O impressionante feito de Nando Parrado

O impressionante feito de Nando Parrado
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 30 julho, 2020

A história de Nando Parrado é uma daquelas histórias que acontece uma vez a cada século. Seu nome de batismo é Fernando Seler Parrado. Ele tinha apenas 23 anos quando viveu uma experiência que dividiu sua vida em duas partes. Nando foi o protagonista da tragédia conhecida como “Milagre dos Andes”, que aconteceu nos anos 1970 na América do Sul.

Um avião particular, que transportava um time de rugby uruguaio, bateu contra uma das montanhas dos Andes em território chileno. O time ia participar de um campeonato internacional. Contando a tripulação, havia 45 pessoas nesse avião. Depois de uma semana, apenas 27 continuavam vivas. Ao final, apenas 16 pessoas se salvaram, em grande medida graças a Nando.

O acidente aconteceu a uma altura superior aos 4.000 metros. Era uma região rochosa, completamente coberta de neve. Não havia vida no lugar, apenas os restos do avião e um grupo de pessoas que fizeram o que foi necessário para sobreviver.

“Se você quiser mudar a parte ruim do passado, vai acabar por mudar a parte boa do presente ao qual chegou devido à parte ruim do passado. Então, o ontem já passou”.
-Fernando Parrado-

O acidente fatal

O acidente aéreo aconteceu em 13 de outubro de 1972. O voo seguia seu curso normal, mas os ventos mudaram subitamente de direção e o piloto não percebeu essa mudança brusca. Ele continuou o trajeto previsto sem perceber que havia feito um desvio. O tempo estava ruim e a visibilidade escassa. Por isso, a aeronave se chocou contra uma montanha.

Cordilheira dos Andes

O piloto havia reportado incorretamente suas coordenadas. Por isso, quando a missão de resgate teve início, não encontrou nem rastro do avião. A busca foi suspensa pouco mais de uma semana após a queda da aeronave.

Enquanto isso, os sobreviventes se organizaram para cuidar dos doentes, racionar as escassas provisões com que contavam e tentar mandar pedidos de ajuda. O líder de todos era o capitão do time de rugby, Marcelo Pérez.

Nando Parrado, um dos sobreviventes

Nando Parrado viajava com sua mãe e sua irmã. A mãe morreu instantaneamente no momento do acidente. A irmã sobreviveu, mas ficou ferida. Enquanto isso, Nando lutava entre a vida e a morte. Ele ficou três dias inconsciente. Seus companheiros cuidaram dele, até que um dia acordou. Depois, ele se dedicou a cuidar da irmã, até que ela faleceu.

Nando Parrado nos Andes

Esse jovem uruguaio, estudante de engenharia mecânica, tinha um perfil discreto dentro do grupo. No entanto, seu desejo de sobreviver parecia ser maior que o dos outros, mesmo com suas perdas. O grupo foi se deixando levar pela inércia, enquanto Nando só pensava em uma maneira de sair de lá.

Os jovens começaram a morrer, um a um. Isso fez com que Nando decidisse tentar, sozinho, atravessar a cordilheira e chegar a um lugar habitado para pedir ajuda. Por fim, convenceu seu companheiro, Roberto Canessa, a acompanhá-lo. Os dois empreenderam uma travessia extremamente perigosa. Com apenas uma porção de comida e sem equipamentos para escalar ou se abrigar, conseguiram cumprir a missão.

Uma grande polêmica

Nando e seu companheiro levaram as autoridades ao lugar do acidente no mesmo dia em que entraram em contato com a civilização. Seus 14 companheiros foram salvos graças a esse ato de vontade e decisão. A notícia foi divulgada em todos os meios de comunicação em poucas horas. No entanto, quando perguntaram a eles como tinham conseguido sobreviver sem comer durante mais de dois meses, veio à tona uma história polêmica.

Os jovens tinham decidido comer carne humana. Eles se alimentaram dos cadáveres que jaziam sob a neve, já que não tinham nenhuma outra fonte de alimento. Isso suscitou, e continua suscitando, fortes críticas. O fato se transformou em um escândalo.

Em suas próprias palavras: “Perdi minha mãe, minha irmã e meus amigos, fraturei a cabeça, uma avalanche me enterrou, cruzei os Andes em busca de ajuda e voltei ao local do acidente com os helicópteros de resgate em meio a uma forte nevasca. Quando tudo terminou, minha vida estava destruída. Tive que refazê-la. Minha cordilheira começou depois”.

Nando Parrado e seus companheiros

Quando Nando Parrado reencontrou seu pai, ouviu “Obrigado por ter voltado”. Ele conseguiu refazer sua vida com uma única ideia em mente: teria que lutar para fazer apenas o que gostava. Isso o levou a se tornar piloto de corrida. Assim, conheceu a mulher com quem se casou e com quem hoje vive extremamente feliz.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.