Imaginação emotiva, uma técnica para reduzir a ansiedade

Imaginação emotiva, uma técnica para reduzir a ansiedade
Laura Reguera

Escrito e verificado por a psicóloga Laura Reguera.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Saiba como usar a imaginação emotiva para combater a ansiedade, aquele monstro que nos persegue e nos impede de desfrutar o aqui e o agora. Tanto é assim que muitos dias, antes de sairmos da cama, já estamos sobrecarregados com tudo o que temos a fazer nas horas, semanas e meses seguintes.

Temos essas preocupações tão interiorizadas que elas acabam fazendo parte de nós e deslizando entre nossos pensamentos, quando não percebemos sua presença de maneira constante, como se fossem um plano de fundo para tudo o que fazemos ou uma sombra ameaçadora que não desaparece nem quando o sol se põe.

Mas é possível viver além de “eu devo fazer isso”, “tenho que terminar aquilo”, “amanhã tenho que…”, “certamente meu chefe me mandará fazer mais tarefas quando atravessar a porta”, etc.? Continue lendo e descubra o que é a imaginação emotiva!

“Toda pessoa tem capacidade para mudar a si mesma”
-Albert Ellis-

O que é a imaginação emotiva?

A imaginação emotiva é uma técnica psicológica que se enquadra dentro da Terapia Racional Emotiva Comportamental de Albert Ellis, um dos psicoterapeutas mais reconhecidos de todos os tempos. Esta terapia se baseia na abordagem cognitivo-comportamental, aquela com maior suporte empírico entre todas as correntes na psicologia. Ou seja, seu uso está contrastado e validado por diversos estudos.

Todos nós não queremos isso quando vamos ao psicólogo? Infelizmente, sempre ouvimos conhecidos ou temos a experiência própria de ter ido à terapia e esta não ter nos ajudado. Embora não se possa generalizar nem seja uma garantia irrefutável, ir a um terapeuta cognitivo-comportamental pode ser muito eficaz e útil.

“Ensinamos as pessoas a prejudicarem a si mesmas. Não podemos mudar o passado, então mudaremos como as pessoas pensam, sentem e se comportam hoje”.
-Albert Ellis-

Por que usar a imaginação emotiva?

Agora, para entender por que a imaginação emotiva pode ser útil, temos que entender o que é postulado desde a corrente cognitivo-comportamental sobre as emoções. Estas são respostas do nosso organismo a mudanças no ambiente externo ou interno. Ou seja, as emoções podem aparecer por causa de coisas que acontecem ao nosso redor, mas também por pensamentos que aparecem em nossa mente.

Na verdade, esses pensamentos são uma parte fundamental na questão que nos preocupa. A imaginação emotiva vai tentar nos dar ferramentas para modificar e gerenciar esse discurso interno negativo que muitas vezes facilita que as emoções negativas sejam desencadeadas.

Mãos com fios em volta

Um exemplo: você está dirigindo tranquilamente pela rodovia e, quando você vai ultrapassar um carro na pista da esquerda, outro atrás de você aparece a toda velocidade. Diante dessa situação, há pessoas que vão pensar “Como pode dirigir de forma tão agressiva? Não percebe que terá que frear e pode causar um acidente? Quem pensa que pode dirigir assim?”. Como você acha que se sentem essas pessoas gerando esses tipos de pensamentos? Como você se sente quando pensa assim?

Certamente irão aparecer emoções como a ansiedade e raiva. Lógico, certo? Agora, há outras pessoas que podem ter um discurso interno diferente: “Bem, você pode fazer tudo o que quiser… Eu vou continuar a essa velocidade até chegar ao carro, é seu problema se você estiver com pressa e não aguardar” . Neste caso, mesmo que haja alguma ansiedade ou raiva, a intensidade dessas emoções será menor.

Como é usada a imaginação emotiva?

Para usar a imaginação emotiva, a primeira coisa a levar em conta é a nossa capacidade de imaginação. Se isso é difícil para nós, pode ser que primeiro possamos precisar de uma série de exercícios de treinamento para aumentar nossas habilidades nesse sentido.

Em primeiro lugar, devemos pensar em uma situação que nos gera ansiedade. Uma vez que a temos em nossa cabeça, temos que pensar em todos os detalhes daquilo que está “acontecendo” e que nos gera tal grau de desconforto.

Em seguida, procuraremos sentir outras emoções negativas, mas que não sejam tão perturbadoras. Ou seja, temos que fazer com que apareçam emoções negativas mais apropriadas e moderadas. Claro, é importante ter em mente que não podemos modificar nada da situação imaginada: a mudança de emoção deve ocorrer através de um exercício da pessoa.

Uma vez que conseguimos isso, temos que verbalizar os pensamentos que apareceram e que têm nos ajudado a conseguir com que nossas emoções negativas se tornem mais adaptáveis. Seguindo o exemplo do carro que vem em nossa direção, devemos tentar procurar os pensamentos que mencionamos na segunda situação.

Mão pedindo ajuda

Quais benefícios a imaginação emotiva proporciona?

A imaginação é uma ferramenta que, bem usada e treinada, pode facilitar em grande parte a regulação das nossas emoções. Além disso, o positivo das técnicas cognitivo-comportamentais é que elas são complementares, de modo que podem ser usadas diferentes ferramentas dependendo da situação.

Nesse sentido, a imaginação emotiva é um “extra” que nos ajuda em um aspecto central – o gerenciamento de pensamentos disfuncionais e pouco adaptáveis​​ – para reduzir nosso desconforto. Como é fácil de imaginar, apesar de entendermos a importância de aprender a fazer isso, muitas vezes é difícil para nós conseguir isso na terapia.

“Os melhores anos de sua vida são aqueles em que você decide que seus problemas são apenas seus. Não é culpa da sua mãe, da ecologia ou do presidente. Alguém assim tem o controle de seu próprio destino.”
-Albert Ellis-

Aqui, a imaginação emotiva pode nos ajudar a pensar de forma mais cuidadosa e crítica sobre aquelas preocupações e medos que temos. Além disso, nos ajuda a corrigir os erros do passado e nos treina em habilidades racionais para evitar que estes aconteçam novamente no futuro. Mas não só isso, nos ajuda a melhorar a nossa autoestima e a nossa confiança, ao vermos que somos mais capazes de enfrentar as situações que nos geram desconforto.

Em suma, isso nos ajuda a nos reeducarmos emocionalmente. Mesmo assim, não devemos nos esquecer de que, se alguém sente um grande desconforto, o primeiro passo para recuperar as rédeas da nossa vida é se dirigir a um bom psicólogo. Este profissional será quem vai nos ajudar a adquirir as estratégias adequadas para que possamos recuperar o controle… Vamos trabalhar para regular melhor nossa ansiedade!

Imagens cortesia de Tanja Heffner, Davide Ragusa e Ian Espinosa.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.