capacidade desse neurotransmissor de se vincular aos seus receptores. Em vez de café, você pode tomar chá, que contém menos cafeína e possui o aminoácido l-teanina, que aumenta esse neurotransmissor.

É importante destacar que outra forma bastante eficaz de aumentar os níveis de GABA é fazer exercício. Qualquer tipo de exercício físico aumenta os níveis desse neurotransmissor, mas a ioga é especialmente útil. De fato, os níveis desse neurotransmissor no cérebro podem aumentar até 27% depois de apenas uma sessão de ioga.


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