Há pessoas que não querem te perder, mas não sabem cuidar de você

Há pessoas que não querem te perder, mas não sabem cuidar de você
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Há pessoas que não se importam em cuidar de você ou em te levar em consideração e que, ainda assim, constroem um muro bem alto ao seu redor para não te perder. Trata-se de relacionamentos baseados no ego de uma personalidade codependente, onde apenas se exige e distorce algo tão nobre como o afeto, que deveria trazer luz e não causar lágrimas.

O medo de que a pessoa amada se afaste de nós implica, acima de tudo, uma falta de confiança e, às vezes, até mesmo a perigosa ideia de considerar o parceiro como uma posse. Qualquer relacionamento baseado em alguma forma de medo inevitavelmente gera um grande sofrimento.

Há quem não saiba cuidar de você, que não perceba as suas tristezas ou a marca de tantas decepções; mas lembre-se: se não te levam em consideração, não se esqueça de considerar a si mesmo(a). Ouça o seu coração e cuide de si.

Por mais estranho que nos pareça, são muitos os casais que mantêm esse tipo de relacionamento ao longo do tempo. Queremos te convidar a conhecer as causas disso e a aprender agir de forma adequada, sempre protegendo a sua autoestima.

O codependente controlador e o compassivo

Em um interessante artigo publicado na revista “World of Psychology“, são definidos dois tipos de personalidade que delineiam muito bem este tipo de relação tão desigual, mas estável ao longo do tempo, onde um controla e o outro é permissivo. As características básicas seriam as seguintes:

  • O codependente controlador vivencia o compromisso como um tipo de vício. Por trás da necessidade de dominação há uma falta de autoconfiança que leva à necessidade de implantar estratégias e mecanismos de defesa para incapacitar a outra pessoa e, assim, mantê-la sob seu controle.
  • A ansiedade sentida pelo codependente controlador é tão grande que não há mais espaços próprios para existir sozinho, apenas um “micromundo” em comum repleto de desconfianças, censuras e emoções negativas.
  • A palavra “compassivo”, por sua vez, tem suas raízes latinas em “cum-passio” (sofrimento compartilhado). A pessoa compassiva é bastante consciente da dependência do parceiro, da sua necessidade de controlar por causa do medo de perder.
  • Porém, apesar disso, a pessoa não consegue deixar de continuar a amar o(a) parceiro(a), cuidando dele(a) e, ao mesmo tempo, priorizando a outra pessoa acima de si mesmo(a). São relações complexas, presas em um ciclo de dor muito característico.
mulher cercada por lírios representando a necessidade de cuidar de si mesmo

Cuidar de si acima de tudo

Tanto a necessidade de controle quanto a dependência são dois elementos inibidores que promovem desequilíbrio na relação. Sem dúvida, assim como todos já sabemos, as relações afetivas são muito complexas. Porém, na verdade, deveríamos dizer que a complexidade está nas próprias pessoas e não na relação em si.

Há pessoas que precisam controlar porque esta é a sua única maneira de conceber o amor. Outras, por outro lado, mesmo amando sinceramente, carecem de habilidades emocionais para saber demonstrar a reciprocidade adequada. Porém, é importante que, em todos os nossos relacionamentos, priorizemos a “excelência” acima da “exigência”. Para isso, seria positivo colocarmos em prática as seguintes estratégias.

casal lado a lado

Amor-próprio, um relacionamento que deve durar para sempre

É essencial que você nunca se esqueça da necessidade de se cuidar, de se preocupar com você. Por mais curioso que pareça, conforme revelado por um estudo publicado no The Journal of Personality and Social Psychology, os mais jovens têm uma autoestima mais baixa do que as pessoas que chegam aos 60 anos de idade.

Uma boa autoestima, o autoconhecimento e uma boa gestão emocional vão te lembrar que quem não te leva em consideração, quem não cuida de você, não merece a sua atenção e muito menos a sua tristeza. Então, não hesite em levar a sua alegria para outro lugar.

É como se o tempo fosse colocando cada pedaço do nosso amor-próprio no seu lugar, como se a experiência nos moldasse para atingirmos a maturidade com mais segurança e um melhor equilíbrio. Por outro lado, é essencial poder aproveitar cada ciclo e cada etapa para caminhar de forma mais equilibrada, reforçando esse vínculo consigo mesmo, chamado de amor-próprio.

Diga sim para um relacionamento emocional consciente

Os relacionamentos que funcionam e nos trazem felicidade são maduros e emocionalmente conscientes:

  • Não há a necessidade de controle porque não há medos, temores e inseguranças subjacentes, nem a vontade de violar o espaço pessoal de quem se ama.
  • As pessoas conscientes e maduras compartilham a sua plenitude, não trazem sombras de egoísmo ou vazios que os outros devam preencher.
  • Os parceiros maduros cuidam um do outro e, por outro lado, permitem que cada um leve em conta o seu próprio crescimento, sentindo-se livre e ao mesmo tempo fazendo parte de um projeto comum.
casal abraçado com flores

Para concluir, a sensação de que alguém nos exige, controla e não nos leva em consideração pode se estender além dos relacionamentos. Familiares ou amigos certamente podem apresentar este mesmo comportamento.

Portanto, você deve agir, defender territórios, cuidar dos seus direitos e, sobretudo, ouvir a voz do seu coração pedindo respeito. Cuidar de si é essencial. Cuide da sua autoestima, pois ninguém é egoísta por cuidar de si mesmo.

Imagem principal cortesia de Claudia Tremblay


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.