A incapacidade de se defender diante de uma ameaça

A incapacidade de se defender diante de uma ameaça
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Alguma vez você ficou paralisado ou em estado de choque diante de uma ameaça? Nós pensamos que o normal seria reagir quando percebemos um grande perigo. No entanto, em muitas ocasiões surge uma incapacidade de se defender e não conseguimos mover nenhum músculo.

A seguir, vamos ver o que acontece nessas situações e por que os nossos músculos ficam paralisados quando o mais lógico seria utilizá-los.

Talvez você tenha tido um gato que, quando se assustava ou não queria saber de colo, ficava paralisado. Isso costuma acontecer quando eles são ainda filhotes, e trata-se de uma técnica de sobrevivência.

Eles se fingem de “mortos” para que, desse modo, o seu agressor deixe de prestar atenção neles e os abandone. Por isso, algo bastante similar acontece conosco, os seres humanos, em determinadas circunstâncias que provocam a incapacidade de se defender.

A função da amígdala diante das ameaças

A amígdala está localizada no cérebro, na parte interna do lobo temporal. Ela tem uma função muito importante em nosso sistema emocional, mas, especialmente, é a responsável por nos avisar quando estamos em perigo.

Não importa se a ameaça é interna (estamos sofrendo um infarto) ou externa (alguém se dirige a nós com uma atitude agressiva). Em ambas as circunstâncias, a amígdala é ativada.

A ação da amígdala no cérebro

O que acontece depois é que a amígdala envia determinados impulsos nervosos para diferentes áreas cerebrais para que sejam acionadas algumas funções corporais.

Desse modo, vai aumentar a nossa frequência cardíaca, chegará mais oxigênio aos nossos músculos, e vamos nos preparar para reagir e nos defender da possível ameaça, seja fugindo ou atacando.

A amígdala se ativa devido ao medo e dispara uma reação que envia hormônios à corrente sanguínea para que ela se prepare para a ação. Os sentidos ficam mais precisos, a respiração se agita e a memória fica mais vívida.

Com toda essa descarga de sensações, não poderia faltar a adrenalina. Ela participa de forma ativa dessa resposta para fugir ou enfrentar a ameaça, fazendo com que os nossos vasos sanguíneos se contraiam e que as vias aéreas se dilatem.

Ao mesmo tempo, existem muitas partes do corpo que vão estar inibidas neste momento. Elas são as responsáveis por tomar as decisões.

Por que não podemos tomar decisões em uma situação de perigo? Esta é uma consequência do estresse que toda essa ativação de alarmes em nosso corpo provoca, fazendo com que o nosso sistema nervoso decida agir de maneira instintiva para salvar as nossas vidas.

Aqui, o raciocínio pode ser um inconveniente, porque a prioridade é reagir com rapidez.

Por que a incapacidade de se defender aparece?

Considerando tudo que foi citado anteriormente, pode parecer estranho que surja essa incapacidade de se defender diante de uma ameaça, já que o nosso corpo se prepara para enfrentá-la. No entanto, devemos considerar a situação que está provocando em nós essa necessidade de proteção.

Se uma circunstância está ativando um trauma passado, ou é tão grave que nos leva a um estado de pânico, pode acontecer uma desconexão completa em nosso cérebro. Isso quer dizer que nós vamos ficar bloqueados.

Esta desconexão está relacionada com aquilo que conhecemos como despersonalização, um dos sintomas da ansiedade. De repente, nos sentimos estranhos em nosso próprio corpo, os sentidos e as emoções adormecem e ficamos completamente desorientados, agindo de maneira automática, como se fossemos robôs.

Falamos de uma forma de sobrevivência que nos ajuda a reduzir a dor e o sofrimento emocional que a situação pode nos causar. Nesta situação, não fugimos, não reagimos, não fazemos nada.

Mulher com incapacidade de se defender

A dissociação é um mecanismo que o nosso cérebro executa para nos proteger de uma situação onde ele entende que não existe saída. Por isso, “desconecta” a nossa mente da realidade para, desse modo, pôr uma certa distância de segurança que reduza o impacto emocional que a circunstância pode nos provocar.

Este tipo de reação costuma acontecer em muitas crianças que são vítimas de abuso, ou em pessoas que foram vítimas de repetidas agressões. Na verdade, a dissociação pode fazer com que elas tenham dúvidas sobre o que aconteceu e, inclusive, fazer com que pensem que imaginaram tudo.

A incapacidade de se defender diante de uma ameaça nunca deveria ser penalizada ou questionada, já que, conforme tudo que foi explicado, é uma reação completamente normal que tenta, de certa forma, nos proteger.

Dependendo da situação que estivermos enfrentando, pode ser que nós sejamos capazes de reagir ou que, devido a nossa história pessoal ou à gravidade do problema, fiquemos totalmente paralisados.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.