Hidrofobia, o medo da água

Hidrofobia, o medo da água
Marián Carrero Puerto

Escrito e verificado por a psicóloga Marián Carrero Puerto.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

A água é um dos elementos mais indispensáveis para a vida dos seres vivos. Por isso, não entrar em contato com ela de forma regular pode ser difícil, tornando-se um problema para quem sofre de hidrofobia.

A hidrofobia ou o medo da água é definido como uma dificuldade com a qual o ser humano pode se deparar ao entrar em contato com o meio aquático pela primeira vez.

Durante as primeiras etapas de exploração, descoberta e adaptação, nos deparamos com um comportamento hesitante em relação à água (Saquicela e Jacinto, 2010).

A hidrofobia ou o medo da água é uma alteração psicológica que se caracteriza por apresentar um medo irracional, excessivo e injustificado em relação à água.

“Nada na vida deve ser temido, somente compreendido. Agora é hora de compreender mais para temer menos”.
-Marie Curie-

Sintomas da hidrofobia

Sintomas físicos:

  • Aumento da frequência cardíaca.
  • Aumento da frequência respiratória.
  • Hiperventilação ou sensação de asfixia.
  • Tensão muscular generalizada.
  • Transpiração excessiva no corpo todo e/ou suores frios.
  • Dor de estômago e/ou de cabeça.
  • Sensação de irrealidade ou despersonalização.
  • Dilatação pulmonar.
  • Tonturas, náuseas e vômitos.
Mulher com fobia de água

Sintomas cognitivos:

Os sintomas físicos reforçam os cognitivos, provocando pensamentos negativos quando a pessoa está perto da água. Além disso, esses pensamentos negativos produzem e alimentam dúvidas sobre a capacidade que a pessoa com hidrofobia tem de enfrentar a água.

Sintomas comportamentais:

  • Evitação. A pessoa evita a todo custo o contato com a água, o que contribui para o aumento do medo e impede sua superação.
  • Fuga. Quando a pessoa não consegue evitar o contato com a água, tenta sair da situação o mais rápido possível.

 “O medo sempre está disposto a ver as coisas piores do que são”.
-Tito Lívio-

Causas da hidrofobia

Segundo Calamnia (1993), podemos agrupar as causas da hidrofobia em dois blocos:

  • Educação de medo em relação ao meio aquático. O adulto transmite seu próprio medo, de maneira que a criança o incorpora em seu organismo antes de ter experimentado o medo em primeira pessoa. É a forma mais frequente.
  • Más experiências prévias ou situações estressantes, como imersões provocadas.

Segundo Zubiaur e Gutiérrez (2003), a hidrofobia perante o comportamento motor pode ser atribuída a vários fatores:

– Temores perante ameaças psicológicas:

  • Medo do fracasso. É uma das causas mais gerais em crianças e vai aumentando com a idade. Pode ser porque não confia em suas próprias capacidades ou teme as consequências do fracasso.
  • Medo de ser avaliado negativamente.
  • Medo de passar vergonha. Este influencia muito na fase da adolescência e, em muitos casos, pode perdurar até a idade adulta.
  • Medo da competição.

– Medo por insegurança física:

As pessoas que são principiantes têm que enfrentar movimentos pouco habituais, frequentemente em meios desconhecidos, ou realizar movimentos incomuns que podem causar a perda de orientação espacial ou de equilíbrio, o que pode provocar medo.

Se somarmos a isso a novidade da situação, a insegurança nos resultados e a importância de ter sucesso, o sentimento de medo durante, e talvez depois da execução, pode ser muito intenso.

“O homem que sente medo sem perigo inventa o perigo para justificar seu medo”.
-Alain Emile Chartier-

Pessoa com medo da água

Como tratar a hidrofobia?

A terapia de exposição, como em quase todas as fobias, costuma ser o tratamento mais utilizado na hora de tratar a hidrofobia. A exposição pode ser de dois tipos: exposição in vivo ou exposição virtual (esta última graças à chegada das novas tecnologias).

Seja como for, a pessoa se expõe ao ambiente que causa o medo e aprende a “desaprender seu medo” de água de maneira gradual, passando das situações que causam mais medo a aquelas que causam menos.

Em combinação com a terapia de exposição, os médicos costumam receitar certos medicamentos que podem ajudar os fóbicos a reaprender a reagir aos medos. Os ISRS ou os inibidores seletivos da recepção da serotonina podem reduzir os ataques de ansiedade e pânico.

Lembre-se de que os medicamentos não têm efeito duradouro e podem causar sintomas de abstinência. Portanto, é preciso ter cuidado para evitar o uso a longo prazo.

Também são utilizadas técnicas de redução de estresse, como o relaxamento, a ioga, a meditação, etc. Além disso, métodos voltados para a recuperação da consciência plena, como mindfulness e focusing, estão cada vez mais em alta.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.