"In a heartbeat", o curta sobre o amor entre dois jovens do mesmo sexo
“Em um instante” ou “In a Heartbeat” é o título de um curta-metragem mudo que se apresentou como um fenômeno nas redes sociais, graças ao fato de que mostra com simplicidade e grande sucesso o surgimento do amor entre dois meninos pré-adolescentes.
O curta mostra com beleza como um se ruboriza quando vê o outro, e como ambos desfilam os olhares diante do que parece estar acontecendo, mas ainda não foi definido.
A chave do sucesso de “In a Heartbeat” reside no fato de que apresenta sem censura para a sociedade o amor homossexual em um momento jovem e complicado, quando os interesses surgem e ainda não se sabe explicar a razão que promove sensações e sentimentos tão intensos.
Assista ao curta ‘In a Heartbeat’
Esclarecendo conceitos: o que não significa ser homossexual
Vivemos em uma sociedade bastante permissiva, mas não com as minorias, já que existe um modelo dominante de sexualidade. Além disso, somos permissivos com a heterossexualidade em uma determinada idade, mas não com a homossexualidade nem com a sexualidade adolescente.
Portanto, somos muito restritivos em muitos aspectos, enquanto em outros somos muito expressivos. Tudo dentro do que é considerado uma sexualidade aceitável. O problema é que há muita ambiguidade. Não vamos entrar em todos os esclarecimentos que a sociedade precisa entender a respeito da sexualidade, mas é fundamental esclarecer que a orientação do desejo:
- Envolve reconhecer e aceitar que se sente atração por um determinado tipo de estímulo que forma o objeto de desejo.
- Envolve se definir em termos de uma categoria sócio-sexual.
- Não se deve limitar nem se confundir com o comportamento sexual.
- Inclui múltiplas dimensões: atração sexual, fantasias eróticas, comportamentos sexuais, vínculos emocionais…
Portanto, com o objetivo de quebrar falsos mitos que abrigam a sociedade, vamos explicitar o que NÃO SIGNIFICA SER HOMOSSEXUAL:
- Que, em todos os casos, se sente atração (desejos, fantasias, emoções, comportamentos…) EXCLUSIVAMENTE por pessoas do mesmo sexo.
- Que SEMPRE se sente atração por pessoas do mesmo sexo.
Uma pessoa com uma identidade e orientação diferente da heterossexual normalizada dentro do binômio de gênero (homem-mulher) começa a se sensibilizar em seus sentimentos de atração. Em seguida, vêm as dúvidas, a insegurança, os medos… uma etapa de confusão que deve ser gerenciada de maneira natural pela pessoa, o ambiente ao redor e a sociedade como um sistema do qual somos parte.
Por isso iniciativas como “In a Heartbeat” permitem que as pessoas compreendam e validem os sentimentos que as invadem e não sabem como colocar em ordem. Por quê? Porque o curta-metragem normaliza o amor e a atração, seja qual for o destinatário, seja qual for a orientação sexual.
Na maioria dos casos, passam-se anos até que alguém consiga assumir a própria orientação, bem como a normalização das emoções, pensamentos e comportamentos ligados à sexualidade. Não apenas passam os anos, mas também existem múltiplas barreiras que dificultam o trajeto adequado.
Essas barreiras começam por não terem sido moduladas pela aprendizagem social. A maioria das pessoas de orientação heterossexual sabe como são os comportamentos sexuais entre homem-mulher, mas podemos dizer o mesmo sobre as relações entre homem-homem, mulher-mulher?
Essa é uma prova de que as pessoas com orientação homossexual precisam começar do zero e têm que recorrer a “ambientes especiais” para explorar sua sexualidade. Ambientes que, além disso, levam implícitas restrições públicas de afeto ou de comportamentos sexuais diferentes do tradicionalmente aceito.
As tensões sócio-familiares são um vulcão em erupção que cospe constantemente verbalizações e comportamentos pejorativos, o que muitas vezes acaba sendo a origem da repressão da sexualidade, prejudicando a pessoa de forma que destrói seu crescimento.
Infelizmente, a realização e o sucesso de “In a Heartbeat” são notícia porque ainda na atualidade existem setores da sociedade que não compreendem e não toleram uma atração sexual diferente da tradicionalmente aceita (homem-mulher). É por isso que é tão importante que espalhemos tudo aquilo que mostre que, em relação à sexualidade, ainda há muito para entender e grandes batalhas para lutar.