A indiferença assertiva, o que é e como funciona

A indiferença assertiva, o que é e como funciona
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 23 julho, 2020

A indiferença assertiva é uma nova expressão que começou a ser empregada no âmbito das relações amorosas. No entanto, pouco a pouco, o conceito tem sido utilizado em outros campos, demonstrando ser uma ideia interessante para gerenciar diversas situações.

Define-se como indiferença assertiva um comportamento que bloqueia voluntariamente qualquer tipo de reação externa frente a um determinado estímulo. Como se a situação não importasse ou não afetasse de forma alguma. Trata-se de uma conduta simulada. O objetivo é não revelar ao outro o que está sendo sentido.

“Onde quer que as pessoas se sintam seguras (…), elas sentirão indiferença”.
– Susan Sontag

O que se procura com a indiferença assertiva, em última instância, é não expor as reais emoções ao outro. A princípio, pode parecer uma forma de fingimento ou de manipulação. No entanto, é o oposto. A ideia é evitar mostrar as fraquezas ou fragilidades a fim de não ser manipulado pelos outros, em contextos nos quais existe um jogo de poder. Por esse motivo surge a qualificação de “assertiva” para caracterizar essa forma de indiferença.

A indiferença assertiva no campo amoroso

A vida de um casal às vezes é um mar de rosas, mas às vezes também é um campo de batalhas. Há muitos elementos de poder que estão presentes nela. Não nos referimos somente ao machismo que impera em quase todo o mundo. A mulher também age como figura de poder em muitas ocasiões.

Casal brigado

Um dos momentos em que isso se torna palpável é o que muitos chamam de “comparação”. Isso se dá quando um dos membros do casal quer provar quanta influência exerce sobre o outro. Ocorre principalmente no início do relacionamento. Também acontece quando o casal termina, sem muita convicção, e um dos dois quer medir as possibilidades que tem de tentar uma reconciliação.

É uma espécie de jogo de forças. Nesse caso, a indiferença assertiva pode ser uma boa resposta. Você finge que não sente nada, seja para evitar que a manipulação se concretize ou para impedir que se reinicie um vínculo que já acabou. Não é uma falsidade, mas uma tática para alcançar um bem maior.

Indiferença assertiva e vínculos conflituosos

A indiferença assertiva também é uma resposta adequada quando existem vínculos conflituosos persistentes. Um exemplo é quando você tem um(a) colega de trabalho com quem você tem diferenças sistemáticas que levam ao desconforto. Você já sabe que não vale a pena. Por alguma razão, para essa pessoa, é necessário provocar conflitos com você.

Se você perceber que o diálogo é impossível, a melhor opção é a indiferença assertiva. Implica não ceder a provocações, ignorar comentários ofensivos e, por fim, abrir mão de um vínculo real com essa pessoa. O objetivo é não oferecer uma resposta aos estímulos que são propostos e que, no final, só levam a situações ácidas e inúteis.

Com o tempo, a indiferença assertiva se transforma em uma maneira de desativar o comportamento nocivo do outro. Quando a pessoa perceber que não recebe reações no jogo insano que pretende implementar, cedo ou tarde abandona esse tipo de conduta, já que ela se torna ineficiente.

Uma ferramenta para evitar situações

A indiferença assertiva também é aplicável a situações de conflito do dia a dia. As diferenças com os outros fazem parte da rotina. Na maioria das vezes, tais diferenças são realmente insignificantes. No entanto, às vezes elas dão lugar a confrontos maiores. De uma forma ou de outra, constantemente temos que decidir se levamos a diferença a outro nível ou não.

Decidir adequadamente a que dar importância e a que não é algo que faz parte da assertividade. Essa assertividade é precisamente a habilidade social que permite defender seus direitos de maneira eficaz. Coloque um limite no abuso, mas para que seja efetivo, você também deve aprender a distinguir quando a essência dos seus direitos está em risco e quando não.

Reunião de trabalho

Nem toda situação conflituosa requer uma reação da nossa parte. Esse “deixar passar” faz parte da indiferença assertiva. Implica a avaliação em que se coloca na balança o que nos traz mais benefícios e menos consequências negativas. Responder à agressão de uma pessoa embriagada, por exemplo, só é valido se isso realmente colocar em perigo algum bem fundamental.

A indiferença assertiva é, então, uma ferramenta para gerenciar diferentes situações conflituosas de maneira inteligente. Às vezes, o melhor que podemos fazer é não fazer nada. De fato, ser capaz de não fazer nada quando convém é o que esse valioso conceito destaca.


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